Todas estas casas da velha aldeia da Timpeira chegaram já ruínas às mãos de Inês Albuquerque. Mas ela recupera-as ao ritmo que vai conseguindo, sem pressas nem pressões, mas com a certeza de que abraçou na Casa Agrícola da Levada o projecto para uma vida. Hoje algumas dessas ruínas são casas com todos os confortos da modernidade, com as salamandras e lareiras a aquecer as paredes de granito, e com um traçado e uma decoração que privilegia o aproveitamento da luz natural. Rústicas. E tão acolhedoras.
A casa começou a receber hóspedes em 2000, nos quartos da Casa Grande. Depois foi o prolongamento aos apartamentos independentes em que se transformaram a Casa da Eira ou a Casa do Meio. Eram casas de apoio à Casa Grande, e hoje são refúgios com pátios convidativos, daqueles onde apetece estar com uma boa companhia e um bom livro. E a casa onde era a garagem e o quarto do motorista é hoje a sala de jantar - ou a sala dos pequenos-almoços, só depende da hora em que lá alguém se junta. Falar dos pequenos-almoços torna-se agora, aqui, obrigatório. E lembrar os doces caseiros, o pão quentinho, o sumo natural e o esmero da dona Laurinda, a cozinheira da casa - é um exercício que traz um sabor agridoce: doce pelo que a memória conserva; e quase amargo porque não estamos lá neste momento.
A dona Laurinda, a dona Piedade e o senhor António são as pessoas que nos fazem sentir em casa. Transmontanos, asseguram, respectivamente, a cozinha, a lavandaria e os jardins. E são eles que, com Inês Albuquerque, procuram tudo para que nada nos falte. Inês é filha do actual presidente da Fundação da Casa de Mateus e diz que as melhores recordações que tem da sua infância são estas: poder andar pelos jardins, pelas vinhas e pelos pomares a "assaltar" as videiras e as maçãs. Agora, tenta oferecer aos seus hóspedes o mesmo.
Como se faltassem atributos e razões a esta Casa da Levada, e à região em que se insere, Inês de Albuquerque tem procurado outros motivos para justifi car a visita. Organiza workshops sobre plantas aromáticas, onde são ensinadas não só as técnicas para cultivar aquelas que se dão no Douro e no Alvão como também as aplicações práticas que podem (e devem) ter nas receitas do dia-a-dia. Não estivesse o Douro e a região demarcada do Vinho do Porto ali ao pé e os workshops sobre vinho não se tornavam tão óbvios. Assim, são quase um cliché, incontornáveis: há passeios organizados por altura das vindimas (quem nunca viu uma lagarada que atire a primeira pedra) e também se põe nas mãos uma tesoura a quem quiser ir cortar uvas... Quem estiver mais interessado em degustar e em fazer provas de vinho, também aqui encontra oferta. O Alvão é outra obrigatoriedade e a descoberta das cascatas e das piscinas naturais do rio Olo também.
Outra actividade que tem lugar na Levada são as residências de desenho, conduzidas pelos membros do projecto Slow mile. Foi com eles que a Fugas lá foi parar, e as recordações são as melhores. Estas residências destinam-se tanto a quem gosta e já sabe desenhar, como a quem nunca pegou num lápis com essa intenção. Organizadas na Primavera e no Outono, contemplam visitas à Casa de Mateus (e porque não roubar uma folha?), passeios no Alvão pelo trilho dos pastores, ou piqueniques junto às Lamas de Olo.
- Nome
- Casa Agrícola da Levada
- Local
- Vila Real, Nossa Senhora da Conceição, R. da Capela
- Telefone
- 259322190
- Website
- http://www.casadalevada.com