Fugas - hotéis

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Uma casa de cortiça num eco-Alentejo

Por Mara Gonçalves ,

Assume-se como o primeiro hotel no mundo cujo edifício principal é revestido a cortiça. Um cartão-postal no centro das atenções de um projecto que se ergue em três palavras-chave: Alentejo, sustentabilidade e design.

É a estrela da companhia e a primeira construção que nos surge à chegada, mas a verdade é que o seu dorso escuro quase passa despercebido, camuflado entre oliveiras e sobreiros (até será essa a intenção, contar-nos-á pouco depois o director do hotel). O tecido que cobre a árvore-postal do Alentejo veste aqui o edifício principal, num manto castanho-acinzentado que dá o nome e o conceito ao Ecorkhotel Évora Suites & Spa. Além do carácter inovador — “é o primeiro hotel do mundo com este revestimento”, assegura Manuel Policarpo —, a cortiça é um material “100% natural”, com “benefícios energéticos e acústicos” e que “se identifica com o montado alentejano”, enumera o responsável.

A unidade hoteleira, inaugurada há um ano e meio a cerca de sete quilómetros do centro de Évora, quer valer-se sobretudo pelos seus atributos ecológicos e de sustentabilidade, aliando as raízes regionais a um ambiente contemporâneo. Directrizes que pautam cada pormenor, desde a construção à decoração. “Estamos no meio do Alentejo, uma região com elevado património arquitectónico e ambiental, por isso achámos que fazia sentido apostar num eco-hotel”, conta o empresário.

Para não destoar da paisagem, por exemplo, a unidade turística expande-se horizontalmente, numa arquitectura contemporânea e minimalista, acompanhando o suave declive da planície. O edifício principal concentra os serviços e espaços públicos do hotel, desde a recepção ao restaurante, do spa à piscina exterior (escondida no terraço), enquanto as suites se distribuem numa “aldeia” de casinhas brancas, que nascem de forma ordenada a poucos passos de distância. As ruas empedradas vão desenhando o bairro de 56 villas, cada uma com 70m2, divididos pelo quarto, sala (algumas com kitchenette integrada), casa de banho e um terraço privativo, que convida a estadas prolongadas numa das espreguiçadeiras de pano.

A decoração, tanto nos espaços comuns como nas suites, é sóbria, moderna e em tons neutros, com discretos mas constantes pormenores rústicos, como por exemplo o chão de tijoleira, alguns bancos e mesas feitos com troncos de árvores e várias peças típicas da região, em cortiça ou em barro. E se as vistas se encurtam no terraço dos quartos (abertos mas erguidos de forma a manter a privacidade, com algum jardim em frente mas interrompido pela suite seguinte), as panorâmicas sobre o montado alentejano alargam-se junto à parede envidraçada do restaurante (onde, ao pequeno-almoço, a neblina matinal de Inverno tem outro encanto) e, sobretudo, na cobertura do edifício principal, que inclui uma infinity pool, um bar de apoio e diferentes zonas de estar (e de bronzear, muito, no Verão). Infelizmente, quando lá estivemos o frio não permitia grandes estadias ou mergulhos (até porque a área só está “em funcionamento” durante os meses de calor), mas o pátio interior, no piso térreo, é uma simpática alternativa.

Ao longo da propriedade, o jardim convida a pequenos passeios por entre as plantas autóctones, com destaque para as dezenas de sobreiros, azinheiras e oliveiras centenárias, ou pela horta biológica, em frente ao restaurante, que fornece os ingredientes para os diversos workshops de cozinha organizados regularmente no hotel. Entre as suites, há ainda um bicicletário, de acesso livre, com velocípedes para pequenos e graúdos explorarem percursos mais distantes. O que não encontrará por aqui é um quadrado de relva que seja, apesar de algumas queixas de clientes. “Não queríamos ter um oásis no Alentejo”, justifica Manuel Policarpo.

A sustentabilidade

O Ecorkhotel define-se como um eco-hotel (certificação que chegou em Novembro, atribuída pela TÜV Rheinland Portugal), apostando aí a sua imagem enquanto factor diferenciador.

Por isso, além da utilização da cortiça no revestimento — que, entre outras vantagens, permite “um ganho de 10ºC de temperatura quer no Verão quer no Inverno”, avança o responsável —, o edifício principal foi erguido tendo em conta o uso de geotermia no aquecimento das diferentes alas e piscina interior. Já a central fotovoltaica (onde desembocam as ruas das suites) tem capacidade para produzir metade da energia consumida no hotel e as águas “cinzentas” e da chuva são tratadas e reutilizadas na rega.

A sustentabilidade é “um exercício transversal” na unidade, sublinha Manuel Policarpo, avançando que os funcionários são quase todos da região, assim como as empresas parceiras, os materiais utilizados durante a construção do hotel ou os produtos confeccionados no restaurante. Até na carta de vinhos, onde só encontrará marcas portuguesas, “85% do Alentejo”, garante.

Nome
Ecorkhotel Évora Suites & Spa
Local
Évora, Évora (Sé e São Pedro), Apartado 341
Telefone
266738500
Website
http://www.ecorkhotel.com/
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