Fugas - hotéis

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A bolacha no topo de Lisboa

Por Sandra Silva Costa ,

O grupo Hilton estreou-se em Lisboa há um ano, através da sua chancela Double Tree, sinónimo de luxo contemporâneo. Com ele vieram, por exemplo, mais turistas americanos e todo um compromisso social de interacção com o meio envolvente. “Um Hilton não é só um hotel”, garantem-nos.

Tudo começou com uma bolacha, que nos chegou dentro de uma lata por ocasião do Natal. Mandam as regras da boa educação que se agradeçam os presentes e foi o que fizemos. Na volta do correio electrónico, surgiu o convite para conhecermos o hotel. Já passara o Natal e o Carnaval, e em algumas cidades do país já se apelava aos mistérios da Semana Santa, quando, num fim de tarde ventoso — no mesmo dia em que lêramos José Luís Peixoto discorrer sobre o vento de Lisboa — chegámos ao Double Tree by Hilton Fontana Park. Demos o nome na recepção e recebemos uma bolacha quentinha e cheirosa. Chamam-lhe The Cookie e entregam-na a todos os hóspedes que chegam. Não nos sentimos especiais — porque todos os hóspedes que chegam a todos os Double Tree deste mundo são tratados como especiais. No princípio é a bolacha e o resto vem depois.

Deixamos o lobby decorado a preto e branco e dirigimo-nos ao elevador que nos há-de transportar ao sétimo andar. Oferecemos boleia a uma funcionária que carrega uma bandeja apetitosa: há vinho do Porto LBV, miniaturas de pastéis de nata e um prato de frutas laminadas e coloridas. Não comemos ainda a bolachinha, a fome já vai dando sinais de vida e não evitamos cobiçar a comida alheia. Paramos no sétimo e percorremos o longo corredor forrado a preto até chegarmos à porta do quarto que nos destinaram. Entramos e o primeiro impulso é correr para a enorme montra que se abre para Lisboa. Depois da janela, um terraço com vista para o fronteiro Mercado 31 de Janeiro, o Liceu Camões nas proximidades e toda uma paisagem de telhados que oferece uma curiosa perspectiva da capital. Não fosse o vento impiedoso e aproveitaríamos a mesinha baixa e respectivas cadeiras para aqui ficarmos a ver a tarde apagar-se e outra luz tomar conta da cidade.

Não que não soubéssemos, claro, mas quando voltamos para dentro sentimos mesmo que, para o bem e para o mal, este é um hotel citadino dos pés à cabeça. Estamos a meia dúzia de passos do Marquês de Pombal, outros tantos do Saldanha, o que é bem central para destinos diversos dentro de Lisboa. O reverso da medalha é ter parte de Lisboa dentro do quarto: pelo menos a esta hora é audível o barulho dos carros, das ambulâncias, dos aviões em modo de aterragem. E à noite, será que se ouve tanta Lisboa, pensamos — e com isto nem nos apercebemos que batem à porta. Room service, mas se não pedimos nada.

Lembram-se da bandeja que cobiçáramos Picamos dois pastelinhos de nata, atacamos as frutas e só agora olhamos em volta com olhos de ver. Sobriedade e minimalismo: a banheira espreita o quarto, onde o preto e o branco são as cores que ordenam, não havendo aqui qualquer outra variação cromática. A cama é king size e tem à sua frente uma “prateleira” em cimento afagado a todo o correr da parede. Televisão, máquina de café de cápsulas, chaleira e minibar completam a oferta.

Na manhã seguinte, já depois de termos percebido que, afinal, os barulhos de Lisboa se esfumaram pela noite, o director do hotel, Gonçalo Sousa, guia-nos pelos espaços da unidade hoteleira — os dois restaurantes, o health club, o jardim que é simultaneamente interior e ao ar livre — e explica-nos a história deste Double Tree. Baptizado inicialmente como Fontana Park, este foi o primeiro design hotel a abrir na capital, em 2007, ocupando um edifício do início do século XX onde chegou a estar instalada a metalúrgica Lisbonense. A recuperação esteve a cargo do arquitecto Francisco Aires Mateus e a decoração foi confiada a Nini Andrade Silva, designer de interiores com muitas provas dadas na hotelaria internacional.

Em Abril do ano passado, a gestão do Fontana passou para o grupo Hilton, que assim se estreou na capital portuguesa através da chancela Double Tree, sinónimo de luxo contemporâneo. Gonçalo Sousa conheceu as duas vidas da unidade hoteleira e nota que há algumas diferenças. “Desde logo, fez com que os turistas americanos nos procurassem. São eles agora os nossos principais clientes, quando antes nem sequer entravam no top 20.” E toda a gente sabe da importância dos turistas americanos, pois claro. Depois, adianta também o director, é de relevar “o compromisso social do grupo Hilton para contribuir com a comunidade local”, através do programa CARE — Creating A Rewarding Experience. No caso do Double Tree Fontana Park, as acções já passaram pela plantação de árvores no jardim da Praça José Fontana, pela pintura da sala de estudo da Associação Raízes e pela angariação de fundos para a associação Floresta Unida. “Um Hilton não é só um hotel”, resume Gonçalo Sousa.

Não tínhamos dito que no princípio era a bolacha e o resto vinha depois?

A Fugas esteve alojada a convite do Double Tree by Hilton Lisbon Fontana Park
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Nome
DoubleTree by Hilton Hotel Lisbon - Fontana Park
Local
Lisboa, São Sebastião da Pedreira, Rua Engenheiro Vieira da Silva, 2
Telefone
210410600
Website
http://doubletree3.hilton.com/
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