É um resort de sonhos: dos que caíram por terra e dos que se reergueram frente ao mar. O Colombos é o novo luxo Pestana em Porto Santo, interligado com o hotel que o grupo já possuía ao lado. É como dois hotéis num só resort e em regime tudo incluído. Das muitas piscinas, restaurantes e serviços à praia tamanho-mundo venha o prazer e escolha...
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A passadeira vermelha de Porto Santo é dourada. São os seus 9km de praia, linha contínua de areias finas protegidas por grandes dunas e rematadas por um mar temperado por águas calmas e cristalinas. Deitados na areia, os olhos vão de ponta a ponta admirando a amplidão ao sabor de uma brisa algo mais forte (mas ainda assim, morna) do que a que por aqui é lei. Desta posição preguiçosa, o que os olhos não vêem é o nosso quarto. Nem, aliás, nada do luxo do novíssimo hotel que aqui nos traz, o Colombos Premium Club, obra monumental - cujo projecto global dava um filme, mas já lá vamos - que, baptizado com o nome do navegador cuja passagem por Porto Santo nunca é esquecida, se prolonga em construção baixa frente ao mar, atrás do extraordinário cordão dunar.
Este Colombos, inaugurado este mês, é um remate premium e com "tudo incluído" de outro hotel que vive no mesmo regime e fica a dois passos, o Pestana Porto Santo. Com ambas as unidades a serem geridas pelo maior grupo hoteleiro português, é fácil de adivinhar que este "é um só resort mas com dois hotéis", como nos resume o director, João Martins. Entre fugas à magnética praia, havemos de passar a estada entre os dois portais e a sua miríade de atracções: um salto a uma das muitas piscinas ou mais uma ida aos snacks disponíveis todo o dia?, mais um cocktail ou espera-se para provar um dos vários restaurantes (e, aqui, italiano ou o infinito serviço bufett ou vamos para o peixe grelhado do Madeirense ou...), uma escapada ao spa ou batemos umas bolas num dos campos desportivos?...
É o maravilhoso mundo do tudo incluído em que, deixadas as preocupações do orçamento pré-reserva, as propostas se abrem como um puzzle quase infinito. Mas esse quebra-cabeças só o iremos destrinçar daqui a pouco. Para já, a única preocupação é como reerguer o corpo destas calorosas areias e caminhar a meia dúzia de passos que nos levarão pela ponte de madeira que separa a praia e as dunas até à descoberta do Colombos que nos protege.
O "milagre" de Colombos
Em 2008, o grupo Pestana abria o seu resort em Porto Santo, frente à praia, marcado por linhas de vilas e rodeado por um jardim tropical de 30.000 m2 e por onde se serpenteia entre inúmeros espaços de lazer e serviços ou piscinas que incluem "canteiros" de flores nas águas. Aqui, os turistas (grande parte deles britânicos e portugueses) passam o tempo a usufruir do regime tudo incluído, o único disponível. São 328 alojamentos de tipologias várias que, quando por aqui passámos, estavam praticamente todos ocupados, criando o ambiente de uma verdadeira cidade turística.
Ao lado deste Pestana, andou-se anos a construir um projecto de verdadeiras dimensões megalómanas: seria um centro turístico em versão quase Las Vegas by the beach, ao longo de 150 mil metros quadrados, que chegaria a 1500 unidades de alojamento, incluiria casino ou spa e centro de congressos tamanho gigante. Depois de anos de construção e impasses, a construção parou em 2009 deixando esqueletos de betão frente ao mar, milhões de prejuízos, a insolvência do promotor (Sociedade Imobiliária e Turística do Campo de Baixo, do grupo Siram). Uma mancha na paisagem e no turismo. Dos bancos credores, a bola passaria recentemente para um fundo de risco da ECS Capital que recorreu a uma solução à ovo de Colombo e chegou a acordo com o grupo Pestana, que assim assumiu exclusivamente a gestão hoteleira (de parte imobiliária do antigo projecto) durante os próximos cinco anos.
É a nova vida deste Colombos que se celebra e que o próprio presidente do Governo Regional, Alberto João Jardim, apelidaria de "milagre" na cerimónia de inauguração do empreendimento. E é assim que, localizado mesmo ao lado do veterano Pestana Porto Santo, se estreia este Pestana Colombos Premium Club, mais selecto e minimal que o "irmão" mais velho, mais reservado (também mais caro, "em média, mais 15%", segundo João Martins) mas, hélas, que dá direito aos hóspedes a utilizar tudo o que existe em ambos os espaços.
O factor uau!
À chegada, ainda arrastando as malas, o Colombos, erigido em edifícios de baixa estatura e que assumem o tom amarelado das areias que o acolhem, impressiona pela largueza das suas áreas. Talvez o seu arquitecto, o catalão Ricardo Bofill, cujo atelier assina centenas de obras de impacto em todo o mundo, incluindo em Portugal o Atrium Saldanha ou o Funchal Centrum, se tenha inspirado na vastidão da praia e cordão dunar. São como umas dunas de linhas rectilíneas que se elevam, faraónicas.
Logo na recepção, no edifício principal, a sala lounge assume dimensões aeroportuárias, incluindo jardins de pedras e cactos ou salas de leituras e de jogos no piso superior. Para onde quer que se olhe, as áreas são muito generosas. "No pátio exterior" - um epicentro marcado por jardins de velhas oliveiras e ladeado por escadarias hollywoodescas -, "poderiam estar umas 500 pessoas e diríamos que estava composto", exemplifica João Martins.
O nosso quarto também tem um santo tamanho. O primeiro uau! deste hóspede não é para a praia, nem para o lounge, nem para o pátio. Confissão: abre-se a porta do quarto, os olhos seguem para a porta de vidro e varanda e até aos montes e nesga de mar, percorrem a imensa cama, admiram os tons neutros sem sobras de kitsches e... param na banheira oval, branquinha, que ocupa o quase centro do quarto, rodeada de cortinas translúcidas (eis o uau!). Pelo espaço, ainda um quarto de duche com direito a banco na parede, outro sanitário, secretária e os habituais equipamentos mas em versão topo-de-gama.
Neste resort que se quer tão luxuoso quanto familiar - não há por aqui vestígios de grupos em movida alcoólica nem registo disco, até porque não há atracções para tal -, a grande divisão identitária dos dois hotéis é precisamente no conceito de família: enquanto o mais antigo prima pelos casais com filhos e grupos familiares em ambiente festivo, o Colombos, pela sua sobriedade e maior intimidade (são 100 quartos, incluindo quatro suítes, entre, respectivamente, os 44m2 e 111m2 - em 2014, já estarão também disponíveis 74 apartamentos e 10 moradias com piscina privativa), prima pelos casais em ambiente que pode ser mais romântico.
No Colombos em si, havemos de passar o tempo entre sonos e entre o restaurante de serviço bufett - com direito a showcooking e uma cozinha imaculada com dezenas e dezenas de propostas -, o bar calminho para os aperitivos e digestivos, o espaço de snacks e gelados aberto todo o santo dia, a piscina interior e bela piscina exterior que contorna a fronteira com as dunas e é sublinhada por um bar pronto para todo o serviço. De pulseirinha sine qua non no pulso, é um fartar de aproveitar tudo o que um "todo incluído" oferece. "É um descanso, não é?", sorri o director João Martins.
Mas este ovo de Colombo tem essa tal mais-valia que lhe faz duplicar a gema e a clara: é que ao lado, temos o outro resort e também podemos usar absolutamente tudo. E, a caminho, por um acesso pedonal de meia dúzia de metros, é apreciar a cozinha gourmet e à la carte do restaurante Madeirense (do bolo do caco à vitrine com peixe do dia para grelha, é escolher), seguir para o spa ou ginásio, deixar os miúdos, a havê-los, todo o dia à guarda e animação do parque e clube que lhes é reservado, dar umas braçadas numa das várias piscinas ou ficar pelo jacuzzi.
Depois, entre águas salgadas e doces, é tomar um copo num dos muitos bares (ou mesmo no que se alonga em terraço sobre a praia), experimentar o italiano Luigi (o risotto com tinta de choco cai muito bem após um mergulho) ou terminar a noite no Sunset, bar para onde todos se encaminham a fechar a noite e que inclui música ao vivo, alguma dança e demais espectáculo. Há mais a descobrir e para a próxima temporada (o complexo abre apenas de Maio a Outubro) sabe-se já que haverá novos restaurantes: um mediterrânico gourmet e outro marroquino.
Preguiça incluída
A meio de uma tarde quente, vamos passeando pelo resort e o espaço é como um imenso solário, com centenas de turistas em posição quase única: a da espreguiçadeira (seja na piscina, nas dunas ou na praia). Não seria difícil convencer-nos a passar aqui uma semana como lagartos (ou lagostas, que os britânicos têm uma certa tendência para avermelhar o ambiente), sem sair do mesmo sítio. Mas será que os turistas saem? Alguns, pelo menos, sim. O que é fácil de descobrir: é olhar para a pulseirinha no pulso...
A ilha é um manancial de atracções naturais e seria um desperdício não lutar contra a preguiça "toda incluída". É pelo menos isso que dizemos também a nós próprios enquanto o braço sobe no ar para cobrir aquele raio de sol e ganharmos forças para pedir o cocktail...
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Informações
Pestana Colombos Premium Club *****
Estrada Regional 120, Sitio do Campo de Baixo
9400-242 Porto Santo - Madeira
Tel.: 291144050 www.pestana.com
Em 2012, está aberto até ao Outono. Em 2013: temporada de Maio a Outubro. Os preços promocionais apresentados online começam em 170€ por noite (quarto duplo, casal, há suplementos para crianças) em reservas antecipadas (desconto depende do número de dias anterior à chegada). O preço por noite depende da época (alta: 22 de Julho/25 de Agosto). O sistema tudo incluído permite o acesso a restaurantes (bufett e à carta), piscinas e espreguiçadeiras, bares de bebidas e snacks, acesso gratuito a Internet, spa e ginásio, campos desportivos, clubes para crianças e adolescentes, salas de jogos ou leitura e Internet, serviço de transporte para Vila Baleira ou várias actividades ao longo dos dias.
Como ir
A TAP tem cinco voos por semana (até Setembro), sendo os voos directos via Lisboa. Preços promocionais a partir de 75€ a ida (com taxas) - o valor por voo, conforme os dias, pode chegar a cerca do dobro. Outra opção será voar via Funchal (um voo de pouco mais de 10 minutos, pela SATA, faz a ligação ao Porto Santo). Também há ferry (www.portosantoline.pt) entre as duas ilhas
__ A Fugas viajou a convite do grupo Pestana e da TAP