Fugas - hotéis

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Na rota do Oeste, agora com os miúdos

Por Maria Lopes ,

O Dolce CampoReal, no Turcifal, juntou-se à Rotas do Oeste para oferecer, a hóspedes e não hóspedes, actividades em família. Os mais novos podem aprender a jogar golfe enquanto os pais fazem uma prova de vinhos. Ou então vão todos juntos para a serra procurar caches.

O tapete de relva verdejante e bem aparadinha que cobre a colina ondulada do buraco 18 convida a tropelias. Sentados nas cadeiras das mesas do almoço ou à sombra do enorme pinheiro manso, os pais estão tentados a deitarem-se no chão e rebolarem encosta abaixo pela relva com os miúdos. Atenção para não caírem no buraco de areia amarela! A relva fininha sobre uma cama de areia própria dos campos de golfe, sem pedrinhas nem pauzinhos das árvores, amortece o impacto. Aos 30 ou 40 anos já não é tão fácil conduzir um corpo de adulto aos rebolões pela relva como quando temos oito ou dez anos. Mas sabe tão bem…

O cenário é o Garden Terrace, a esplanada do restaurante do Hotel Dolce CampoReal Lisboa, no Turcifal, junto a Torres Vedras e ao lado da A8. Por ali impera a calma, mesmo quando há criançada e as mesas estão quase cheias. Com vista privilegiada sobre o campo de golfe, ouve-se o canto alegre das cigarras sob o sol do início da tarde.

O hotel, que passou momentos difíceis há poucos anos mas mudou de mãos entretanto, procura um novo fôlego. Não houve consequências desses tempos mais cinzentos nem nas instalações nem na simpatia de quem serve. Mais do que apenas um hotel de cinco estrelas, o CampoReal é um resort onde se construíram moradias e apartamentos para primeira habitação (Lisboa está apenas à distância de um troço de auto-estrada de meia hora), mas também para férias próprias ou para rentabilizar com o aluguer. A ideia agora é mostrar que um hotel é mais do que um espaço para os hóspedes: além dos apetecíveis eventos para empresas, está aberto até para o vizinho que mora a poucos metros do portão e procura uma actividade diferente para a família.

Para isso, o CampoReal juntou-se à Rotas do Oeste, uma empresa da região que tem uma longa lista de actividades que vão da observação de pássaros (42€/pessoa, meio dia) e geocaching na serra, passando por actividades combinadas de passeio de duas horas de jipe com karting (a partir de 48€/pessoa), paintball (desde 54€), escalada e rappel (desde 64€), 30 minutos de avioneta (desde 154€), asa delta (desde 86€), passeio de hora e meia de balão (desde 234€), aulas de surf (desde 61€), windsurf (desde 89€), kitesurf (desde 138€), entre outras.

Também há passeios de helicóptero de 15 minutos sobre a costa, entre a Ericeira e Santa Cruz (desde 308€/pessoa), saídas de barco às Berlengas (com visita às grutas, jipe e almoço, durante um dia, desde 145€).

A que se somam actividades no hotel: além do campo de golfe de 18 buracos (desenhado por Donald Steel, par 72), há ténis e futebol (5€/hora/pessoa; aluguer de raquetes e bolas por 5€), piscinas exterior e interior, o DivineSPA, passeios a cavalo (junto ao hotel está o Centro Equestre Miguel Ataíde; 25€/pessoa) e de bicicleta (10€/hora). Existe também um kids club com insufláveis, jogos e pinturas faciais (3€/hora; 8€ meio-dia; 14€/dia). É só uma questão de gosto e de bolsa.

Mas tal não significa que os mais pequenos fiquem presos no hotel. Nada disso — o objectivo é que a maioria das actividades possa ser feita em família, com algumas adaptações no caso de haver crianças pequenas. Como no todo-o-terreno nas serras do Socorro, da Archeira e Montejunto: há um percurso mais duro e outro mais suave (como o que a Fugas experimentou). Os passeios de jipe duram meio dia: há a Rota dos Moinhos e a do Atlântico (desde 28€/pessoa), a das Linhas de Torres (desde 21€), a dos Vinhos, das serras da Archeira e do Socorro (uma hora; desde 10€); Óbidos com almoço (desde 64€); Convento e Tapada de Mafra com visita ao centro do lobo ibérico e almoço (desde 93€).

Na peugada de Wellington

Deixando para trás as vinhas e uma família que semeava batatas na horta, os velhinhos Land Rover e UMM lá foram subindo a serra do Socorro, sacudidos pelas valas rasgadas pela chuva nos trilhos. Carregada de significado e história, esta serra é o local mais emblemático das conhecidas Linhas de Torres, o conjunto de fortificações construídas no início do século XIX para impedir a marcha da terceira invasão francesa sobre Lisboa. Bem lá no cimo, com vistas de 360 graus sobre o mar e quase todo o estuário do Tejo, era o principal posto de observação e sinais das tropas de Wellington. Ainda ali está um poste vertical para mostrar o telégrafo de balões usado para comunicar com as várias posições na linha de defesa — e eram perto de 150 fortificações nos cerca de 80 quilómetros de extensão desta primeira linha. Tão eficaz que ajudou a impedir o exército de André Masséna de caminhar sobre Lisboa e a fazê-lo retirar. Pedro Santa Bárbara, director da Rotas do Oeste, vai salpicando as explicações históricas — “foi aqui que Napoleão começou a perder o seu império” — com elogios à paisagem (que é de cortar o fôlego, sim), com avisos aos pequenos irrequietos e uma ou outra ajudinha de fotógrafo. Voltamos a descer pelos trilhos em direcção à serra da Archeira, com vista para o resort do CampoReal, passando junto aos típicos moinhos de velas brancas, que dividem as atenções no alto dos montes com as modernas turbinas eólicas.

As combinações das actividades ficam um pouco ao critério dos participantes. Os adultos podem acompanhar as crianças sempre ou optar por fazer uma ou outra actividade à parte. Além do passeio de jipe com um percurso mais exigente há também a possibilidade de um passeio até à praia de Santa Cruz com um percurso junto à costa (desde 28€/pessoa), ou visitas a várias adegas (Rota dos Vinhos, desde 50€/pessoa), como a Adega Mãe, no lugar de Fernandinho, a menos de 10 minutos do hotel.

Desde 2011 que da adega do grupo Riberalves, mais conhecido pelo negócio do bacalhau, aninhada a meio de uma suave encosta, entre o vinhedo, saem os vinhos Dory (reserva e colheita, brancos e tintos), Pinta Negra (tinto, branco e rosé), e AdegaMãe (os monocastas brancos Viosinho, Viognier, Chardonnay e Alvarinho, e os tintos Touriga Nacional e Cabernet Sauvignon). O edifício vale por si só uma espreitadela. Virado a nascente, as enormes vidraças deixam entrar uma apetecível sensação de calma transmitida pela imagem das vinhas verdes geometricamente alinhadas, com a serra do Socorro ao fundo. De linhas muito simples, a entrada é dominada por um janelão rasgado na parede virada a sul, que devolve um pouco da vinha mais nova, ainda em estacas, e o pontilhado branco do casario espalhado pelos montes.

Estamos a oito quilómetros, em linha recta, do mar. É ele que influencia o crescimento e amadurecimento das uvas mas também alguns pormenores da adega — sem esquecer a origem do negócio dos proprietários. Isso mesmo é recordado à entrada da adega com um dory (quem ainda se lembra do nome do vinho?), um pequeno barco de madeira usado pelos pescadores no mar do Norte. Era naquela casca de noz que se pescava o bacalhau que depois se mudava para o grande bacalhoeiro.

Com capacidade para 1,2 milhões de litros de vinho, a adega está agora a usar pouco mais de 50% da sua capacidade. Além das uvas dos 35 hectares de castas brancas cultivadas no solo argilo-calcário da quinta, ali se processam também as uvas tintas provenientes de vinhas de Alenquer.

Na visita guiada há vídeos explicativos, uma ronda pelas zonas de recolha da uva, das prensas, das enormes cubas de fermentação e armazenamento, uma espreitadela ao laboratório e uma prova de vinhos na Sala do Tempo. Sob um gigantesco lustre, com vista para a vinha e a sala de estágio, onde se alinham sob uma luz ténue as barricas de carvalho francês e americano, degustam-se os vários vinhos e saboreiam-se bolachinhas.

É hora de voltar ao hotel ou de seguir viagem pelos trilhos. Nós voltamos. Para encontrar a criançada a jogar futebol, já depois de terem feito o gosto à mão e experimentado a pontaria com umas raquetadas no campo de ténis ou tacadas de golfe. A clínica de golfe para os mais pequenos leva-os ao green durante uma hora (20€), acompanhados de monitor. Há explicações no tee (o ponto de partida) sobre como se escolhe o taco, como se pega nele e se balanceia o corpo para bater na bola com a força ideal. Quem acerta na bola. O mais certo é haver pequenos pedaços de relva a saltar e risadas pelos falhanços… dos outros.

A Fugas esteve no Turcifal a convite do Dolce CampoReal

Nome
Dolce CampoReal
Local
Torres Vedras, Turcifal, Rua do Campo
Telefone
261960900
Website
http://www.dolcecamporeal.pt/
Observações
O hotel de cinco estrelas construído em 2007 tem 151 quartos divididos entre vista para o pátio ou para o campo de golfe. Tem piscina exterior e interior, campo de golfe de 18 buracos, campos de ténis e de futebol de 5, kids club, dois bares e centro de fitness, spa, sala de jogos, capela, estacionamento e wi-fi gratuitos. A 20 minutos das praias de Santa Cruz.
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