Fugas - hotéis

  • DR
  • DR
  • DR
  • DR
  • DR

Como príncipes num castelo escocês

Por Mara Gonçalves ,

Durante um dia, vivemos como príncipes no castelo de Duns, no Sudeste da Escócia. Entre camas de dossel, torreões, lagos de cisnes e histórias da nobreza escocesa, pouco faltou à fantasia dos contos de fadas.

Os olhos vêm lavados de prados verdes e amarelos, pontilhados por dezenas e dezenas de ovelhas e cordeiros, quando dobramos a estrada principal de Duns, uma pequena cidade no Sudeste da Escócia com pouco mais de 2500 habitantes. Em minutos chegamos ao pórtico de arco em ogiva e torres de ameias que marca a entrada no castelo de Duns — e o início de uma viagem no tempo. Durante um dia, viveremos como príncipes num castelo onde pouco faltará à fantasia dos contos de fadas. Há torres fortificadas e escadas em caracol, salões e camas de dossel, corvos, gárgulas e um casal de cisnes brancos a nadar no imenso lago.

E Alick e Aline Hay, o casal anfitrião. Depois de um momento animado de falcoaria no relvado em frente ao castelo, é Alick quem nos guia pelo edifício, propriedade da família há mais de 300 anos. “A casa original foi construída por Thomas Randolph, Earl of Moray, nas terras concedidas pelo tio, Robert, the Bruce, rei da Escócia, como agradecimento pelo seu papel na Batalha de Bannockburn, durante a Primeira Guerra pela Independência Escocesa”, começa por contar, desfiando a história genealógica de famílias nobres que foram herdando e adquirindo o castelo. Do edifício original do século XIV pouco resta além da torre com escada em caracol que nos guia até aos quartos, nos pisos superiores.

Em 1696, John Hay, marquês de Tweeddale, comprou a propriedade e, como quem conta um conto acrescenta um ponto, a mansão foi crescendo no século seguinte de acordo com as necessidades e gostos de cada proprietário. “Existe um relatório da época que sugere que Duns naquela altura era a casa mais feia em Berwichshire e, tendo visto o esboço, eram capazes de ter razão”, ri-se. Talvez William Hay tenha lido a mesma crítica. Em 1820, decidiu “refazer completamente” o edifício, procurando harmonizar o conjunto entretanto construído. “Um makeover, como lhe chamam agora.” Exterior e interior foram redesenhados ao estilo gótico, repleto de nervuras, arcadas e janelas em ogiva. Foi criada uma nova entrada, mais magnânima, rendilharam-se ameias no alto dos torreões, esculpiram-se gárgulas no topo da fachada (algumas de face inspirada nas gentes de Duns, diz-se). A mansão transformou-se num pequeno castelo. E muito pouco foi modificado desde então.

O mobiliário é quase todo dessa altura. As camas de dossel com o brasão da família, os floridos papéis de parede, as tapeçarias, as campainhas de cordel para chamar os empregados, os robustos espelhos e armários em madeira maciça, os quadros de antepassados que preenchem as principais divisões — e Alick vai nomeando cada um dos retratados, contando histórias da família. A instalação eléctrica chegou em 1950. “A minha avó dizia que já era muito velha para liderar as obras necessárias a tal mudança.” Só um aspecto nos traz constantemente ao tempo presente: dezenas de fotografias de família povoam alguns dos móveis.

Casar com uma casa

Os pais moravam no castelo quando Alick nasceu e foi entre as grossas paredes de pedra e as histórias de família que passou a infância, até ir para a universidade. Regressou quando casou com Aline. Primeiro para o antigo edifício dos estábulos, depois para o castelo, em 1985. “Sentimos que se não voltássemos a casa naquela altura não teríamos nada a que regressar [no futuro]”, recorda. “Os problemas financeiros aqui eram bastante severos.” A manutenção do castelo foi sendo assegurada, mas o resto da propriedade estava “em más condições”. O casal, agora com 68 anos, pôs mãos à obra e foi recuperando os terrenos e as casas de campo, devolvendo a mobília, entretanto guardada nos sótãos, às respectivas divisões. Queriam abrir o castelo a forasteiros. E assim garantir que ele se seria capaz de se auto-sustentar.

A primeira aventura foi em 1991, quando alojaram uma equipa de golfe que vinha participar no principal torneio escocês. Aline ainda terminava de coser na máquina os lençóis e cortinados quando Alick desceu para os receber. “Estava tão nervosa porque era a primeira vez que pessoas iam realmente pagar para ficar cá”, recorda. Depois de uma noitada de conversa, de preparar tudo para os pequenos-almoços e de ir trabalhar na manhã seguinte, Alick jurou para nunca mais. Mas fora apenas o choque da estreia a desabafar. Entretanto, começaram a receber cerimónias e festas de casamentos, depois grupos de caça na propriedade e agora dividem-se sobretudo entre eventos e estadias em grupo. “Ainda hoje ela não gosta de receber dinheiro das pessoas. Esse é o meu trabalho”, ri-se o antigo contabilista.

É possível reservar o castelo, sempre em regime de exclusividade, para uma festa ou férias em família ou grupo de amigos. Nos 12 quartos principescos cabem 23 pessoas (algumas casas de banho são partilhadas). E há ainda várias casas de campo espalhadas pela propriedade. Seis delas, totalmente equipadas, estão abertas a hóspedes, funcionando autonomamente. Foi numa delas que dormimos, com vista para o lago (e só o passeio até lá já é uma delícia, entre o vento a perfumar as árvores, os patos e os cisnes a nadar ou a dormitar nos relvados, o som dos pássaros pela manhã).

Apesar da transformação em unidade de turismo, Alick e Aline continuam a viver no castelo e tomam as rédeas de toda a operação. “Uma casa como esta morre se não for habitada”, defende Aline, que ainda hoje brinca, dizendo ter “casado com uma casa e não um homem”. “Se não vivermos nela não vemos a manutenção, os problemas, não lhe damos calor, vida.” É isso que distingue Duns de muitos outros castelos, palácios e mansões transformados em hotéis. “Não têm coração porque muitas vezes compram simplesmente mobiliário antigo para colocar lá, enquanto nós sabemos toda a história que aqui existe.” Não apenas os intrincados pormenores das linhagens que habitaram o edifício, mas também parte da própria história da Escócia. “Temos registos sobre como viviam, as compras que faziam, as querelas que tinham com a igreja.” E gostam de contá-lo a quem chega, de mostrar os cantos à casa, de partilhar com os hóspedes a comprida mesa da majestosa sala de jantar. “Se nos quiserem, claro”, atira Aline, entre risos.

“Achamos que os faz sentirem-se mais em casa e é isso que queremos”, completa Alick. É essa a principal razão para deixarem as fotografias de família, com os filhos e os netos, sobre os móveis. “Dá-lhe um ar familiar, acolhedor. É o que faz com que as pessoas não se sintam simplesmente num museu.” Mas num castelo com vida.

 

HomeAway sorteia cinco noites no castelo de Duns para vencedor e 20 convidados

Se tem mais de 18 anos e reside no Reino Unido, nos Estados Unidos, em França ou na Alemanha pode participar no passatempo lançado pela HomeAway para celebrar a estreia do filme A Bela e o Monstro, em exibição nos cinemas portugueses desde 16 de Março. A plataforma de aluguer de alojamento para férias fez uma parceria com a Disney e está a sortear uma estadia de cinco noites no castelo de Duns, um dos mais de 900 castelos disponíveis para reservas no site da empresa. O primeiro prémio integra estadia para o vencedor e 20 convidados, com viagens, refeições e actividades incluídas. Vão ainda ser sorteados cinco pacotes de sete noites numa propriedade à escolha no catálogo da empresa, para cada vencedor e quatro convidados (viagens incluídas). Participações encerram às 10h59 de 31 de Março.
www.homeaway.co.uk/lp/disney

 

Guia prático

Como ir

O castelo fica a poucos metros da pequena cidade que lhe dá nome, Duns, localizada na região de Scottish Borders, cerca de 80 quilómetros a Sudeste de Edimburgo. A melhor forma de aqui chegar é aterrar no aeroporto da capital escocesa e partir de carro até à propriedade. A viagem dura cerca de uma hora, entre prados verdejantes e muitas, muitas ovelhas.

A Fugas viajou a convite da HomeAway

Nome
Duns Castle
Local
Estrangeiro, Grã-Bretanha, Duns Castle Estate - Duns, Escócia (Reino Unido)
Telefone
(+44) 01 361 883 211
Website
www.dunscastle.co.uk
--%>