Fugas - hotéis

O Algarve do campo à beira da praia

Por Cláudia Carvalho ,

Tratam-nos nas palminhas - como esquecer a limonada fresquinha assim que chegamos e o luxo que é não ter horas para o pequeno-almoço? Temos piscina, natureza que nunca mais acaba e um sossego que não parece deste mundo. Apenas seis quartos fazem toda a diferença numa guest-house, acreditam os proprietários.
Há coisas que por vezes achamos que só vemos nos filmes - por cá, se calhar mais nas novelas. Chegar ao Algarve quando o calor mais aperta e sermos recebidos assim que estacionamos o carro, depois de uma viagem de pouco mais de duas horas, por uma senhora simpática de bandeja na mão com uma limonada fresca é como se nos tivessem lido os pensamentos. É que nem tempo tivemos para pedir alguma coisa. Não foi preciso. E o melhor é que isto acontece num lugar que em tudo nos faz lembrar um oásis no deserto.
 
Quase nos questionamos se estamos mesmo no Algarve e em pleno Verão, mas sim, é verdade. Não nos enganámos. Em Lisboa virámos para Sul em direcção a Faro, passámos por Estoi e seguimos então as várias indicações que nos levam para o Monte da Lua. Chegámos até a ver o mar mas foi para a serra que virámos. Entrámos numa estrada de terra batida, passámos algumas casas e só depois disso, ao fundo de tudo, encontrámos esta guest-house que abriu no início deste ano.
 
Da estrada não vemos nada para o interior mas percebemos que é grande, reservada e longe o suficiente do mundo. O portão roxo por onde passamos esconde uma mansão que logo nos conquista o olho, quer pelos seus muitos espaços verdes, quer pela piscina, como mesmo pela própria casa. Antes de vermos os quartos - existem apenas seis -, somos convidados a conhecer o espaço, repleto de zonas de descanso. Há espreguiçadeiras, sofás e camas de rede, mas também muita relva para nos deitarmos. E o espaço é tão grande que mesmo com seis quartos é quase certo que conseguimos estar sozinhos.
 
Não é por acaso que o Monte da Lua se promove como o Algarve mais calmo. Esta não é uma casa de praia mas uma casa de campo em plena comunhão com a natureza. De dia ouvimos as cigarras e procuramos os pássaros, à noite ouvimos os grilos e vemos as estrelas. Mas se quisermos dar uns mergulhos a praia também não está longe, ou não estivesse esta casa a poucos quilómetros do Parque Natural da Ria Formosa. Em Olhão, a cinco minutos de carro, apanha-se o barco para as ilhas de Faro, da Culatra ou da Armona. De Faro, não muito mais longe, vai-se para a ilha do Farol ou para a Deserta - a nossa preferida. Se quisermos andar um bocadinho mais temos Santa Luzia, logo às portas de Tavira, onde há um barco que faz a ligação à praia da Terra Estreita - também experimentámos e recomendamos.
 
"Estamos a viver um período de grande pressão e aquilo que notamos é que as pessoas procuram passar um fim-de-semana ou umas férias tranquilas, longe da confusão do dia-a-dia. É verdade que já existem muitas casas assim mas não com este conceito - mais do que termos um lugar sossegado, queremos oferecer às pessoas o requinte do campo a minutos da praia", diz à Fugas o proprietário Carlos Gonçalves, para quem este tipo de turismo já existe muito no Alentejo e no Norte do país mas não no Algarve. "Unidades como esta com apenas seis quartos praticamente não existem nesta zona. Aqui o que se vê mais são as grandes unidades hoteleiras e os resorts", continua.
 
Teresa Gonçalves, mulher de Carlos, explica ainda que a grande vantagem de ter apenas seis quartos é que possibilita um atendimento personalizado. "Esta foi sempre a nossa ideia. Os seis quartos permitem-nos perceber o que as pessoas querem", diz, destacando que até abrirem o Monte da Lua o casal não tinha qualquer experiência em hotelaria. "Sabemos como gostamos de ser recebidos e é isso que aplicamos aqui", explica a Teresa, sublinhando que só assim consegue garantir "um turismo rural de qualidade".
 
"Queremos que as pessoas se sintam em casa. Podem estar na sala a ler um livro ou uma revista, podem dormir na cama rede ou podem até nem sair do quarto", continua, ditando apenas uma regra: "Não podem é perturbar a tranquilidade dos outros."
 
E quando dizemos que esta é a única regra, estamos mesmo a dizer a verdade. Aqui, por exemplo, não há horas marcadas para o pequeno-almoço. "As pessoas tomam-no à hora que lhes apetecer, para horários basta quando trabalham", diz muito depressa Teresa, explicando que também na saída não há pressas. "Se o quarto não estiver reservado, as pessoas podem ficar até quando quiserem. E mesmo que os quartos fiquem ocupados, quem cá esteve pode aproveitar o dia aqui."
 
A avaliar pelo que nos diz este casal que trocou Lisboa por este projecto no Algarve, a aposta está a resultar. "Temos tido uma taxa de ocupação de quase 100%, já tivemos até de reencaminhar algumas pessoas e outras que cá estiveram, já voltaram entretanto", conta Teresa, explicando que são tanto procurados por portugueses como por estrangeiros. "Mas essa é a nossa aposta, queremos os dois mercados aqui", interrompe Carlos, para quem este tipo de turismo é uma tendência, uma vez que "as pessoas procuram a tranquilidade e procuram o Algarve". "É isso que oferecemos aqui."
 
A Fugas esteve alojada a convite do Monte da Lua
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Como ir
Se vier na A2 em direcção ao Algarve, deverá entrar na A22 (Via do Infante) em direcção a Espanha. Sair na saída para Faro/Estoi. Em Estoi seguir na direcção de Moncarapacho. Nesta estrada, ter atenção à placa indicativa do Monte da Lua. Anda cerca de 2km e terá uma nova placa do Monte da Lua para a direita. Entra numa estrada de terra batida e passados 800m encontra a guest-house.
 
Se vier na Estrada Nacional 125, saia em Olhão, na placa de Estoi/S. Brás. Depois siga sempre em frente em direcção à estrada Estoi-Moncarapacho. Antes de chegar a esta estrada, encontra a placa do Monte da Lua.
 
Onde comer
Além do pequeno-almoço, no Monte da Lua também servem refeições. Basta apenas combinar com os responsáveis. No entanto, nós aproveitámos para conhecer a região. Se for um apreciador de polvo, vá a Santa Luzia à Casa do Polvo. São mais de dez pratos, sem contar com as entradas - as patanistas de polvo são muito boas. O difícil aqui é mesmo escolher mas é certo que é bom. Em Olhão estivemos na marginal, ideal para petiscos como amêijoas mas também para comer um bom peixe grelhado. Depois de perguntar a várias pessoas, percebemos que O Horta e O Bote são os preferidos daqui e os preços são bem acessíveis. Se estiver disposto a gastar mais dinheiro, na ilha Deserta existe apenas um restaurante, o Estaminé, onde se come um peixe grelhado que é uma maravilha. Comemos um robalo fresquinho que ainda hoje nos faz saudades.
 
O que fazer
Sendo este um turismo de natureza, além das praias, pode aproveitar a localização do Monte da Lua para fazer por exemplo caminhadas. O Algarve tem 34 percursos pedestres, dos quais nove se encontram a um raio de 20km de distância. Se preferir as bicicletas, Carlos e Teresa podem agendar-lhe um passeio, sem que tenha de se preocupar com nada. O técnico e o material vão ter consigo ao Monte da Lua. Assim como podem ajudá-lo a agendar uma sessão de birdwatching, uma prática que tem cada vez mais adeptos nesta zona.
Nome
Monte da Lua
Local
Faro, Estói, Quelfes
Telefone
213303723
Website
http://www.montedalua.net
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