O objectivo, conta o casal, é que “as pessoas venham realmente dormir numa estação de comboios, com tudo o que isso implica num edifício centenário” e, por isso, mantiveram “o máximo de originalidade do espaço”. A antiga ala principal do restaurante, hoje sala de convívio e de refeições, ainda tem o tecto de madeira, o chão quadriculado e os azulejos de desenho geométrico verde e branco, a enorme lareira branca ou a inscrição “lavabos” sobre a zona de acesso ao primeiro andar, onde ficam os quartos, dispostos também na divisão original: quatro com WC privado, três com casa de banho partilhada. Além dos quartos, a guesthouse integra ainda dois antigos apartamentos dos funcionários da estação, a escassos metros de distância.
A decoração — “muito leve porque a casa em si já tem muitos elementos” — transmite o conceito que aqui querem aplicar: unir “o espírito ferroviário” com “o ambiente rural e com a cultura tradicional e popular de cá, que ainda é muito genuína”, contando ainda, em pormenores aqui e ali, a história da centenária estação, “onde muita coisa aconteceu”. “Se as nossas paredes falassem, com certeza que nos entreteriam muitas horas”, garantem, contando histórias de conspirações anti-regime e reuniões de espiões, do contrabando “para onde se tinha de virar a população no Inverno”, da passagem de judeus em fuga durante a II Guerra Mundial e da saída, em direcção contrária, de “muito volfrâmio para a Alemanha nazi”.
Foi durante o Estado Novo que nasceu o restaurante e a nova estação, saída das linhas arquitectónicas de Raul Lino e com painéis de azulejos de Jorge Colaço, durante as obras de expansão daquela que era a última paragem portuguesa antes da fronteira com Espanha e, por isso, importante posto fronteiriço e aduaneiro, como deixam antever as inscrições sobre as portas do edifício principal (para já encerrado a visitas ao interior). “A estação foi o que fez crescer a vila. Todos aqui trabalhavam, directa ou indirectamente”, contam. Agora, o casal quer trazer de novo os viajantes à estação de Marvão-Beirã. Mas também a população local, através de uma forte componente cultural aberta a todos. “Queremos mostrar que não é uma estação fantasma. Tem vida e outros apelativos.”
- Nome
- Train Spot Guesthouse
- Local
- Marvão, Beirã, Largo da Alfândega - Estação Ferroviária de Beirã/Marvão
- Telefone
- 245992112
- Website
- http://www.trainspot.pt/