Fugas - hotéis

  • Nuno Ferreira Santos
  • Nuno Ferreira Santos
  • Nuno Ferreira Santos
  • Nuno Ferreira Santos
  • Nuno Ferreira Santos
  • Nuno Ferreira Santos
  • Nuno Ferreira Santos
  • Nuno Ferreira Santos
  • Nuno Ferreira Santos
  • Nuno Ferreira Santos
  • Nuno Ferreira Santos
  • Nuno Ferreira Santos
  • Nuno Ferreira Santos
  • Nuno Ferreira Santos
  • Nuno Ferreira Santos

Continuação: página 2 de 3

O exótico palacete nascido do ouro do Brasil

Muito diferente dos tradicionais corredores das casas, este parece-se muito mais com um jardim interior, ou uma estufa, com plantas, colunas e candeeiros de rua. Dele podemos aceder a várias salas. À nossa direita fica a biblioteca, com sofás e um piano – “estava assim descrita na planta, mas o único vestígio que encontrámos foram estas cinco prateleiras para livros”, conta Rui. À nossa esquerda, do outro lado do corredor, fica o “salão dos espelhos” que funcionaria como salão de baile no tempo de João António dos Santos (hoje é usado como salão de chá e de brunch) e ligado a este por uma porta em forma de ferradura, a “salinha árabe”, usada no passado como sala de fumo. As paredes têm motivos orientais, entre o árabe e o asiático – há até um buda com um dragão sobre a porta. Desta sala pode-se sair directamente para o jardim. 

Do outro lado do corredor, a seguir à biblioteca, havia a salinha de música (hoje a recepção do hotel) identificada por um violino em estuque no tecto, e a sala de refeições, onde são servidos os pequenos-almoços (com pão, croissants, doce, queijo, fiambre, presunto, ovos mexidos e sumos naturais) e que, também ela, dá para o jardim. Este – que é na verdade mais uma varanda larga que um jardim – é dominado pela pujante buganvília. 

Se seguirmos, no exterior, pelo lado direito vamos dar a uma espécie de pequeno “jardim de fresco” como existia nos palácios, com uma romântica gruta decorada com pedaços de louça partidos – entre eles, diz Rui, restos do brasão dos Angeja, o que poderia significar que se trata de louças recuperadas das ruínas do antigo palácio. E, ao lado, uma gaiola de parede com um periquito-verde, a lembrar-nos que foi o dinheiro do Brasil que fez nascer este exótico palacete, que quanto ao exterior é geralmente descrito como neo-mourisco. 

Nos andares de cima ficam os quartos. Rui e Emílio fizeram algumas alterações, sobretudo na zona que estava dividida em vários quartos pequenos, possivelmente para os empregados, e que foi transformada numa enorme suíte. A maior das seis suítes é a do Torreão, tem 110 metros quadrados, e, no interior, uma pequena escada em caracol que dá acesso ao topo, de onde se tem uma vista de 360 graus sobre Alfama e o Tejo. 

A nossa suíte, a Amaya, fica no primeiro piso e divide-se entre o quarto propriamente dito, com a cama junto a uma enorme janela em arco que dá para o corredor interior do palacete, e uma pequena salinha, com sofás e uma mesinha de trabalho, que dá acesso à varanda. A estrutura labiríntica da casa – que, no fundo tem duas alas e, no extremo, uma “ponte” a ligá-las – pode ser confusa no início. Mas para chegar à Amaya temos como referência a pequena capela que antecede a suíte e que foi, diz Rui, o espaço que encontraram mais preservado. Seguindo pelo corredor decorado com fotografias a preto ebranco do Rio de Janeiro no início do século chegamos à porta do quarto. 

A única alteração neste quarto foi a construção de uma casa-de-banho moderna, com um duche generoso, bom para nos refrescar ao final da tarde. Da varanda observamos o movimento na rua ao cair do dia e, mais ao longe, os barcos a passar no Tejo, pensando na vida deste palacete que começou tão mal-amado pela sua cidade. E em João António, o português chegado do Brasil, a imaginar o seu castelinho, a vê-lo nascer e finalmente a dar festas no salão dos espelhos exibindo-se aos amigos e orgulhando-se da fortuna feita do outro lado do oceano. Depois, a família seguinte a chegar, cheia de crianças a correr pelos corredores e a brincar às escondidas nos secretos recantos da casa. E, mais tarde, os cinzentos despachantes oficiais a carimbar papéis sem tempo para olhar para os vitrais ou reparar no buda e no dragão por cima da porta na sala árabe. 

Nome
Chafariz d’el Rei
Local
Lisboa, Sé, Travessa do Chafariz d’el Rei, 6
Telefone
218 886 150
Website
http://www.chafarizdelrei.com/
--%>