Fugas - hotéis

  • Artvilla
    Artvilla DR
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  • No quarto Bambu
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  • Na Casa do Forno
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  • Estúdios Padaria
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  • Na sala de refeições
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Uma aldeia dentro da aldeia

Por Maria João Lopes ,

A Artvilla é uma unidade de turismo rural que foi recuperada a partir de casas antigas que existiam na pequena Vila Nova, no sopé da serra de Montejunto. Entre a calma e o ambiente familiar, descobrimos uma aldeia com arte. Perto do gelo, dos vinhos do Oeste ou mesmo de sabores da Tailândia.
A Artvilla, um projecto de turismo rural familiar, reúne um conjunto de casas antigas recuperadas na pequena povoação serrana de Vila Nova. A forma como estão dispostas, viradas umas para as outras, em redor de um pátio, dá ao hóspede a sensação de estar numa mini-aldeia dentro de uma outra também pacata. A tranquilidade do local, as cores quentes contra o frio da serra e a lareira acesa ajudam a criar o ambiente de refúgio. Depois de uma boa noite de sono, nada como passear pela região do Oeste, provar vinhos, sabores tailandeses e até visitar uma fábrica que fazia gelo.
 
A Artvilla situa-se no centro de Vila Nova, uma pequena aldeia no sopé da serra de Montejunto. A povoação faz parte da freguesia do Vilar, no Cadaval, um dos 12 concelhos que integram a chamada Região Oeste.
 
Catarina Carvalho, 36 anos, é filha dos proprietários e quem gere o espaço. “Foi um projecto de recuperação de património antigo, parte estava na família, a outra foi posteriormente adquirida. Eram duas partes separadas, cada parte tinha várias casas”, conta sobre a unidade que hoje junta quatro casas e abriu portas há um ano.
 
Nenhuma das casas foi erguida de raiz, já existiam todas e todas foram recuperadas. “A obra de recuperação durou dois anos, mas houve muito trabalho burocrático antes”, conta Catarina Carvalho, que é arquitecta e acompanhou cada momento desse processo. “Do primeiro risco ao último parafuso na parede, acompanhei todo o projecto de recuperação e obra.”
 
Ao todo, as quatro casas incluem quatro apartamentos e cinco quartos — duas casas foram transformadas em dois apartamentos; numa outra há dois apartamentos comunicantes; e, por fim, na casa principal há cinco quartos. Nesta, chamada Casa do Forno, há uma sala ampla, com um pé direito alto, uma cozinha aberta e uma salamandra triangular sempre a trabalhar no Inverno. É também aí que são servidos os pequenos-almoços, sem qualquer limite horário, e que podem ser levados até aos quartos e apartamentos. Se o hóspede também quiser, pode encomendar outras refeições.
 
As fachadas das casas são em tons de salmão e de vermelho escuro: “A ideia foi trabalhar com cores quentes”, diz Catarina Carvalho, acrescentando que todo o espaço, assim como a decoração, obedecem aos princípios do feng shui. “Não sou especialista em feng shui, mas tanto eu como a minha mãe temos curiosidade e, por isso, pedimos ajuda a uma especialista, para criar um espaço harmónico”, conta. A decoração das casas, que foi da responsabilidade de Catarina Carvalho e da mãe, cruza modernidade com mobiliário antigo e inclui muitos quadros e objectos em barro da autoria da mãe de Catarina. O nome Artvilla vem precisamente do cruzamento entre arte, porque o espaço funciona quase como uma galeria para expor as obras da proprietária, e villa, no sentido de aldeia. 
 
O que foi criado no projecto de recuperação foi o pátio, o espaço ao ar livre. “É todo novo. É a grande invenção em relação ao que existia”, diz Catarina. Este pátio faz parecer o conjunto de casas “uma aldeia dentro de uma aldeia”, acrescenta. Tem uma churrasqueira e um forno à disposição dos hóspedes e ainda um tanque, com um banco com jacuzzi e vista para a serra. “Quisemos criar um ponto de água para refrescar, porque faz muito calor [no Verão] na serra do Montejunto”, explica. O tanque não existia, mas a arquitecta achou que fazia falta e preferiu-o a uma piscina: “Criei um tanque, porque dá essa ideia de pré-existência, para não ir para fora do conjunto”, justifica.
 
Cada casa tem um nome relacionado com o uso que teve no passado: Casa da Adega, do Moinho, da Padaria, do Forno. Dentro delas, não há quartos e apartamentos iguais: uma parede de cor diferente, recantos únicos, móveis recuperados e escolhidos peça a peça, tudo ao pormenor. O tamanho dos apartamentos varia, mas todos têm kitchenette equipada, zona de estar, quarto, casa de banho. 
 
O ambiente na Artvilla é familiar, é fácil sentirmo-nos em casa. Nós ficámos no quarto Bambu, uma espécie de sótão, com uma parte do tecto inclinada. A decorar o espaço, entre outros elementos, destaca-se o papel de parede, uma chaise longue e uma mala de viagem antiga.
 
A cozinha tailandesa
 
Foi no Bambu, que tem ainda um terraço, que dormimos uma boa noite de sono, depois de jantarmos no Supatra thai, um surpreendente restaurante tailandês na aldeia do Carvalhal. 
 
O restaurante é de um casal: ele é português, chama-se Humberto Silva, e ela, que cozinha, é tailandesa e chama-se Supatra Silva. Juntos criaram um espaço acolhedor e, sobretudo, com boa e genuína comida tailandesa. Provámos vários pratos e bebemos cerveja tailandesa, o que, apesar do frio que fazia lá fora, nos soube muito bem, com os copos gelados a contrastarem com o calor da salamandra. Entre outros sabores, recomendamos o caril vermelho de camarão e coco picante e, como sobremesa, o gelado de biscoito e gengibre feito na gelataria Puzzle, nas Caldas da Rainha. 
 
O casal conheceu-se em Londres, para onde Humberto Silva, hoje com 57 anos, foi viver na juventude. Em 1991 mudaram-se para as Caldas da Rainha, onde abriram um restaurante tailandês, que acabariam por fechar 18 anos depois, aproveitando para viajar durante um ano. Só depois disso é que voltaram a reabrir, mas desta vez no Carvalhal e aproveitando o espaço de uma antiga adega que foi recuperada. No início, quando ainda tinha o restaurante nas Caldas da Rainha, o casal chegou a ir a Paris de camioneta comprar produtos para cozinhar. Agora, já o faz em Lisboa. 
 
Só depois de retemperar energias com este jantar e com a dormida tranquila na Artvilla, é que, na manhã seguinte, nos metemos a caminho da serra do Montejunto, conhecida como a varanda da Estremadura, onde, em dias de céu limpo, se vêem as Berlengas e o Tejo. Nessa manhã, porém, estava um nevoeiro cerrado, o que dava à serra um ambiente de encantamento e mistério.
 
Fomos conhecer a antiga Real Fábrica do Gelo, monumento nacional que permite perceber como é que, no século XVIII, se produzia o gelo que abastecia a corte, as camadas da população mais endinheiradas e os cafés e confeitarias mais chiques da Baixa de Lisboa. Pode visitar-se a zona dos tanques — são 44 — que eram enchidos com pouca água, esperando-se que, com as baixas temperaturas, congelasse. Haveria depois um guarda que iria acordar a população de Pragança com uma corneta para que viessem trabalhar, partindo aquele gelo e levando-o para uma outra zona, com silos, onde era armazenado. Só depois seguia para Lisboa, embrulhado em palha, numa viagem de 12 horas feita durante a noite, a pé — em burros e carros de bois — e depois de barco, onde apenas algum gelo descongelaria. Até ao surgimento desta fábrica, que começou a ser erguida em 1741 e só terminou cerca de seis anos depois, o que existia eram o chamados neveiros, onde se recolhia a neve, principalmente na aldeia do Coentral, serra da Lousã, mas também na serra da Estrela. 
 
Entre muitos outros locais para conhecer na região do Oeste, destaca-se também o Buddha Eden Garden, um jardim oriental, com cerca de 35 hectares, projecto idealizado por Joe Berardo, que quis fazer uma homenagem aos Budas Gigantes de Bamyan, destruídos no Afeganistão em 2001. 
 
Não chegámos, porém, a ter tempo de visitar este jardim, porque nos perdemos em conversas e vinhos com Ana Reis, da Quinta do Sanguinhal. Ana Reis é responsável pelo enoturismo da quinta, mas também da família dos produtores. Ali toda a gente é recebida por alguém da casa: “É um cunho pessoal que damos à visita. As visitas são sempre feitas por alguém da família”, diz Ana Reis, bisneta de Abel Pereira da Fonseca, que fundou, nos anos 20 do século passado, a Companhia Agrícola do Sanguinhal, para administrar as propriedades que possuía na região do Bombarral. Para além desta quinta, possuem mais duas na região, num total de 95 hectares de vinha plantada. A anciã da família é Maria Emília Fernandes, conhecida como Mimi Fernandes, que, com 96 anos, pinta quadros que estão expostos na quinta e bebe todos os dias um copo de vinho. 
 
A visita à quinta do Sanguinhal, com 30 hectares de vinha, prevê uma prova de sete vinhos e pode ou não incluir uma refeição. “É uma espécie de minicurso com introdução ao mundo dos vinhos, uma visita à medida do cliente, personalizada”, explica Ana Reis, frisando que recebem públicos muito diferentes. Até já fizeram provas de vinho sem álcool para uma escola turca. “Quem não gosta, passa a gostar; quem não conhece, passa a conhecer e quem conhece, aprofunda”, acrescenta. 
 
Durante a visita a esta quinta, pode ficar a conhecer a destilaria da firma, os armazéns de envelhecimento de aguardentes e licorosos, as zonas de estágio de vinhos em barricas e engarrafados, e um grande e antigo lagar com prensas de fuso e vara, a mais antiga das quais data de 1871.
 
 
Preços: há vários preços, consoante o quarto e o apartamento, mas variam entre 70 euros por noite (por quarto duplo) e 160 euros (apartamento para quatro pessoas).
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A Fugas esteve alojada a convite da Artvilla Artvilla
Nome
Artvilla
Local
Cadaval, Vilar, Largo de Nossa Senhora da Conceição
Telefone
262771135
Website
http://www.artvilla.pt/
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