Fugas - hotéis

Esperam-nos sonhos de puro rock

Por Mara Gonçalves ,

O nome não engana: no Fénix Music, em Lisboa, tudo é música. Mais ecléctica nas áreas comuns, dedicada a um estilo diferente em cada piso de quartos, mas sempre banda sonora omnipresente da estadia. A acompanhar o ritmo, vistas desafogadas e um bar-piscina no topo.

Chegamos já de noite à Praça Marquês de Pombal mas não demoramos dois segundos a encontrar a nova unidade dos Hotéis Fénix, inaugurada no início de Abril. Na subida para as Amoreiras, a seguir a dois dos três irmãos alfacinhas do grupo, Lisboa e Garden (há ainda ali próximo o Urban, junto ao parque Eduardo VII), piscam as luzes garridas na fachada do Music, como se quisessem sintetizar os ritmos do trânsito daquela zona da cidade, anunciando ao mesmo tempo que, por estas bandas, é ali que a festa acontece. 

A ampliar o efeito, uma passadeira vermelha guia-nos até uma parede de logótipos, onde quatro holofotes aguardam as famosas poses fotográficas antes de entrar no hotel. Uma vez lá dentro, é música que se ouve em cada pormenor da decoração, numa orquestra onde nada sai de tom, do piso inferior ao terraço no oitavo andar.

Na entrada, a recepção ocupa o centro do palco, num balcão que replica uma bateria, com dois bombos negros e pratos laterais. Em frente, teclas de piano contornam o bar do lobby, iluminado por grandes holofotes. E ao longo dos sofás e dos puffs redondos tapetes prometem que aqui a música será sempre ecléctica e o papel de parede, empilhando colunas de som de todas as formas e feitios, garante que ela nunca deixará de tocar.

Se o nome do novo três estrelas do grupo português já não deixava margem para dúvidas, a decoração grava certezas, num ar jovial mas elegante: este hotel quer celebrar a música, e para isso não falta sequer um mini-estúdio de gravação. É o business center, com várias câmaras e ecrãs, um pequeno palco com duas guitarras, uma falsa mesa de mistura e até uma espécie de jukebox com cores eléctricas a iluminar vinis. No computador de acesso livre lê-se “No music, no life”. O som ambiente está incrivelmente alto neste recanto junto à sala do pequeno-almoço, mas na manhã seguinte havemos de descobrir que não chega às mesas de refeições.

“Cada hotel é mais do que um simples edifício”, cada um deles “tem uma identidade e uma ‘energia’”, dir-nos-á mais tarde Hervé Marrinhas, coordenador do Departamento de Marketing, Comunicação e Conectividade do grupo. “A música segue esta filosofia e pareceu-nos natural assumi-la como parte integral da cidade de Lisboa. [Por isso] criámos cenários onde ela é omnipresente, desde a decoração aos espaços interactivos disponibilizados aos hóspedes”, conta-nos por email.

Vistas e cascatas

Os quartos, 109 no total, distribuem-se ao longo de sete pisos, cada andar decorado com um estilo musical diferente, de clássica ao rock & roll, passando pelo fado, hip hop, jazz, dance e pop. O quarto que nos destinam fica no sétimo andar e, por isso, espera-nos muito rock, logo a começar pelo corredor. Na parede desfilam algumas das suas bandas mais icónicas e o cantarolar torna-se irresistível ao lermos nomes como Pink Floyd, Queen, Elvis ou Beatles (que se transformariam em refrões de Frank Sinatra, Madonna ou Kanye West, por exemplo, caso tivéssemos ficado num dos noutros pisos).

Entramos no quarto e o olhar recai imediatamente na fotografia que preenche toda a parede por detrás da cama. A guitarra eléctrica branca e amarelo-ovo é tão grande e magnética que quase lhe ouvimos os acordes rasgados. Tivéssemos vindo preparados para testar o sistema de som do quarto e não precisaríamos de muita imaginação para nos vermos (e ouvirmos) na primeira fila de um concerto. Bastava ligar o dispositivo móvel ao aparelho junto ao controlo do ar condicionado e deixar as colunas embutidas nas paredes fazerem soar as músicas preferidas. Como não é o caso, entretemo-nos a testar os painéis com touch screen que controlam os estores eléctricos e todas as luzes, incluindo iluminação ambiente amarela, azul ou de intenso vermelho (esta accionada por um sugestivo botão em forma de coração).

Lá fora, a varanda chama-nos para a noite amena sobre a rotunda do Marquês de Pombal e todo o Parque Eduardo VII, mas acabamos por trocá-la pelo bar lounge, atraídos pela música que nos chega do terraço, ali a poucos metros de distância. “Quero dançar nessa noite de lua cheia / Vou expressar quanto gosto de viver”, entoam os vocals de Inspiração, do alemão Praful. É no topo do edifício que encontramos o catalão Juan. Está em Lisboa por uns dias, em trabalho, e ficou alojado num outro hotel da zona. “Reparei nas luzes e vim ver o que era. É um bom sítio para beber um copo, tem uma vista fantástica”, defende, enquanto beberica um gin e nos pergunta como se chama aquele jardim logo ali em baixo ou qual é o nome do rio e do castelo que veríamos do outro lado do terraço se o breu nos deixasse agora vislumbrar. “Temos recebido muita gente, especialmente durante a semana, muitos estrangeiros e alunos de Erasmus que vivem aqui perto, e depois portugueses que viram que abriu há pouco tempo”, contam-nos ao balcão.

Quando percebem que somos jornalistas fazem-nos prometer que voltamos ali durante o dia, para admirarmos as tais vistas panorâmicas que se desvanecem na margem Sul, de um lado, e sobem até ao topo do parque, do outro, e para vermos funcionar a cascata que mergulha na piscina altaneira do hotel, ocupando o centro do terraço. Um mimo que nos garantem ser acessível a qualquer pessoa a partir das 19h, basta trazer fato de banho e consumir no bar.

Voltamos então na manhã seguinte, que as promessas são para se cumprir. Infelizmente não podemos esperar que a piscina abra ao público e só veremos a cascata deslizar em fotografias, mas as vistas lá estão, largas e belas, envoltas numa ligeira névoa matinal. Lá em baixo, os carros já se colam no quotidiano, formando lagartas de metal que lentamente se contorcem nos caprichos da rotunda do Marquês, obedecendo ao ritmo imposto pelos semáforos. Ao contrário do que imaginámos, excepção feita a uma ou outra buzinadela impaciente, aquele ruído urbano não nos chega ensurdecedor nem incomodativo (ou será que Lisboa já fez daquela a música habitual aos nossos ouvidos?). Ainda assim, se pudéssemos era já ali que ficávamos, numa das camas espreguiçadas ao sol, entre mergulhos, bronze e, claro, muita música.

A Fugas esteve alojada a convite do Fénix Music

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São 109 quartos que se dividem por sete pisos, sete estilos musicais diferentes a dominar a decoração: música clássica, fado, hip hop, jazz, dance, pop e rock&roll. Há quartos twin (chamam-se Harmony), duplos (Melody), com cama de casal king size (HF Music King) e com terraço privativo (HF Music Terrace), ora com vistas sobre o Parque Eduardo VII, ora para o centro da cidade e para o jardim do hotel. A piscina e o lounge bar ficam no topo do edifício, enquanto a sala de pequenos-almoços e o pequeno business center se acomodam no -1. Junto à recepção existe ainda um bar interior.

Nome
HF Fénix Music
Local
Lisboa, São Sebastião da Pedreira, Rua Joaquim António de Aguiar, 5
Telefone
210496570
Website
http://www.hfhotels.com/hf-fenix-music
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