Fugas - hotéis

  • João Cordeiro
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Este hotel é uma constante viagem

Manuel Proença prossegue com a sua explicação sobre os polvilhados de cor que de vez em quando nos assaltam a vista entre todo o cinzento e prateado. É que o administrador não determinou apenas a colocação do painel cheio de cor. “[A unidade] estava muito cinzenta e achei que tinha de ter vida”, afirma para explicar a existência de um pequeno sofá vermelho à entrada ou as almofadas que seguem o mesmo tom e salpicam o ambiente negro e cinza do bar.

As referências a Lisboa ajudam a dar ainda mais cor: “Sempre me pareceu importante que o sítio onde se fica reflicta o local onde se insere; caso contrário parece que nem se saiu de casa”. “É como ficar num Sheraton: sabemos que será sempre bom, mas também que será sempre igual, seja aqui, em Nova Iorque ou Tóquio, o que se pode revelar frustrante sobretudo para quem viaja em negócios e mal tem oportunidade de sair do hotel.”

De andar em andar, correm-se os bairros alfacinhas. No sétimo piso, por exemplo, ficámos a dormir no Restelo, com direito a vista para os Jerónimos, emoldurados sobre a cama. Outros detalhes da cidade podem ser encontrados nas carpetes que forram o chão dos corredores e que, sobre o fundo cinzento, revelam a branco alguns dos mais icónicos monumentos da urbe em miniatura ou junto aos elevadores, onde são as guitarras e o xaile a trazerem para esta viagem o fado.

“Que Deus te ajude Lisboa/ A cumprir esta mensagem,/ De um Português que está longe/ E que anda sempre em viagem”, lê-se nas colunas que marcam o restaurante no primeiro piso onde também são servidos os pequenos-almoços. Os versos de Recado a Lisboa, uma letra de João Villaret musicada por Armando da Câmara Rodrigues, voltam a levar o turista pelos quatro cantos da cidade e pelo rio que a banha.

O nosso fado seria outro e passaria por uma noite no tal bairro-andar do Restelo, de sono tranquilo e usufruindo das roupagens alvas e suaves, após um revigorante banho de imersão. Menos suave seria o período pré-sono, sem televisão por uma qualquer avaria (provavelmente relacionada com o facto de o hotel ainda estar a limar algumas arestas) e quase sem serviço de quartos por uma má interpretação do horário do mesmo. Diz o livro que funciona até às 23h30 (algo a lamentar é a ausência de um serviço de quartos de 24 horas, uma vez que não serão poucos os hóspedes a aterrar após esse horário e ansiosos por uma refeição mais composta do que aquela que é servida durante a viagem), informa a menina na recepção que acaba às 22h30, esclarece o rapaz do restaurante que é apenas até às 23h (não obstante o facto, acabaria por gentilmente aceder ao nosso pedido de uma tosta mista 15 minutos após essa hora).

Saciado o apetite e com vista para o corrupio incessante da Segunda Circular, é hora de aceitar a proposta primordial deste Tryp: afundarmo-nos nos fofos almofadões e deixarmo-nos levar novamente pelas palavras do poeta e pelo “sonho da passagem”. Só que neste sonho-poema, com o aeroporto sempre presente, não há terra. Apenas céu.

Informações
Com 167 opções de alojamento, divididos entre quartos standard, quartos fitness (com equipamento de exercício) e suites executivas, o Tryp inclui spa (ainda não está a funcionar a 100%), miniginásio, piscina exterior (“estamos à espera que a vedação natural cresça para a abrir”), salas de reuniões e estacionamento. Entre os serviços prestados, Internet grátis. Uma noite reserva-se desde 70€, embora haja frequentes promoções de última hora.

Nome
Tryp Lisboa Aeroporto
Local
Lisboa, Lumiar, Rua C - Aeroporto Internacional de Lisboa (Terminal 1 da Portela)
Telefone
707282707
Website
http://www.tryplisboaaeroporto.com/
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