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Nos Açores, há arte nestas casas de campo

As residências acontecem durante cerca de um mês (normalmente entre Novembro e Março), com oferta das passagens aéreas, estadia, carro. Entre cinco a dez por ano é o total que está programado. Aos artistas é dada “total liberdade para desenvolverem os seus projectos”. Objectivo? Proporcionar “tempo de reflexão, pesquisa e produção”. Há também uma parceria com o Arquipélago — Centro de Artes Contemporâneas, na Ribeira Grande: o artista divulga ali a sua história, o seu percurso artístico e o que está a desenvolver na residência, explica Bernardo Brito e Abreu. “Esse é o cerne das minhas residências artísticas, trazer os artistas à ilha para a comunidade ficar a conhecer artistas novos e os artistas ficarem a conhecer a ilha”, conta. “Por exemplo, Miguel Palma tinha sido aluno da minha mãe mas nunca tido ido aos Açores.”

Com estas residências, o Pico do Refúgio oferece, assim, uma mais-valia turística, analisa. “Todos [os que trabalham no Pico do Refúgio] vivem intensamente as residências. A parte do espólio da colecção que se vai criando é a mais óbvia da interacção com os hóspedes [que podem ir vendo as obras penduradas nas paredes]. Se estiverem interessados, podem perceber o conceito que está por detrás de uma obra — ou então passar ao lado.” 

O que o artista deixa no Pico do Refúgio foi criado lá — mas o tempo para a finalização fica ao critério de cada um. Bernardo Brito e Abreu quer vir a ter um projecto “mais sólido” com uma programação a longo prazo, quer trazer artistas estrangeiros e desenvolver uma interacção mais próxima com os hóspedes e artistas. Tem o projecto arquitectónico, à espera de aprovação, de ampliação do espaço: para mais unidades de alojamento, oficinas para os artistas, lugar de convívio e uma infra-estrutura para começar “a albergar a colecção que está a crescer”. 

As casas de campo começaram a funcionar em 2008, com projecto de arquitectura do próprio dono, até muito recentemente oficial da Marinha — hoje é finalista do curso de Arquitectura. “Desenhei o Pico do Refúgio a navegar”, lembra. Foram assim projectados em alto mar cinco lofts e três apartamentos, de vários tamanhos. Em todos há arte pendurada nas paredes, a maioria fotografias, tiradas por amigos seus fotógrafos, ou resultado de uma parceria que tinha com uma galeria que entretanto fechou. Ao lado da casa principal, costumam ficar artistas ou os turistas americanos que gostam de ar condicionado. No Verão, a piscina serve para aulas de mergulho — ali funciona uma escola de mergulho, Bernardo Brito e Abreu é ele próprio instrutor de mergulho. 

Os T1, com 16 camas fixas mas com capacidade para 25, têm áreas que vão dos 55 aos 110 metros quadrados. Em todos há lareira a aquecer o Inverno e uma manta no sofá — como se estivéssemos em casa. “Cada vez mais as pessoas querem sentir-se parte da comunidade que vão visitar. Uma dessas componentes é fornecer essa ligação num espaço com uma história vasta e com uma dinâmica que continua a funcionar. Podia voltar a fazer chá, mas não percebo nada de chá. Reproduzi aquilo que gosto, que sei e que vivi: as residências artistas num espaço rural”. 

Nome
Pico do Refúgio - Casas de Campo
Local
Ribeira Grande, Rabo de Peixe, Roda do Pico 5
Telefone
910529752
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