Impressiona, de facto sobretudo a imponência e a crueza destas paredes. Não vemos nada para além de pedra nesta igreja: há o altar-mor e o túmulo do fundador do mosteiro, em mármore de Estremoz. De resto, são apenas paredes altíssimas. Na sacristia, de onde podemos depois aceder ao coro alto, há um Cristo em madeira, do século XVI.
Já que estamos em Quinhentos, foi por esta altura que o mosteiro sofreu "a terceira grande campanha de obras", que viria a marcar "decisivamente" a sua feição.
O espaço foi ampliado: nasceu a Sala do Capítulo, "o novo claustro, mais alto e sólido que o anterior", o refeitório (onde hoje está instalado o bar da pousada), a cozinha (actualmente ocupada pela recepção) e os novos dormitórios. Foi também no século XVI que foram introduzidos no mosteiro toques renascentistas e mudéjares.
O edifício foi abandonado no século XVIII e nos finais do XIX parte da igreja desabou. Só a partir de 1940 foram feitos trabalhos de reconstrução. Na década de 90, o edifício foi reabilitado para a instalação da pousada o projecto é do arquitecto Carrilho da Graça.
Antes de voltarmos para dentro continua a chover, a propósito referência também para o núcleo de escultura do Museu Nacional de Arte Antiga, instalado no que era uma antiga despensa ou cavalariça, informa a guia. Agora sim, terminamos a visita e temos a tarde por nossa conta. E que tal se passássemos em revista os cantos mais importantes da casa? Pensamos num café no bar, para abrir as hostilidades. O espaço é bonito as abóbadas no tecto dominam todas as atenções, os sofás parecem confortáveis, há um piano de cauda e não está lá praticamente ninguém. Entramos e percebemos: na sala ao fundo, a do Capítulo, há um casamento (debaixo de chuva, mas diz o povo que se é molhado é abençoado...). Não é que a boda interfira com a vida dos restantes hóspedes, é mais ao contrário: temos a sensação de entrar numa festa sem convite.
Preferimos, por isso, subir as escadas que levam ao primeiro andar e instalamo-nos a ler na Sala da Torre. Há aqui uma enorme lareira e, confessamos, não percebemos por que não está acesa o dia presta-se a isso. Estamos sozinhos na sala, onde há mesas para jogos e um computador com ligação à Internet e, na antecâmara, uma mesa de bilhar. Estivesse a lareira acesa, insistimos, e não sairíamos mais daqui.
Ainda entramos na outra sala de estar música ambiente, uma TV de ecrã plano (desligada, ainda bem), sofás e cadeirões, duas ou três revistas perdidas e duas janelas que dão directamente para o olival mas ficamos pouco tempo. Vamos aproveitar uma aberta para um passeio (que será curto, a chuva volta dentro de momentos) pelos jardins. Cobiçamos a piscina, convocamos a Primavera e quase nos apetece roubar uma laranja das que crescem aqui.
Está quase a cair a noite. Entramos no quarto e não resistimos mais à preguiça. Afundamo-nos na cama, almofadas por todo o lado, e ficamos aqui, a olhar a chuva pela janela (a propósito, adoramos a janela e as namoradeiras). Não sendo luxuoso, é muito acolhedor, este quarto 202: a pedra na parede é meio caminho andado, é verdade, mas esta espécie de dossel dos tempos modernos que cobre a cama também lhe dá muito charme. São estes, aliás, os dois elementos que mais sobressaem na decoração sóbria do quarto. O resto é isto: sofás, uma televisão na parede, uma secretária, minibar e um candeeiro de leitura já agora, sentimos falta de uma iluminação mais forte no quarto. Que é coisa que não falta no generoso roupeiro que está na antecâmara. A casa de banho tem uma dimensão adequada.
- Nome
- Pousada Flor da Rosa
- Local
- Crato, Flor da Rosa, Mosteiro de Santa Maria de Flor da Rosa
- Telefone
- 245997210
- Horarios
- e
- Website
- http://www.pousadas.pt