Estão a ver aquele sábado em que parte do país ficou debaixo de água? Pois é, nesse dia tínhamos estadia marcada no Arcos Hotel Nature & Spa, em Arcos de Valdevez, e dissemos mal da nossa vida pelo tempo que nos saíra na rifa. A chuva e o vento não aconselhavam a sair de casa, quanto mais a enfrentarmos a auto-estrada em direcção a Norte. Resultado: nunca tivemos tanta vontade de chegar, de finalmente chegar, e isso pode ser um problema, porque a expectativa é tanta que podemos ficar seriamente desiludidos se algo não corresponde ao que esperávamos quando finalmente estacionamos o carro e entramos no hotel.
Mas o Arcos Hotel, novo em folha, estreado apenas no final de Setembro do ano passado, não tem razões para desiludir ninguém. O edifício de três pisos, com a fachada totalmente tomada por grandes janelas de vidro, não é particularmente atractivo, mas lá dentro sentimo-nos aconchegados assim que entramos no amplo hall em que está situado a recepção. As madeiras claras e a tonalidade verde-azul do símbolo do hotel que aí encontramos acabam por ser reproduzidas nos quartos, de tamanho e com camas confortáveis.
E até podíamos ficar já pelo quarto, a ouvir a chuva cair lá fora, a espreitar da janela as igrejas do centro dos Arcos de Valdevez e o rio, inchado como ainda não o tínhamos visto, engolindo as margens que, no Verão, costumam estar cheias de gente, aproveitando a sombra das árvores e a serenidade do Vez. Mas o hotel tem spa no nome e é para lá que nos dirigimos, porque depois de uma viagem stressante nada melhor do que uma massagem relaxante para esquecer.
Antes de entrarmos para a sala pintada de azul, com uma clarabóia no tecto fustigada pelas pingas da chuva, espreitamos a zona do circuito de água que está aberta a todos. E os hóspedes do Arcos Hotel não se fazem rogados. As espreguiçadeiras estão todas ocupadas por toalhas de pessoas que se espalham pela piscina, o jacuzzi, a sauna e o banho turco. Dali a pouco, hão-de chegar algumas crianças acompanhadas da família e o espaço fica ainda mais animado, mas nessa altura nós já estamos entregues às mãos de Raquel, que em menos de uma hora consegue fazer desaparecer os sinais de tensão deixados pela condução em dia de temporal.
Saímos do spa com um chá nas mãos e instalamo-nos na sala do 1.º piso com confortáveis sofás negros e a televisão em que um hóspede vai vendo um jogo da liga espanhola de futebol. Não é o mesmo com quem nos cruzáramos à entrada, acompanhado da mulher, e que cumprimentara Bruna Fernandes, da área comercial do hotel, como se fossem velhos amigos. Com as devidas distâncias, são mesmo, diz ela. “Desde que abrimos que têm vindo a todos os eventos que organizamos. Estiveram cá para o Carnaval e a senhora disse logo que tinham de vir também para o Dia dos Namorados”, explica Bruna. A eles não lhes parece ter custado fazer a viagem entre Oliveira de Azeméis e os Arcos de Valdevez, de tão sorridentes que estão quando entram no hotel. Ou, se calhar, é só a alegria de terem chegado.
Por causa do Dia dos Namorados, uma das salas do rés-do-chão está reservada para o jantar temático que o hotel organizou. Lá dentro é tudo branco e vermelho e a banda que animou a noite foi um belo teste à insonorização dos quartos — não se ouvia um pio.
Quem não aderiu ao programa do Dia dos Namorados não se arrependeu de certeza. Do outro lado do hall, o restaurante Foral de Valdevez organizou um jantar buffet cheio de iguarias — entradas que nunca mais acabavam, atum fresco no ponto, carne envolvida em massa falhada e sobremesas que simplesmente eram demasiadas para se poder experimentar todas (mas as que experimentámos estavam óptimas).
A maior parte dos hóspedes são portugueses e a festa organizada pelo hotel para celebrar o Dia de São Valentim não foi um acaso. Bruna Fernandes diz que a componente de eventos é “fundamental” para chamar pessoas e que os programas com descontos, ofertas e jantares incluídos “têm ajudado imenso” à captação de clientes fiéis. Como o casal de Oliveira de Azeméis e outros como este. Por isso, o calendário dos principais eventos já está bem delineado até ao final do ano (é só ir espreitando a página do hotel) e as reservas para a Páscoa já começaram a chegar em força.
Mas o hotel sabe que os potenciais clientes não chegam ali para usufruir apenas do que está dentro de portas. A envolvência e tudo o que ela tem para oferecer é outro ponto forte do Arcos, refere Bruna, e também a razão para o esverdeado do símbolo e da inserção de “Nature” no nome da unidade. É que para lá da vila dos Arcos de Valdevez está o Mezio, está o Gerês, está o rio e uma ciclovia de 25 quilómetros. Está a possibilidade de fazer passeios a cavalo, de percorrer trilhos naturais, de descer o rio das mais variadas maneiras ou de montar na bicicleta e deixar-se ir. E, claro, há a vila com as suas igrejas, o Paço de Giela mesmo ali ao pé e a frase gravada numa das fachadas: “Aqui se fez Portugal”. Bruna, que é de Braga, diz que estranhou a frase: “Então não foi em Guimarães que nasceu Portugal?”, perguntou. Agora, risonha, recorda a explicação. Portugal nasceu em Guimarães, mas foi nos Arcos de Valdevez que se fez, porque foi este o palco para o torneio organizado entre soldados de D. Afonso Henriques e D. Afonso VII, de Castela, para evitar uma terrível batalha, e que acabou com a vitória nacional, seguida da assinatura de um armistício.
No restaurante Foral de Valdevez há um enorme quadro em azulejo que relembra a disputa. Com o delicioso e variado pequeno-almoço que o aguarda, depois de uma noite bem dormida, vai ter muito tempo para ir apreciando a peça.
A Fugas esteve alojada a convite do Arcos Hotel Nature & Spa
- Nome
- Arcos Hotel Nature & Spa
- Local
- Arcos de Valdevez, Giela, Lugar de Requeijo
- Telefone
- 258093600
- Website
- http://www.arcoshotelnature.com/