Fugas - hotéis

  • Fernando Veludo/nFactos
  • Fernando Veludo/nFactos
  • Fernando Veludo/nFactos
  • Fernando Veludo/nFactos
  • Fernando Veludo/nFactos
  • Fernando Veludo/nFactos
  • Fernando Veludo/nFactos
  • Fernando Veludo/nFactos
  • Fernando Veludo/nFactos
  • Fernando Veludo/nFactos
  • Fernando Veludo/nFactos
  • Fernando Veludo/nFactos
  • Fernando Veludo/nFactos
  • Fernando Veludo/nFactos

Uma jóia meio escondida em Guimarães

Por Samuel Silva ,

O novo hotel da cidade, o Santa Luzia Art Hotel, impressiona pela arquitectura admirável e pela sua dimensão, aliados a um serviço de qualidade,

Para quem só conhece a Guimarães que vem nos guias turísticos tradicionais pode ser difícil encontrar o novo hotel da cidade. Fica meio escondido numa rua que já foi uma das principais entradas e saídas da cidade, mas que hoje está algo esquecida. Um projecto com outras características arriscar-se-ia a passar despercebido, mas não será o caso do Hotel Santa Luzia, que abriu portas no último dia do ano passado. A arquitectura excelente e a sua dimensão, que fazem desta um das maiores unidades hoteleiras locais, são condições suficientes para que se torne marcante.

O hotel toma a designação da área onde se implantou, Santa Luzia, a antiga estrada em direcção a Braga e ao Alto Minho. A rua (hoje com o nome de Francisco Agra) é estreita e de casario irregular, próprio de uma artéria que se desenvolveu em torno de uma entrada da cidade. Esta zona ficou de fora da dinâmica de reabilitação urbana que mudou a face de Guimarães nas últimas décadas e está, por isso, algo degradada, mas, mesmo que esteja arredada dos circuitos turísticos mais comuns, está bem próxima do centro histórico, do castelo ou da Plataforma das Artes e Criatividade, três dos melhores motivos para visitar a cidade. Não será, pois, necessário mais do que uma caminhada de cinco minutos para encontrar qualquer um destes lugares a partir do hotel.

Mas primeiro há que encontrá-lo. Para isso, o melhor ponto de referência é o edifício dos Correios, prestes a ficar vazio, na Rua de Santo António, numa das entradas do centro histórico. A rua estreita que se vislumbra a partir da entrada desse prédio mal-amado pelos vimaranenses é a de Santa Luzia e a unidade hoteleira está sensivelmente a meio dessa artéria. Ao fim de umas dezenas de passos, já não haverá como deixar de notar o edifício, que conjuga a fachada e o portão de entrada numa casa oitocentista com um desenho corajoso de um novo corpo construído ao lado da estrutura pré-existente. 

A obra foi projectada pelo gabinete de arquitectura Cerejeira Fontes, que tomou a opção de cobrir a fachada com um ripado metálico, que acentua a verticalidade da nova ala do hotel. Essa escolha repete-se no interior, onde tectos e paredes voltam a ser cobertos por ripados, desta vez em madeira. Essa solução torna-se uma verdadeira assinatura dos arquitectos bracarenses autores do projecto do Santa Luzia à medida que percorremos os vários espaços do hotel — e traz à memória que os ripados são centrais num dos projectos mais icónicos deste gabinete, a capela Árvore da Vida, no Seminário Conciliar de S. Pedro e S. Paulo, em Braga, vencedora do prémio ArchDAily de 2011 para o melhor edifício religioso.

Além da madeira, a arquitectura interior do hotel foca-se sobretudo no granito (de produção local), privilegiando as linhas rectas e simples. Mas, porque parte de uma pré-existente casa oitocentista de grandes dimensões — que estava abandonada há vários anos, encontrando-se bastante degradada — o projecto tenta manter essa memória, recuperando a sua organização original. Há uma lareira que dá as boas-vindas aos hóspedes e uma saleta que recorda as salas das casas de famílias abastadas. Por outro lado, o granito da fachada principal é deixado bem à vista na interior da área do bar ou na Loja das Tentações, um espaço de venda de produtos regionais e artesanato nacional, no rés-do-chão.

Estas soluções contribuem para tornar o espaço interior do hotel Santa Luzia bastante confortável. Aliás, apesar da dimensão da unidade, a decoração e a organização do espaço conseguem transmitir a mesma sensação de conforto de um hotel de charme de dimensões mais pequenas. Esse lado acolhedor faz parte da ideia que os promotores têm para a unidade vimaranense. “A intenção é que seja um espaço sempre aberto à comunidade”, explica o director comercial, Pedro Mendes. O restaurante e o bar do hotel, no rés-do-chão, têm portas de entrada que dão directamente para a rua, apostando em captar outros clientes para além dos respectivos hóspedes. E há salas multifunções disponíveis para receber reuniões de empresas, por exemplo, ou eventos de âmbito cultural. 

A inspiração para o conceito do hotel Santa Luzia são os hotéis da transição entre o século XIX e o século XX, que eram autênticos centros das respectivas cidades. “Queremos evoluir para essa dinâmica de que há sempre coisas a acontecer aqui”, explica Mendes. O Santa Luzia apresenta-se como um Art Hotel, apostando numa ligação “facilmente identificável” com uma cidade dinâmica em termos culturais. De resto, uma das intenções da unidade hoteleira é ter uma programação cultural permanente, que inclua exposições ou apresentações de livros.

De resto, um dos espaços mais marcantes do novo edifício é um espelho de água, que ocupa o espaço entre o edifício oitocentista que já ali existia e a ala inteiramente construída de novo, que tem uma bancada em anfiteatro. A parte interior da estrutura pode ser esvaziada, criando uma plateia e transformando em palco as plataformas onde assentam os cadeirões que, nos outros dias, servem o lounge-bar ao ar livre. Este anfiteatro tem também uma ligação directa com a rua, acentuando a relação com a cidade que todo o projecto pretende induzir.

O hotel Santa Luzia é fruto de um investimento de sete milhões de euros e já está a receber hóspedes desde 31 de Dezembro, mas só no final deste mês estarão concluídas na totalidade as obras e a decoração do espaço. Apenas nessa altura passarão a estar disponíveis os 99 quartos desta unidade hoteleira — que fazem deste um dos maiores hotéis de Guimarães —, dos quais 23 são quartos “prestige” (uma categoria superior que se define pela área mais ampla e pela existência de varandins ou pátios no quarto) e quatro suítes, todas duplex, com o quarto em mezanino sobre a área de estar.

Esta oferta é complementada por um spa, com um cardápio muito completo que inclui jacuzzi, sauna, banho turco, duche Vichy, ginásio, piscinas interiores e salas de tratamento. No telhado do hotel, o Santa Luzia tem uma outra piscina, exterior, com uma configuração muito comprida, que leva os responsáveis a classificarem-na como uma piscina “infinita” e que promete tornar-se num espaço icónico da nova unidade hoteleira. Este espaço terá um bar de apoio, com serviço de refeições ligeiras, quando o clima passar a permitir a sua abertura, e será também um espaço aberto a visitantes e não apenas a hóspedes.

Informações

Preços: Há três classes de quartos entre os 99 que constituem a oferta de 4 estrelas do hotel. Os preços para época alta (que vai de 1 de Julho a 30 de Setembro, bem como a semana que antecede a Páscoa) começam nos 105€ dos Comfort Single. Os quartos Prestige (twin ou duplo) custam 145€ e as suítes duplex alcançam os 175€ por noite. Nesta fase de lançamento da unidade hoteleira vimaranense, que decorre até 23 de Março, há promoções significativas, com as estadias a variarem entre os 65 e os 135€. A partir de Abril e até ao Verão, os preços vão situar-se entre os 79 e 150€. 

Como ir: Para encontrar o hotel há que chegar à Rua Francisco Agra (conhecida localmente como Rua de Santa Luzia). Para isso, vá até ao Toural, deixando a praça maior da cidade pela sua saída norte. Contorne o centro histórico pela Rua de Santo António até ao edifício dos Correios. A Rua de Santa Luzia é uma estreita artéria que aparecerá à sua direita uma vez contornada a rotunda. 
Até Guimarães, há bons acessos de automóvel através de auto-estradas. A partir do Porto (ou do Sul do país), siga a A3 até Famalicão, tomando depois a A7. A Norte, desde a fronteira de Valença, o ideal é usar a A3, até Braga, e depois a A11. E para quem vem do interior Norte, a A11 é também a melhor opção. De comboio, há ligações diárias a Lisboa por Intercidades (chegada depois das 21h30) e várias ligações por comboio urbano com o Porto ao longo do dia. 

Onde comer: No rés-do-chão do Hotel Santa Luzia funciona o restaurante com o mesmo nome, com uma capacidade para quase 100 clientes. Ao almoço, há um menu executivo (com o custo fixo de 12,50€ e uma opção entre um prato de carne e outro de peixe), também aberto a clientes que não estejam hospedados na unidade. Ao jantar o serviço é feito à carta, com sugestões que, no tempo frio, incluem costeleta de borrego, servida em crosta de batatas e ervas, cogumelos e espargos, mas também robalo em caril vermelho ou bacalhau confitado em azeite e trouxa de couve recheada de puré de coentros. De entrada, há uma sugestão do chef que no dia da visita da Fugas era constituída por um trio de tapas com gambas al ajillo, pimentos de Padrón e um gratinado de queijo de cabra.

A Fugas esteve alojada a convite do Santa Luzia Art Hotel

Nome
Santa Luzia Art Hotel
Local
Guimarães, São Paio (Guimarães), Rua Francisco Agra, 100
Telefone
253071800
--%>