Puseram-nos no quarto Willy Wonka. É verdade, há um quarto Willy Wonka. Sem Oompa-Loompas. E mal chegámos deixaram-nos logo comer um dos chocolates que enchem o boião de vidro na recepção. E no quarto há mais bombons. Bombons num prato pequeno. Um pequeno chocolate pousado ao lado. Isto é um sonho? Ou é um pesadelo? É possível haver chocolate a mais? Se calhar é, mas não na Fábrica do Chocolate, em Viana do Castelo. Há chocolate por todo o lado, mas na medida certa. Vamos lá mergulhar de cabeça.
Voltamos ao início: puseram-nos no quarto Willy Wonka e carregamos a chave magnética até ao primeiro piso sem sabermos exactamente o que vamos encontrar. Na Fábrica do Chocolate, os quartos são temáticos, sempre em torno do cacau e do chocolate, e quem leu ou viu o filme Charlie e a Fábrica de Chocolate, de que o mestre chocolateiro Willy Wonka é a personagem central, sabe que só pode estar prestes a entrar numa orgia de doces. Repito: sem Oompa-Loompas (e se não sabem do que estou a falar, vão ler o livro ou vejam o filme e logo percebem por que é importante não ter estas criaturas por perto).
Uma das paredes do quarto recria a Sala de Chocolate por onde Johnny Depp (Wonka na versão cinematográfica de Tim Burton, de 2005) passeia as crianças que encontraram o bilhete dourado que lhes deu acesso à fábrica do milionário doceiro. Deitados na cama temos, à nossa frente, a recriação da cascata de chocolate, os relvados cobertos de bengalas doces, de drageias de chocolate, de cogumelos de açúcar… Uma árvore de bengala doce, às riscas vermelhas e brancas, destaca-se, a três dimensões, da pintura, e é entre os seus ramos que está a televisão.
Mas o universo Willy Wonka não se fica por aqui — as mesas-de-cabeceira são réplicas da cartola que ele usa, na casa-de-banho está gravada, a negro, a silhueta do mestre chocolateiro, e numa das paredes do chuveiro a sua frase: “If you want to view Paradise, simply look around and view it”. Assim mesmo, em inglês, que é como quem diz: “Se queres ver o Paraíso, simplesmente olha à tua volta e vê-o”. Para que nos sintamos, sem sombra de dúvida, como visitantes da fábrica de chocolate de Wonka, a cabeceira da cama é uma reprodução do famoso bilhete dourado que cada criança tinha de encontrar dentro de um chocolate para poder aceder ao misterioso mundo que se escondia para lá dos portões da fábrica.
A parede a imitar chocolate na recepção já nos fizera sorrir, mas o quarto colorido, as toalhas com a fachada do hotel gravada e os produtos de higiene de cacau deixam-nos a derreter. E ainda não provámos o chocolate frio que nos ofereceram e que há-de ser servido numa taça de pé fino, uma bebida que se podia comer às colheres, de textura macia e fresca, pontuada por crocantes pepitas de chocolate negro. E ainda não visitámos o museu. E ainda não participámos no workshop de bombons recheados. E ainda não jantámos. E ainda não tomámos o pequeno-almoço. E ainda não experimentámos a chocoterapia. Ufa!
Goretti Silva, uma das três mulheres por trás da recuperação do antigo edifício da fábrica Avianense, na Rua do Gontim, diz que, no hotel, “não se oferecem dormidas, mas experiências”. E di-lo no final da visita ao museu interactivo, instalado no piso -1 do prédio que ainda mantém a fachada, totalmente recuperada, da fábrica que se instalou ali em 1922 (tinha sido criada em 1914) e que fechou as portas em 2004.
- Nome
- Fábrica do Chocolate
- Local
- Viana do Castelo, Santa Maria Maior, Rua do Gontim, 70 a 76
- Telefone
- 933299890
- Website
- http://fabricadochocolate.com/