Claro que pode escolher, mas pode também deixar surpreender-se porque, seja qual for o quarto, verá sempre o mar. Sempre. O Oitavos é um hotel de luxo e antes ainda de ser desenhado foi desejado que qualquer que fosse o espaço onde o cliente se encontrasse, veria o oceano. Mas das varandas dos quartos há muito mais para ver. O verde, a serra, o campo de golfe e o mar, sempre o mar.
Este é um projecto familiar, a confirmá-lo estão as fotografias antigas, sem molduras, penduradas praticamente à entrada do hotel construído com linhas direitas e elegante. A primeira é do médico Carlos Montez Champalimaud que comprou a Quinta da Marinha, em Cascais, na década de 1920 — à época, tinha uma extensão que ia de Cascais ao Guincho, 900 hectares, recorda o bisneto Miguel Montez Champalimaud, director-geral do Oitavos numa conversa com a Fugas. E o bisavô “teve a visão de uma cidade-jardim, para residências e turismo de luxo”. Por isso começou a plantar pinheiros, de maneira a estabilizar as dunas de areia. Depois, viajou até ao Reino Unido. “Então não existiam gabinetes de arquitectura em Portugal”, justifica o bisneto, foi lá que desenharam um projecto para aquela área.
Em 1937, o médico morreu e deixou a propriedade aos quatro filhos. Um deles, Carlos Sommer Champalimaud — também retratado no lobby do hotel —, obteve as primeiras licenças para desenvolver a quinta, construir estradas, as áreas residenciais da propriedade e fazer algumas infra-estruturas desportivas, entre elas o Centro Hípico, que actualmente tem mais de duas centenas de boxes para cavalos e escola de equitação.
Os projectos continuaram até à sua morte, em 2004. Antes disso, já começara a trabalhar com o filho Miguel Champalimaud, a quem coube desenvolver outras estruturas de lazer e desporto como um health club, um centro de ténis e o premiado campo de golfe Oitavos Dunes, além de outras áreas residenciais.
É Miguel Champalimaud que trabalha com os filhos na criação de um hotel diferente, de luxo, grandioso, com design contemporâneo e, ao mesmo tempo, familiar. É um projecto de família e esta procura estar sempre presente. “Viu um senhor mais alto do que eu?”, pergunta Miguel Montez Champalimaud, explicando que o pai gosta de marcar presença, de conversar com os clientes, de confirmar que tudo corre bem.
Todas as decisões foram tomadas em família, continua, em colaboração com o arquitecto José Anahory — a enorme estátua colocada no exterior, que acolhe os clientes, bem como as pequenas que servem de apontamento em cada piso e os quadros são todos deste arquitecto, escultor e artista. Foi em conjunto que decidiram como seria este projecto: completamente integrado na natureza, vidros enormes em vez de paredes para que tudo se possa ver, as dunas, o golfe, o mar, as casas vizinhas, a luz, o sol que se reflecte na água ao final do dia.
Um “y” na península
Miguel Montez Champalimaud mostra uma maquete onde se vê claramente que o hotel está numa península. De um lado vê-se até ao Cabo Espichel; do outro até ao delta do Tejo. O “y” desenhado foi a “forma inteligente para tirar partido” da geografia do lugar. Contudo, existem seis quartos onde é possível ver o nascer e o pôr do sol, são os que ficam nas pontas da letra grega.
As cores escolhidas também não foram por acaso e reflectem a natureza do local. O azul do Atlântico nas paredes, tectos e chão do quarto contrasta com o branco do mobiliário, da enorme cama cheia de grandes almofadas. O quarto tem uma dimensão fora do normal, 64 metros quadrados em open space, onde tudo cabe, da casa-de-banho integrada, com a base do duche, mais recolhida, à banheira estreita e rectangular exposta junto à janela. Pelo meio, ficam os dois lavatórios e um toucador. Este é um móvel que serve para tudo — de um lado, o toucador e o espaço para as toalhas e roupões; do outro a secretária, a televisão e a mesa de apoio onde a fruta, uns bolos e algumas bebidas dão as boas-vindas. Dadas as dimensões, este é um quarto para o qual pode, por exemplo, convidar os amigos para tomar uma refeição ou simplesmente para conversar, sentados no confortável sofá branco ou nas espreguiçadeiras dispostas na espaçosa varanda.
A familiaridade estende-se ao piso térreo, onde é possível entrar na cozinha para trabalhar com o chef Cyril Devilliers, numa iniciativa chamada Chef’s Table, onde a proposta é a de colaborar na confecção de um menu sugerido pelo especialista e, de seguida, degustá-lo — algumas entradas, um prato principal, algumas sobremesas, tudo acompanhado por uma selecção de vinhos adequada a cada prato. É preciso fazer reserva.
Para o restaurante Ipsylon, o chef faz uma escolha diária, onde o peixe e o marisco são presenças fortes, não estivesse o hotel situado junto ao mar. Também aqui, as propostas vinícolas são de saudar.
A oferta de restauração do Oitavos não se fica por aqui. Existe ainda um Japanese Bar, onde, de frente para os clientes, num enorme balcão, os chefs preparam as iguarias do país do sol nascente às sexta-feiras e sábados a partir das 19h. Fora do hotel, junto ao campo de golfe, fica o restaurante Verbasco, onde é possível comer pratos mais descontraídos, ao almoço, recriações da cozinha tradicional portuguesa e da internacional.
No Verão, junto à enorme piscina de água do mar aquecida funciona o Atlântico Pool Bar, com uma cozinha saudável e uma oferta de refeições leves, tapas, pastas e saladas. E, de regresso ao interior do hotel, os petiscos também fazem parte da lista do Ipsylon Bar.
Mas há vida para lá do edifício — onde existe ainda um spa e um ginásio, além de salas de reuniões. Lá fora está o campo de golfe com 18 buracos, desenhado por Arthur Hills e considerado um dos melhores do mundo — há zonas onde se vê a serra de Sintra; doutras, o Cabo da Roca —, o centro hípico, as bicicletes ou segways para se deslocar, bem como a possibilidade de fazer passeios pedestres pela Quinta da Marinha. No Verão, há um festival de música, o Oitavos Beats.
A variedade das pessoas que chegam ao Oitavos é muita, informa Miguel Montez Champalimaud — são as que vão jogar golfe, as que marcam presença para reuniões, mas também há clientes nacionais que aproveitam para uma “escapadela” de fim-de-semana. Muitos são de perto, de Lisboa.
A Fugas esteve alojada a convite do The Oitavos
- Nome
- The Oitavos
- Local
- Cascais, Cascais, Quinta da Marinha
- Telefone
- 214860020
- Horarios
- e
- Website
- http://www.theoitavos.com/