Há lugares que têm tanto de simples como de mágico e o Parque das Termas da Curia é um bom exemplo. São 14 hectares repletos de árvores, jardins, fontes e um lago artificial, que adornam um conjunto de edifícios marcados pela arquitectura Arte Nova e Belle Époque. Uma paisagem digna de ser transposta para uma tela. Se fosse obrigatório definir este recanto com apenas uma palavra, a escolha não seria muito difícil: romântico.
Pode parecer exagero, mas a verdade é que este parque é especial e merece uma visita. Ou, melhor ainda, pode fazer como a Fugas e aceitar o convite para pernoitar no seu interior, mais concretamente no Hotel das Termas da Curia, com direito a usufruir do spa, ginásio e piscinas da estância termal. E caminhar ou pedalar ao longo do parque e das ruas desta pequena localidade da região da Bairrada, na qual, como não podia deixar de ser, há muitas iguarias para provar e chorar por mais – já lá iremos, um pouco mais à frente.
Nesta unidade hoteleira de três estrelas, cujos quartos têm vindo a ser renovados, há muito para fazer numa escapada de dois ou três dias, com propostas para quase todos os gostos e idades. Desengane-se: um fim-de-semana numa estância termal não é um programa para seniores. A única regra que, de forma natural, se sentirá obrigado a seguir à risca é a de relaxar e aproveitar para respirar a plenos pulmões nesta pequena mancha verde do concelho de Anadia. Tanto mais porque quase nem sentirá necessidade de sair do hotel para o conseguir. Especialmente se tiver a sorte de fazer coincidir a sua escapada com uns dias soalheiros, conseguindo aproveitar a bonita esplanada montada à porta da entrada do hotel – na qual irá render-se à sombra das árvores seculares ali plantadas -, bem como a sua piscina exterior.
No interior do hotel, instalado num edifício com linhas clássicas e charmosas, também encontrará todo o conforto e comodidades para cumprir a “missão relaxar”. Começando desde logo pelos quartos (standard, júnior suite ou suite), que surpreendem pela generosidade de espaço – e por falar em tamanhos grandes, adorámos a ideia de nos terem reservado um quarto com uma cama kingsize. Com uma decoração sóbria, que junta algumas peças de mobiliário antigo com elementos mais modernos, têm essa grande vantagem de estarem virados para a paisagem do parque - o mais normal é que mal entre no quarto se sinta impelido a abrir as enormes janelas, deixando que o ar puro invada o espaço interior. Os quartos de banho mantêm a tónica da simplicidade, sob a dominância dos tons claros, e estão todos equipados com banheira e secador de cabelo.
Navegar a pedais
Fica a confissão: atendendo a que a nossa estadia no Hotel das Termas da Curia aconteceu num desses últimos (e saudosos) fins-de-semana de Verão, a prioridade passou por sair para fora de portas e deixar o programa de massagens no spa para depois. Metemos pernas ao caminho – para os amantes das duas rodas, há a possibilidade de recorrer ao serviço de aluguer gratuito de bicicletas disponível no hotel – e fomos calcorrear os trilhos do parque que, definitivamente, ainda é um espaço de eleição para os passeios de fim-de-semana em família. Crianças e jovens, acompanhados dos pais e dos avós, passeiam e brincam junto aos jardins, e protagonizam o fantástico vaivém de “gaivotas” (pequenas embarcações para duas pessoas, movidas a pedais) ao longo das águas do lago artificial, numa brincadeira pegada que é vigiada de perto pelos patos que habitam naquele local.
Prosseguimos a caminhada ao longo dos trilhos, aproveitando o circuito de manutenção para desenferrujar o corpo, e ficámos encantados com a imensidão de verde que se estende à nossa volta. E como a nossa to do list compreendia a degustação de “amores da Curia” – uns pastéis recheados com ovos-moles e polvilhados com açúcar em pó – insistimos queimar mais calorias, estendendo o passeio para além das fronteiras do parque. Percorremos toda a Avenida dos Plátanos, uma artéria ladeada por gigantescos plátanos, que nos conduz até à antiga estação de comboios da Curia, um imóvel que vale a pena visitar – tanto mais porque, actualmente, acolhe um Espaço Bairrada, com a exposição e venda de produtos locais.
De regresso ao hotel, era altura de experimentar o spa, que funciona nos edifícios das termas, um conjunto de imóveis de beleza rara – ainda que, por esta altura, comecem a reclamar uma intervenção humana que lhes devolva o esplendor devido e que tiveram noutros tempos (sabia que esta foi uma das estâncias termais mais concorridas do país na primeira metade do século XX?) – e onde se encontra instalada a buvette (as águas da Curia são especialmente indicadas no tratamento de doenças como a gota, pedra nos rins, infecções urinárias, hipertensão arterial, reumatismo, problemas de coluna, artrite).
No interior do spa, poderá usufruir de um ginásio, equipado com uma grande variedade de aparelhos, piscina interior aquecida e hidromassagem. Com uma decoração simples, sem luxos e despido daqueles elementos decorativos (velas, toalhas coloridas, pétalas de flores ou bambus) que caracterizam os spas mais modernos, este espaço dispõe de uma lista de tratamentos e massagens vasta: duche escocês, massagem de tonificação muscular, massagem geotermal, duche massagem de Vichy, pressoterapia com massagem de drenagem linfática, além de variados tratamentos de rosto e corpo, nomeadamente de esfoliação e hidratação, entre outros. A nossa escolha recaiu numa massagem de relaxamento, que operou verdadeiros milagres.
Se ainda lhe sobrar tempo (e energia) para sair do parque termal, há uma série de propostas de visitas e degustações que estão ali quase ao virar da esquina – a poucos quilómetros encontrará várias caves de vinhos para visitar, assim como dezenas de restaurantes especializados no leitão da Bairrada. Caso contrário, pode sempre optar pelo restaurante do hotel, o Dom Carlos (local onde são também servidos os pequenos-almoços), especializado em cozinha tradicional portuguesa e com ementas dedicadas a clientes sujeitos a regimes dietéticos. Na noite em que por ali passámos, a ementa do jantar propunha massada de tamboril ou entrecosto – a segunda opção, por favor –, antecedidos por uma sopa de legumes.
Para terminar a noite, nada melhor do que aproveitar a esplanada instalada à entrada do hotel para tomar um chá e respirar o ar puro desta localidade que carrega a palavra “cura” no próprio nome – reza a história que, na época da ocupação dos romanos, estas termas eram conhecidas pelo nome Aquae Curiva (água que cura) e que foi do topónimo Curiva que adveio o nome actual da povoação.
Como ir
Seguir pela A1 até à saída n.º 14 (Cantanhede/Mealhada) e apanhar a Nacional 234 até encontrar o cruzamento de ligação à Curia (devidamente sinalizado, assim como o restante percurso).
O que fazer
Além dos passeios no parque e os tratamentos de spa, pode aproveitar o facto de estar em pleno coração da Bairrada para visitar algumas adegas e caves, sem deixar de passar no Museu do Vinho da Bairrada, situado em Anadia. E como Coimbra e Aveiro estão ali tão próximas, a 25 e 30 quilómetros de distância, respectivamente, não lhe faltarão locais a visitar.
A Fugas esteve alojada a convite do Hotel das Termas da Curia
- Nome
- Hotel das Termas da Curia
- Local
- Anadia, Tamengos, Hotel das Termas da Curia - Parque Curia
- Telefone
- 231 519 800
- Website
- www.hoteldastermas-curia.com