Fugas - hotéis

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  • Casa da Amendoeira - envolvente
    Casa da Amendoeira - envolvente

Silêncio, aqui há Fado, Blues, Bossa Nova e Flamenco

Por Patrícia Carvalho ,

Nasceu de uma ruína, na aldeia histórica de Castelo Rodrigo, sem saber ainda que seria um espaço de turismo. Por isso, tem cheiro e cores de casa de família e essa é uma das razões por que é tão acolhedora.

Há uma tarte de amoras na mesa. E na mesa uma toalha de renda. E a sorrir-nos junto à tarte de amoras está Madalena, a fazer-nos crescer água na boca: “Eu e o Alberto fomos apanhar as amoras esta manhã, para fazer a tarte.” Ainda há pouco almoçamos, mas vamos voltar a sair daqui a nada e o convite de Madalena para que provemos o doce já é irresistível. A tarte ainda está morna, as amoras são uma delícia e nós já nos esquecemos que somos hóspedes de uma casa de turismo rural. Já somos amigos, já somos da família. Já estamos com pena de só irmos dormir uma noite na Casa da Amendoeira, em Castelo Rodrigo.

E ainda nem vimos a casa, o que há-de ser feito a seguir, e só fará crescer o sentimento de aconchego. O hall e a sala de jantar, onde, além da tarte de amoras, estão jarros com limonada e chá frio de limonete, à espera de quem chega, são o centro onde vamos sempre parar, antes de rumarmos a um dos quatro quartos que Madalena e Alberto Malta decoraram com cores diferentes e aos quais deram os nomes de quatro géneros musicais: Fado, Bossa Nova, Flamenco e Blues. Instalamo-nos no primeiro, ao fim de um curto lanço de escadas. Não temos muito tempo (Madalena e Alberto prepararam um programa de visitas que nos obriga a sair dali a nada), mas o tempo de pousar as coisas chega para vermos o conforto que imana do quarto em que o branco impera, pontuado por lilás e roxo. E não saímos sem que Madalena rode o botão que liberta, de um momento para o outro, as vozes de Amália, Carlos do Carmo ou Camané.

Temos de ir, mas estamos desejosos por voltar. Para o quarto, para a sala de jantar com a mesa e cadeiras brancas e as suas toalhas de renda, para a sala de estar com instrumentos musicais, onde sobressai um piano que, infelizmente, não sabemos tocar. Vamos ali e já voltamos, que esta casa, sem grandes espaços exteriores nem piscinas ou spas, já nos prendeu.

Madalena, 60 anos, e Alberto, 63, são de Santa Maria da Feira. Ainda trabalham em áreas que nada têm a ver com o turismo, mas uma visita à aldeia histórica de Castelo Rodrigo havia de lhes trocar as voltas ao dia-a-dia. Repararam naquela ruína, junto ao largo fronteiro ao que resto do castelo medieval e sentiram-se agarrados a ela. Compraram-na e restauraram-na, ainda sem fim definido, garante Alberto. A ideia de a transformar num projecto turístico havia de vir depois. E talvez seja por isso que a Casa da Amendoeira parece uma casa de família e não um espaço de turismo. 

Os pormenores que a transformaram num espaço para partilhar – como a temática da música que dá nome aos quartos – foi uma tarefa feita a dois. “A decoração é mais minha e a ideia da música foi do Alberto, mas teve de ser tudo aprovado pelos dois. Cá em casa isto é uma democracia”, diz Madalena, sorridente. Assim, a dois, a casa encheu-se de fotografias, louças antigas, um piano e guitarras, mesas baixas, jarros e pratos de amêndoas doces artesanais feitas ali mesmo, que estão espalhados pelas áreas comuns e são uma tentação. Há poucos meses, uma das paredes do hall coloriu-se com uma tapeçaria em lã de ovelha, com o céu em vários tons de azul e papoilas vermelhas a bailar num mar de verde, que os donos da casa encomendaram a uma artesã que se hospedou ali.

Madalena e Alberto também encorajam os hóspedes a utilizar os instrumentos. Eles não sabem tocar, mas abrem as portas de casa a quem o queira fazer. Madalena diz que havia mesmo um homem das redondezas que, de vez em quando, quando estava por ali, lhe pedia para ir tocar um pouco de piano. No Facebook do alojamento há fotografias de um hóspede a dar um pequeno concerto privado ao piano e um outro a tocar acordeão junto à mesa de refeições.

E, já que falamos em refeições, convém não esquecê-las. Já nos tinham informado que a Casa da Amendoeira preparava refeições “ligeiras” desde que pedidas com antecedência e o “ligeiras” vinha assim mesmo, entre aspas, a prometer surpresas. Quando regressamos, depois do passeio da tarde, já um aroma de fazer crescer água na boca se espalhara pela casa e, com a porta aberta, uma mulher de máquina fotográfica na mão entra e pergunta em espanhol se ali se pode comer. Madalena explica que não e a turista, desconsolada, ainda insiste antes de ir embora, derrotada. 

Tem razões para a tristeza. À nossa frente desfilam enchidos, o belo pão da zona e uma deliciosa sopa de legumes. Vem depois uma alheira acompanhada de legumes salteados e batata a murro, que fazem um fotógrafo alemão que também por ali anda revirar os olhos de prazer. Para a sobremesa há figos apanhados nas árvores em redor e um gelado caseiro que se desfaz na boca. Tudo regado com vinho de uma das quintas do Douro, que Alberto vai vertendo para os copos de todos.

Depois do jantar voltamos a sair, para mais um dos passeios que Madalena e Alberto nos propuseram, desta vez às gravuras rupestres do Vale do Côa. O jipe, com sete lugares, vai cheio. Regressamos já noite cerrada, com os olhos a fecharem-se de cansaço, mas ninguém vai para a cama sem primeiro embalar o sono com um chá de limonete que Madalena traz da cozinha. 

A seguir, queremos dormir. Do exterior não vem um pio. O fado vai fluindo pelo quarto enquanto não chega a hora de apagar a luz (será que quem está no quarto Bossa Nova está também a ouvir os ritmos brasileiros escolhidos pelos donos da casa?, questionamo-nos. Ou haverá blues a soar no quarto azul dedicado a este género musical? E guitarras a cantar no Flamenco?).

A cama, confortável, parece ajustar-se ao nosso corpo. Dispensamos uma das duas almofadas que nos oferecem e deixamos o roupão dobrado no cadeirão ali ao lado. Desligamos a música, a luz apaga-se e está feito. Parece que no minuto seguinte já estamos a dormir. 

Na manhã seguinte acordamos cedo, a ouvir a chuva a cair lá fora e a trovoada que se insinua ao longe. Dali a pouco, já se houve o ruído do pequeno-almoço a ser preparado. Pede-se aos hóspedes que indiquem a hora a que o querem tomar e, naquele dia, todos têm hora de partida diferente. O fotógrafo alemão senta-se à mesa às 7h30, o casal de Lisboa que vai enfrentar o mau tempo nas suas motas potentes começa a comer às 8h30 e nós vamos depois, já quase às 9h30. 

Há sumo de laranja natural, queijos, compotas e marmelada caseiros, diferentes tipos de pão, fatias de bola de carne, iogurtes, cereais, café, leite, chá e fruta. Não provamos tudo, não queremos nem podemos. Vamos petiscando, enquanto Madalena toma um café (ou será um chá?) na mesa ao lado. Está quase na hora de partir e a chuva não nos deixou aproveitar as cadeiras de ferro instaladas no pequeno pátio fronteiro da casa. Nem sequer apanhamos as últimas amêndoas que ainda pendem da árvore desse mesmo pátio e que deu o nome à casa. Não fizemos tudo, nem experimentamos tudo. E isso é uma bela desculpa para, um dia destes, podermos voltar.

A Fugas esteve alojada a convite da Casa da Amendoeira

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A casa só tem quatro quartos, cada um dedicado a um diferente género musical: Fado, Bossa Nova, Flamenco e Blues. Além da banda sonora associada ao tema que está instalado em cada um dos quartos, estes têm também cores diferentes. Lilás e roxo no Fado, azul no Blues, amarelo no Flamenco e pastel no Bossa Nova (o mais pequeno de todos, apesar de ser também duplo). Os preços, para a época actual, variam entre os 70 euros (de domingo a sexta-feira, no Bossa Nova) e os 180 euros (fins-de-semana no quarto Blues). Três dos quartos ficam num piso inferior em relação ao hall e sala de jantar, mas que são acessíveis para cadeiras de rodas. O quarto Blues fica num piso superior, ao nível da sala de estar. Há camas extra que podem ser instaladas, a pedido. Os preços incluem pequeno-almoço, mas não outro tipo de refeições. Caso queiram usufruir da refeição “ligeira” confeccionada na Amendoeira, terá de a encomendar previamente e o custo é de 12,50 euros por pessoa.

Como ir
A Casa da Amendoeira fica situada na aldeia histórica de Castelo Rodrigo, a cerca de 3h30 de distância de Lisboa e a 2h30 do Porto. Da capital, siga pela A1 em direcção à A23 (direcção Abrantes/Castelo Branco/Torres Novas) e a A25. Daqui, siga pela saída 33, para a N332, em direcção a Guarda/Almeida e, depois, siga as indicações para Castelo Rodrigo. Do Porto, siga pela A1 até à A25 (direcção Viseu/Guarda). Saia no IP2 e depois tome a estrada N226, para Pinhel, antes de convergir com a bonita mas acidentada e cheia de curvas N221. Siga depois as placas para Castelo Rodrigo. Aí, a Casa da Amendoeira está muito bem assinalada e, sim, não tenha dúvidas – pode mesmo entrar com o carro dentro das muralhas e estacionar no largo ao lado da habitação.

O que fazer
É proibido sair de Castelo Rodrigo sem caminhar pelas suas ruas antigas empedradas, visitar as poucas lojas com produtos artesanais, tirar uma fotografia ao pelourinho manuelino e espreitar a vista das muralhas. Mas há muito mais para fazer por ali. A aldeia histórica de Almeida fica a uns breves 20 minutos (menos de 22 quilómetros) e Barca de Alva alcança-se ao fim de 23 quilómetros. Também não deve perder um passeio pela reserva da Faia Brava, aos pés do rio Côa e repleta de velhos sobreiros, cavalos e gado selvagem, grifos e muitas outras aves. A Associação Transumância e Natureza (www.atnatureza.org) tem muitas propostas pré-definidas, mas também organiza passeios à medida dos desejos dos visitantes. Também à distância de um curto passeio (são apenas 38 quilómetros) estão as gravuras do Parque Arqueológico do Vale do Côa. Por recomendação da Casa da Amendoeira, fizemos uma visita nocturna às gravuras do núcleo de Penascosa e, sim, à noite e com o auxílio de iluminação artificial transportada pelo guia, as gravuras vêem-se muito bem e ganham outro encanto.

Nome
Casa da Amendoeira
Local
Figueira de Castelo Rodrigo, Castelo Rodrigo, Rua do Relógio, 2
Telefone
271313053
Website
http://www.casadaamendoeira.pt/
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