Aliás, Pedro Araújo, o chef do restaurante do hotel, dissera-nos, ainda há pouco, que na história da transformação do antigo edifício da Avianense num novo espaço, a primeira ideia a ser delineada foi a do museu. “Mas ele só ocupava o -1, pelo que foi preciso pensar o que fazer com o resto do prédio.” E assim surgiram o hotel e o restaurante. A loja, onde se podem encontrar chocolates da Arcádia e da Casa Grande, da Caffarel, da Valrhona ou da Amatller, abriu cerca de um mês e meio depois da inauguração do hotel.
O museu é, por isso, um espaço que os hóspedes do hotel não podem deixar de visitar, até porque, para eles, o acesso é gratuito. Tudo no museu é interactivo — há ecrãs tácteis, um filme de animação em 4D, a simulação de uma roça, explicações sobre a forma como o cacau se expandiu pelo mundo e sobre os mestres chocolateiros, e a oportunidade de descobrir como e quando é que o chocolate foi representado, do cinema à literatura, passando pela música. No final, novos e velhos são convidados a fazer de conta que estão a produzir um verdadeiro chocolate, saindo do museu com uma pequena tablete na mão.
“Fizemos um trabalho de pesquisa muito grande em torno do chocolate, do cacau e do edifício”, explica Pedro Araújo, enquanto desfia um conjunto de informações de que nos vamos querer lembrar da próxima vez que formos comprar chocolate. É preciso verificar, por exemplo, que ele tem, no mínimo, 25% de cacau, e que não tem qualquer gordura hidrogenada e, de preferência, também não tem gorduras vegetais (a União Europeia só permite até 5% destas últimas na confecção do chocolate). Também é divertido pensar, enquanto deixamos que um quadradinho de chocolate se derreta na boca, que só no final do século XIX é que o chocolate passou a ser consumido desta forma, uma vez que até aí era apenas uma bebida.
Depois da visita ao museu, juntamo-nos aos aprendizes que querem descobrir como se fazem bombons recheados e antes de dormir provamos as delícias que o chefdesenvolve, diariamente, no restaurante da Fábrica do Chocolate. No final de um dia cheio de experiências doces, a cereja no topo do bolo (ou do chocolate): dormimos bem. Mesmo não sonhando com chocolates.
Como ir
Não vale a pena deixar a Fábrica do Chocolate para ir jantar. Aliás, pode bem arrepender-se se o fizer, porque a cozinha que o chef Pedro Araújo desenvolve no restaurante do hotel é de comer e chorar por mais. E sempre com um traço de chocolate, o que não significa que seja doce. Mas é bem provável que encontre grué de cacau em todo o lado (a própria semente do cacau, depois de fermentada, seca e torrada), além de uma série de produtos da região. Quando leva o arroz de robalo para a mesa, Pedro Araújo afirma: “Pescado na nossa costa, apresento-lhe o pescador e a filha dele, quando quiser.” O naco de carne barrosã é tenro, mas as batatas fritas da Apúlia que o acompanham roubam a cena, de tão boas que são. O gelado de polpa de cacau com grué é leve e seria o fim ideal para uma noite que começara com várias entradas, mas o chef diz que não podemos ir embora sem provarmos o bolo-mousse, que é tão bom quanto bonito. Ao pequeno-almoço, a cozinha da Fábrica do Chocolate também não desilude. A estrela é o pão de grué criado pelo chef, mas os bolos caseiros, os vários sumos naturais disponíveis e a fruta laminada coberta com o chocolate que sai da fonte instalada sobre a mesa também ajudam a passar largos minutos à mesa.
- Nome
- Fábrica do Chocolate
- Local
- Viana do Castelo, Santa Maria Maior, Rua do Gontim, 70 a 76
- Telefone
- 933299890
- Website
- http://fabricadochocolate.com/