Entre o momento da aquisição do edifício e a abertura das portas aos hóspedes, passaram-se três anos, tempo usado para encontrar todas as peças que compõem esta casa que se pode dizer verdadeiramente portuguesa - embora haja objectos oriundos de várias partes do mundo, as duas sócias tentaram comprar a maioria das peças, de mobiliário, decorativas ou utilitárias, em Portugal.
Como se estivessem a decorar o próprio lar, foram encontrando peça a peça, em lojas comuns, feiras ou antiquários, o que hoje compõe o hotel. "Por vezes em conjunto, outras vezes uma de nós via uma coisa que gostava e tirava uma foto para enviar à outra [com a pergunta] ''gostas?''; ''Gosto! Compra!'', dizia a outra". Houve ainda outras peças que foram criadas ali mesmo, no estaleiro da obra, como o caso de um sofá nascido de um andaime.
O certo é que são os detalhes que fazem brilhar os olhos de muitos hóspedes: "Houve um grupo de 12 amigos que vieram a Lisboa e que não se foram embora sem tirar fotografias ao espaço para depois mostrarem às respectivas esposas", conta Natalia. Vieram, sentiram-se bem e fizeram o check-out já com nova data marcada para regressar, mas desta vez acompanhados pelas famílias.
O gosto muito parecido que ambas têm acabou por resultar quase numa brincadeira de montar uma casinha: "A decoração de cada quarto foi emocional", até porque cada espaço é único, "e uma azáfama", relembra Edla.
Os 12 quartos revelam, por isso, uma decoração distinta, mas em qualquer dos casos pensada ao mais ínfimo pormenor: desde as mantas deixadas sobre a cama ou sobre os cadeirões de apoio até às fl ores que dão o toque final de romantismo a cada espaço ou as diferentes fragrâncias que perfumam os espaços. Em comum, a sobriedade dos vários elementos, o chão em tábua portuguesa ou as enormes portadas em madeira que ajudam a prologar o sono pela manhã.
Mas o facto de serem apenas 12 espaços de alojamento deixa pouca margem para o negócio ser verdadeiramente rentável, referem. Ao mesmo tempo, Natalia gosta da ideia de terem poucos quartos, o que, sublinha, permite criar uma ligação familiar com os hóspedes. Ainda assim, continua em cima da mesa a possibilidade de arranjarem outro edifício e até de criarem um restaurante.
Sorte seria se encontrassem um espaço com janelas semelhantes às que dão nome a este hotel: com vista. Sobre a Basílica da Estrela, mas que permitem ao olhar chegar ao azul do Tejo ou espreitar as ruelas de Lisboa que se estendem até ao Mosteiro dos Jerónimos. Mas não é isso o mais importante: mais do que as vistas, é o espírito que se vive nesta casa que conquista quem chega e é provavelmente esse o responsável pela relação quase umbilical criada ao fim de poucos dias.
Muitos revelam mesmo verdadeira pena ao abandonarem o hotel: "É como se a casa nos prendesse", constata Natalia. Além do mais, "a maioria entra aqui como hóspede" e, depois das conversas regadas que por vezes até se prolongam noite fora, "sai amiga", sublinha Edla. Prometem voltar e muitos, em apenas poucos meses desde a sua abertura, voltaram. E já como amigos, trazendo ainda mais amigos.
Preços (actualizado a 03.09.2011): Alojamento em quarto duplo com pequeno-almoço a partir de 90 euros; casa completa desde €1450.
- Nome
- Casa das Janelas com Vista
- Local
- Lisboa, Santa Catarina, Rua Nova do Loureiro, 35
- Telefone
- 213429110
- Horarios
- Todos os dias
- Website
- http://www.casadasjanelascomvista.com