Adrian Bridge, director geral do grupo The Fladgate Partnership, não se cansa de repetir o slogan do hotel, "definir um destino": o The Yeatman pretende elevar a fasquia, ser considerado um dos melhores do mundo na vertente lazer e justificar, por si só, uma visita ao Porto. "Queremos ser um oásis dentro da cidade. Este é um sítio para estar no jardim, contemplar as vistas de copo na mão e pensar que a vida é bela", sublinha.
O grupo The Fladgate Partnership - detentor das marcas Taylor''s, Fonseca e Croft, entre outras - já tinha tido uma experiência na hotelaria de luxo - o Vintage House, vendido em 2002 à Douro Azul - e decidiu dar outro destino aos 85.000 m² ocupados por armazéns na zona histórica de Gaia. "Com este espaço, podíamos ter feito um hotel com 200 quartos ou um centro de congressos. Mas fizemos a aposta contrária e cerca de metade da área está ocupado com jardins", explica Bridge. Todos os quartos têm, pelo menos, 36 m² e varanda com vista para o rio Douro. Há estacionamento privativo, um spa com 2200 m², 11 salas para reuniões e eventos, uma biblioteca, um bar, área para crianças e uma enorme adega. Por isso, é fácil perceber porque é preciso tanto espaço.
Conforto tranquilo
Autenticidade, individualidade e respeito pelo ambiente: de acordo com Adrian Bridge - o grande mentor do projecto, ao lado do arquitecto Victor Miranda, colaborador de longa data do grupo -, estas são as suas três características essenciais. Passámos um dia no hotel, em busca de evidências destas características, e percebemos que há, acima de tudo, uma quase obsessão com os detalhes. Comecemos pelo princípio. Entra-se no The Yeatman pelo piso cinco e pelas traseiras (bem perto da estação de General Torres) e logo somos inundados pela luz vinda da clarabóia, em vidro. A decoração neoclássica tenta fazer-nos crer que este é um hotel que já existe há muitos anos e, apesar do luxo ser evidente, ele não é opressor. As paredes estão pintadas em tons pastel, suaves, enquanto que alguns dos elementos de decoração rasgam uma possível monotonia através das suas cores vivas - sentimo-nos numa casa senhorial britânica, com influências portuguesas.
O confronto entre o novo e o velho está implícito em quase todo o projecto: por exemplo, no exterior, as partes mais altas do hotel tentam "misturar-se" com os armazéns das caves que o rodeiam. Há quem se confesse incomodado com esta indefinição, mas duvidamos que muitos clientes pensem nisso. Aqui, é difícil não nos sentirmos em casa.
Percebemos isso ainda melhor nos quartos. Nas casas de banho, há pequenos detalhes em azulejo português junto ao chuveiro. O pavimento é aquecido e uma janela abre-se junto à banheira, permitindo vista directa sobre o rio. A cama king size é mais do que confortável e o silêncio é tranquilizador (a disposição do hotel faz com que nenhum dos quartos tenha "vizinho" de cima). A Fugas ficou instalado num quarto standard, mas também visitou uma master suite, com sala, cama inserida dentro de um tonel e uma espécie de jardim de Inverno antes da varanda. A suite VIP (760 euros por noite), em fase de acabamento, é ainda mais espectacular: fica mesmo por cima do spa, tem 140 m², lareira, jacuzzi e cama rotativa. Uma boa parte dos quartos é patrocinado por um parceiro vínico, que cede algumas peças para a sua decoração. Nos jardins, serão preservadas plantas em vias de extinção, regadas pela água da chuva ou de uma mina que passa por baixo do hotel. Boa parte da energia provém de painéis solares, instalados de forma discreta.
25 mil garrafas
É altura de dar um salto ao spa. Como não podia deixar de ser, são os vinhos quem mais ordena: os tratamentos estão a cargo da marca francesa de vinoterapia Caudalie e incluem banhos de imersão em barris, envolvimentos de mel ou vinho Merlot, massagens e tratamentos faciais. No total, há dez salas de tratamento, e esta área inclui ainda uma piscina interior panorâmica aquecida (que parece fundir-se com o rio Douro), ginásio com personal trainer, área de relaxamento com banho romano, sauna, banho turco e tepidarium. Espreitamos a piscina exterior e reparamos que é em forma de decanter - os pormenores vão até esta escala.
O restaurante do The Yeatman aposta na conjugação da gastronomia com o vinho. Para o liderar, foi contratado o chefe Ricardo Costa, galardoado com uma estrela Michelin em dois anos consecutivos (2009 e 2010), pelo seu trabalho no Largo do Paço, no hotel Casa da Calçada, em Amarante. Dando continuidade à mesma linha de rumo, os sabores tradicionais portugueses recebem um tratamento contemporâneo e criativo. Na cave, estão 25.000 garrafas, incluindo vinhos raros e de coleccionador - anuncia-se que será a maior adega inserida num hotel em Portugal e uma das mais completas no mundo no que toca aos vinhos lusos. Na sala das abóbadas (The vaulted room), decorrem todas as quintas-feiras jantares vínicos.
Adrian Bridge quer medir o sucesso do The Yeatman através da expansão do mercado turístico da região: se isso acontecer, então o hotel será bem sucedido. O luso-inglês acredita que o Porto é um destino de luxo perfeito, até pelo facto de ser relativamente desconhecido (apenas 15 por cento dos visitantes devem ser portugueses, uma percentagem que deve ser igualada por espanhóis, franceses e ingleses). O objectivo é recuperar o mais rapidamente possível os 32,5 milhões de euros gastos na construção do primeiro hotel vínico de luxo em Portugal.
Informações
O The Yeatman dispõe de 12 suites e 70 quartos de hóspedes, todos com decoração personalizada, televisão de alta definição com ecrã plano e acesso wi-fi. As tarifas de balcão começam nos 185 euros, em época baixa, e 290, em época alta, incluindo o pequeno-almoço. Em época baixa, uma noite numa suite, sem pequeno-almoço, custa pelo menos 320 euros. Se reservar a partir da Internet, pode conseguir preços mais baixos.
Como ir
Pode chegar ao The Yeatman a partir da A1, saindo da auto-estrada mesmo antes da Ponte da Arrábida (e seguindo as indicações para a Afurada), através do tabuleiro inferior da Ponte de D. Luís ou do centro de Gaia. Em todos estes casos, encontra setas para o guiar.
O que fazer e onde comer
Um hóspede sem problemas de liquidez pode passar uns largos dias "entretido" sem sair do hotel, especialmente no Verão. No entanto, será difícil resistir ao apelo da paisagem, que pede para ser explorada, o que pode ser feito tranquilamente a pé. As visitas às caves de vinho do Porto são, naturalmente, obrigatórias. No Cais de Gaia, há restaurantes para todos os gostos e ainda diversos bares. Atravessando a Ponte de Luís I, é possível aceder ao centro histórico do Porto, declarado Património Mundial da UNESCO. Na Ribeira, mesmo junto ao rio, pode saborear-se peixe fresco num dos inúmeros restaurantes disponíveis. O Palácio da Bolsa e a Casa do Infante estão mesmo ali ao lado. Utilizando o Funicular dos Guindais, é possível apreciar as vistas e chegar mais rapidamente à Sé do Porto, Torre dos Clérigos, Estação de São Bento e muitos outros locais de interesse no centro da cidade. Existe ainda a possibilidade de apanhar a linha um do eléctrico e seguir até à Foz, onde pode almoçar ou jantar com vista para o Atlântico. A administração do The Yeatman também salienta o facto de o Porto se encontrar a cerca de uma hora das regiões demarcadas dos vinhos verdes, Dão, Bairrada e, obviamente, Douro. Seguir rio acima, de barco, ou de comboio, até à Régua, é uma recomendação óbvia.
- Nome
- The Yeatman
- Local
- Vila Nova de Gaia, Oliveira do Douro, Rua do Choupelo
- Telefone
- 220133100
- Website
- http://www.the-yeatman-hotel.com