Há novidades para os lados da rede Ibis. Especialmente pelo novo hotel que esta económica chancela abriu no Parque das Nações, território onde a hotelaria poupada é parca. Mas o centro de todas as atracções, para além do design e espaços modernizados, é mesmo a cama.
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Esta noite, esquecemos luxos, hotéis com mil e um serviços, tardes no spa ou à mesa do chef. Ou até a criatividade contagiante dos hostels lisboetas. Estamos no novíssimo hotel da gigante Ibis em Portugal que, por fim, 15 anos após a Expo 98, estreou este Verão a sua âncora na zona. Com a FIL como vizinha imediata, o Ibis Parque das Nações quer ser não só "o hotel mais barato" das redondezas (o que significa preços entre os 50/60€ para um duplo) como também mostrar como a chancela se tem renovado nos últimos anos, com novos designs, quartos ou espaços públicos, sendo o primeiro hotel luso desta rede quase quarentona (cumpre os 40 em 2013) a seguir as premissas actuais.
O hotel vive num edifício moderno de sete pisos, construído de raiz (um investimento calculado em 10 milhões de euros), que, às noctívagas horas a que chegámos, rebrilha em urbanas e calorosas iluminações. À entrada, pressente-se a tal modernidade da reformulação a que a Ibis se tem dedicado nos seus quase mil hotéis por todo o mundo desde há dois anos. Célebre pelo pioneirismo em criar uma cadeia hoteleira económica, a insígnia de matriz francesa tornou-se sinónimo de alojamento prático e acessível. E a que mais não se pede.
Mas hoje pede-se sempre mais e os hóspedes querem, para além dos básicos - mesmo que estes sejam eficiente e justamente servidos -, alguns rasgos de criatividade. É por isso que na recepção somos recebidos em registo high tech, com dinâmicas projecções na parede, uma inovação em estreia lusa: um "ecrã" transmite informações úteis, preços, ofertas especiais, meteorologia, tudo em registo rápido e telejornalístico. É um sinal aos hóspedes que algo por aqui está a mexer e o primeiro impacto com o novo conceito de espaços públicos Ibis - que têm a assinatura do arquitecto francês Philippe Avanzi (com muita experiência em design para as massas: desenvolveu, por exemplo, os novos interiores da McDonald"s na Europa).
O piso térreo prossegue no mesmo registo de abertura, contrastando materiais (com a madeira a impor solidez), cores e grandes imagens. Abre logo para um espaço Internet, segue para lounge com longos sofás, desenvolve-se em zona relax com cadeiras de baloiço ou bancos em forma de peão de xadrez e continua em espaço aberto de restauração e bar. "O lobby é pensado para o cliente se sentir à vontade, sem se sentir agredido ou obrigado a consumir", há-de explicar-nos a directora do hotel, Sylvie Lopes. Já cá voltaremos. Entretanto, é hora da pedra-de-toque da "nova" Ibis: o quarto, ou, até melhor dizendo, a cama.
Sweet beds are made of this
O quarto é simples e eficiente como mandam as regras da marca. Nesta nova unidade, há 122, todos iguais nos seus 15/16m2 (a excepção são os três quartos adaptados para pessoas com mobilidade reduzida), climatizados e insonorizados, com armário, secretária, tv, wc (sem produtos extra, apenas um gel-champô 2-em-1, que aqui não há direito a levar souvenirs-wc para casa) e bênção da Internet sem-fios grátis. Não há luxos, claro. Tirando as boas vistas que as janelas emolduram em pequenos postais (pelos corredores ou pelo quartos vamos captando nesgas do Parque das Nações, entre os modernos centros de escritórios, FIL ou rio e ponte) e, lá está, a derradeira aposta da chancela: a cama. Criada e desenvolvida exclusivamente para a Ibis, garantem-nos uma e outra vez ser "ultraconfortável", graças à sua estrutura cirurgicamente planeada e testada (o estrado flexibiliza-se para adaptar-se ao movimento do corpo), ao seu colchão ("high tech", que "suporta os pontos de densidade corporais") e sobrecolchão, ao edredão e almofadas ("com têxteis 3D microventilados para máxima higiene").
Contra a má fama das camas de muitos alojamentos baratos, marchar, marchar. E o marketing Ibis parece exímio em fazê-lo. O certo é que este que vos escreve ficou conquistado: a cama cumpre todas as promessas e é mesmo um ninho confortável. Não terá sido em vão que a baptizaram oficialmente de "Sweet Bed". A directora do hotel garante-nos que é mesmo um êxito. A tal ponto que, quando a marca começou a usar a cama na sua cadeia, não estavam a pensar comercializá-la para o exterior. "Começámos a receber muitos clientes interessados e decidiu-se criar um site onde se pode comprar a cama", informa-nos (o site é www.ibisstore.com e quando lá passámos a cama dupla custava 1350€).
Para as suas duas estrelas oficiais (mais uma questão de imagem "económica", que, como garante a directora, as auditorias permitiriam as três estrelas), esta cama é mesmo um luxo. Mas, com o sono reparador garantido e a bom preço, até se encontra outros predicados por aqui, não tão comuns assim, como é o caso do serviço de bar e restauração disponível 24 horas por dia (e não falamos de serviço de quartos ou minibar pagos a peso de ouro).
Bacalhau, 5 a.m
"A qualquer hora do dia, o hóspede pode vir e comer ou beber algo", explica-nos Sylvie Lopes. E isto significa mesmo um arroz de pato à meia-noite ou um bacalhau às 5h da manhã. O balcão de bar e restauração em espaço lounge está aberto 24 horas por dia, sete dias por semana. É outro dos novos serviços em estreia, o Ibis kitchen lounge. E, pelo que espiámos e experimentámos, a preços muito razoáveis. "Não há nenhum prato principal acima dos 9 euros", diz-nos Sylvie.
Não se espere grandes menus gourmet mas uma cozinha prática, simples e rápida. Há sanduíches, saladas, sopas, alguns pratos principais de tradição portuguesa. Com uma equipa pequena a trabalhar no hotel, até se cria um certo ambiente familiar. Às 2h da manhã, é o jovem recepcionista Humberto que nos acolhe cheio de energia e nos serve uma tosta mista sem mácula.
O pequeno-almoço segue o mesmo registo, mantendo a simplicidade, entre iogurtes, sumos, cereais, pães e bolos, cafés, leites, etc.
É esta a chave da Ibis: como reforça a directora, "mantendo sempre o lado de económico", os hotéis da rede tentam "superar as expectativas dos clientes" jogando com uma fórmula que conjuga preço, conforto ou segurança. Para fortificar ainda mais essa imagem de "eficiência", a Ibis - que foi a "primeira marca de hotel com o certificado de qualidade ISO 9001" - promete mesmo o que chama de "Contrato Satisfação 15 minutos": em caso de algum problema ou reclamação, o hotel promete "solucionar qualquer questão, de dia ou de noite, em 15 minutos"; se não o conseguir, o hóspede passa a convidado.
A rede Ibis
Criada em 1974, a marca, integrada no grupo Accor (gigante mundial com outras chancelas como Sofitel, Novotel, Mercure), lidera a hotelaria económica europeia (é mesmo a 4.ª maior cadeia do mundo neste nicho). Integra 957 hotéis em 55 países, incluindo 22 unidades em Portugal, sete delas na zona da Grande Lisboa (na capital, apresenta agora também um remodelado Ibis Saldanha). Contas feitas, tem mais de 117 mil quartos no mundo. A "revolução" da marca passou pela divisão em três chancelas sob o chapéu Ibis: a ideia é manter o conceito de economia/conforto mas dar ao cliente mais opções: agora, há o Ibis tout court (clássico, preço económico), Ibis Styles (aposta no design, localizações centrais e com um preço final tudo-incluído; são os mais caros, ainda não se estrearam em Portugal), Ibis Budget (básicos, concretos; os mais baratos, há um em Gaia, deve abrir outro em Braga em 2014). Há cartão de fidelização (que acumula pontos e dá depois direitos a vouchers, descontos e ofertas) e, apostados no segmento de negócios, acabam também de lançar um programa Ibis Business em toda a rede, um cartão (49€/ano em preço promocional) que, entre as suas vantagens, inclui garantia de reservas, descontos de 10% e outros em alojamento e restauração.
Desenha-me os sonhos
Em mais uma lança para renovar a marca e dar-lhe o conceito de contemporaneidade, a Ibis desenvolveu com a Apple uma aplicação que dá que falar (e sonhar): a Ibis Sleep Art está disponível para download para suportes iOS. É ligar a aplicação durante a noite que a dita vai captando movimentos e criando um desenho dos seus sonhos, pronto a admirar ao despertar.
Preços
Os preços são variáveis conforme temporada e procura, com valores promocionais também de acordo com a antecipação com que se reserva ou as condições de alojamento (p.ex., com ou sem pequeno-almoço). O preço mínimo poderá oscilar entre cerca de 50 a 70 euros por noite em quarto duplo. Se a tarifa não incluir pequeno-almoço e o desejar (em regime bufete e "à discrição") são mais €6.
Nome
Ibis Parque das Nações
Local
Lisboa, Santa Maria dos Olivais, Rua do Mar Vermelho, Lote 1 07 2 2