Fugas - hotéis

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Pensão, logo hotel

Por Carla B. Ribeiro ,

No centro da cidade de Lisboa, no edifício que durante muitos anos albergou duas familiares pensões, o Expo Astória, de três estrelas, acusa quase sempre casa cheia. O segredo está no serviço e no ambiente, mas sobretudo nos detalhes.

Das velhinhas pensões que funcionavam no edifício Art Déco do número 10 da Rua Braamcamp, em Lisboa, o Expo Astória manteve o nome de uma (a outra era a Pensão Casal Ribeiro cujas instalações, nos primeiro e segundo pisos, apenas foram remodeladas e integradas no conjunto da oferta recentemente), o espírito intimista e, naturalmente, a localização privilegiada. 

No entanto, para Gustavo Cavallaro, que assume a direcção da unidade desde a sua abertura há dois anos, a ideia de se servir da localização como uma muleta para promover o Expo Astória está fora de questão. “Um hotel não se vende sozinho só por causa do sítio onde fica”, mesmo tendo em conta que este fica a um minuto a pé da Avenida da Liberdade e a dois da Rua Castilho. E, sobretudo, não é por causa da localização que um cliente vai voltar. “É pelos detalhes. É nisso que nos podemos distinguir.” Exemplo disso é o faustoso pequeno-almoço servido diariamente. Algo possível, explica o director à Fugas, pelo facto de o hotel ter optado pela criação de uma empresa de outsourcing, a Expo Food, que presta todo o tipo de serviços de food & beverage ao hotel. O resultado, como pudemos comprovar, traduz-se em vários pratos quentes, uma oferta variada de fruta, lacticínios e frescos, compotas e doces, já para não falar dos diferentes tipos de pães e de croissants que passam a manhã a chegar quentinhos às bancadas de self-service. Um luxo, portanto.

Mas não é só. Os quartos, cujo mobiliário foi todo desenhado por uma equipa própria e feito à medida, apresentam diferentes tipologias, prontas para atender diferentes necessidades. Cavallaro refere a título de exemplo a existência de alojamentos familiares que, além de um casal, têm capacidade para acomodar confortavelmente — “numa cama com um colchão a sério”, sublinha o responsável — até duas crianças. Quando a ocupação se fica por uma ou duas pessoas, a zona com esta cama suplente é aproveitada como um minissala de estar ou, no nosso caso, até mesmo como uma resguardada zona de trabalho.

À parte do mobiliário e da decoração, praticamente toda a estrutura, idealizada pelo arquitecto português Nuno Lagartinho para o ex-Evidência Astória Creative Hotel, foi mantida. As cores, as texturas, alguns objectos de decoração ou de design, pensados para criar um ambiente sóbrio e relaxante, eram apropriados e foi decidido manter o mesmo registo. “Com toda a luz que Lisboa tem, entrar no hotel é como que penetrar numa caverna”, uma espécie de refúgio, de temperatura controlada, que nos impele a relaxar. Sem contar com as obras estruturais que abriram os primeiro e segundo pisos a hóspedes, a maioria das alterações foram sobretudo a nível operacional. E sempre no sentido de tornar o hotel o mais confortável possível.

Não é por isso de espantar que pelos espaços comuns os hóspedes se vão deixando ficar, entre um copo e outro, quer pelo bar quer pela pequena esplanada na calçada em frente à porta do hotel. À nossa volta impera um classicismo, impresso pelos tons de castanhos e de âmbar, e ao mesmo tempo, uma certa irreverência sublinhada por algumas peças expostas – caso dos moldes de uma fábrica de luvas de Coimbra, das luminárias com assinatura do conceituado designer francês Philippe Starck ou dos candeeiros que faziam parte do espólio do Estoril Sol. Em cada canto encontra-se uma referência ao mundo do design ou uma peça que parece ter sido criada de propósito para aquele espaço. Sem nunca sacrificar o desejável conforto.

Um conforto que nos deixa embalar em sonhos prazenteiros noite dentro. Até porque, mesmo tendo em conta estarmos a dormir num edifício no coração lisboeta e o facto de ser um dia a meio da semana, o silêncio impera entre paredes. O silêncio e a possibilidade de vedar toda e qualquer luz matinal que interfira com o sono. A garantir o controlo da iluminação, uma forte estrutura em madeira a servir de blackout. 

Camarões, restaurante criativo

A ideia de abrir um restaurante que servisse apenas os hóspedes do hotel morreu ainda antes de nascer. O objectivo era antes abrir as portas do hotel a quem trabalha nas redondezas. Para isso, depois de a Expo Food ter tomado as rédeas do espaço, foi construído um conceito que tanto possa agradar aos primeiros como atrair os segundos.

O nome, Camarões, foi adoptado de um restaurante em Natal, no Brasil, onde os responsáveis fizeram um workshop sobre as várias formas de trabalhar a proteína homónima. Mas, chegados a Lisboa, depressa perceberam que a carta não se podia basear apenas em camarões: “O turista, especialmente o de longo curso, não passa sem provar o bacalhau. E depois há os que não dispensam a carne.” Assim, a ementa foi evoluindo e hoje apresenta uma proposta em forma de viagem, por Portugal, mas também pelos trópicos, por Itália, pela Índia ou pelo Japão. Os camarões permanecem as estrelas da cozinha, mas esta foi enriquecida com o que de melhor se faz um pouco por toda a parte. Actualmente, o restaurante lota durante a hora de almoço, em que há sempre quatro ou cinco propostas (no dia em que por lá passámos havia, por exemplo, tiras de choco, hambúrguer em pão de caco, bife de novilho e risotto de pato) com preço fixo de sete euros. À noite, o espaço transforma-se para receber sobretudo hóspedes e um ou outro grupo que busca alguma privacidade, e as propostas são as da carta.

Nome
Hotel Expo Astória
Local
Lisboa, Coração de Jesus, Rua Braamcamp, 10
Telefone
213861317
Website
http://expoastoria.pt/
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