Fugas - hotéis

Fernando Veludo/Nfactos

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É uma casa com cheiro a infância, com certeza

Todas estas casas da velha aldeia da Timpeira chegaram já ruínas às mãos de Inês Albuquerque. Mas ela recupera-as ao ritmo que vai conseguindo, sem pressas nem pressões, mas com a certeza de que abraçou na Casa Agrícola da Levada o projecto para uma vida. Hoje algumas dessas ruínas são casas com todos os confortos da modernidade, com as salamandras e lareiras a aquecer as paredes de granito, e com um traçado e uma decoração que privilegia o aproveitamento da luz natural. Rústicas. E tão acolhedoras.

A casa começou a receber hóspedes em 2000, nos quartos da Casa Grande. Depois foi o prolongamento aos apartamentos independentes em que se transformaram a Casa da Eira ou a Casa do Meio. Eram casas de apoio à Casa Grande, e hoje são refúgios com pátios convidativos, daqueles onde apetece estar com uma boa companhia e um bom livro. E a casa onde era a garagem e o quarto do motorista é hoje a sala de jantar - ou a sala dos pequenos-almoços, só depende da hora em que lá alguém se junta. Falar dos pequenos-almoços torna-se agora, aqui, obrigatório. E lembrar os doces caseiros, o pão quentinho, o sumo natural e o esmero da dona Laurinda, a cozinheira da casa - é um exercício que traz um sabor agridoce: doce pelo que a memória conserva; e quase amargo porque não estamos lá neste momento.

A dona Laurinda, a dona Piedade e o senhor António são as pessoas que nos fazem sentir em casa. Transmontanos, asseguram, respectivamente, a cozinha, a lavandaria e os jardins. E são eles que, com Inês Albuquerque, procuram tudo para que nada nos falte. Inês é filha do actual presidente da Fundação da Casa de Mateus e diz que as melhores recordações que tem da sua infância são estas: poder andar pelos jardins, pelas vinhas e pelos pomares a "assaltar" as videiras e as maçãs. Agora, tenta oferecer aos seus hóspedes o mesmo.

Como se faltassem atributos e razões a esta Casa da Levada, e à região em que se insere, Inês de Albuquerque tem procurado outros motivos para justifi car a visita. Organiza workshops sobre plantas aromáticas, onde são ensinadas não só as técnicas para cultivar aquelas que se dão no Douro e no Alvão como também as aplicações práticas que podem (e devem) ter nas receitas do dia-a-dia. Não estivesse o Douro e a região demarcada do Vinho do Porto ali ao pé e os workshops sobre vinho não se tornavam tão óbvios. Assim, são quase um cliché, incontornáveis: há passeios organizados por altura das vindimas (quem nunca viu uma lagarada que atire a primeira pedra) e também se põe nas mãos uma tesoura a quem quiser ir cortar uvas... Quem estiver mais interessado em degustar e em fazer provas de vinho, também aqui encontra oferta. O Alvão é outra obrigatoriedade e a descoberta das cascatas e das piscinas naturais do rio Olo também.

Outra actividade que tem lugar na Levada são as residências de desenho, conduzidas pelos membros do projecto Slow mile. Foi com eles que a Fugas lá foi parar, e as recordações são as melhores. Estas residências destinam-se tanto a quem gosta e já sabe desenhar, como a quem nunca pegou num lápis com essa intenção. Organizadas na Primavera e no Outono, contemplam visitas à Casa de Mateus (e porque não roubar uma folha?), passeios no Alvão pelo trilho dos pastores, ou piqueniques junto às Lamas de Olo.

Nome
Casa Agrícola da Levada
Local
Vila Real, Nossa Senhora da Conceição, R. da Capela
Telefone
259322190
Website
http://www.casadalevada.com
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