Fugas - hotéis

  • Luís Octávio Costa
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Viana do Castelo descobriu o segredo do conforto radical

“À volta do hotel há muito trabalho”, comenta José Sampaio, CEO do hotel. José é filho de peixe e sabe voar. “É obcecado pelo kitesurf”, diz a mãe, Manuela. Já fez Caminha-Porto na companhia de uma prancha e uma asa. Sofre quando não está vento. “Há pessoas que fazem férias atrás do vento. A miséria de uns é a alegria de outros”, sorri, enquanto consulta as aplicações com auspiciosas previsões meteorológicas. À volta do hotel, sublinha, há “um projecto pioneiro” que pretende “combater a sazonalidade” e mudar a cara da cidade, que, para o bem e para o mal, tende a guardar para si as suas maravilhas.

O FeelViana está em contacto, sente o pulso à cidade, pedala até ao santuário, reinventa as iguarias, protege as dunas (“elas protegem-no a si”) e investe de uma forma sustentável. Bruno explica a teoria (“Se o meu vizinho fizer algo bom, vou fazer pelo menos igual”) e deixa uma das muitas receitas: o Feel investiu 20 mil euros em equipamento que foi entregue aos nadadores salvadores (barco de apoio, binóculos, kit de oxigénio, rádios à prova de água, fatos isotérmicos e capacetes). Objectivo? “Um: praia segura. Dois: época balnear alargada. Três: elevar a fasquia”, responde Bruno enquanto ultima a preparação de um teste para um plano de evacuação de um raider de kitesurf politraumatizado (em coordenação com os nadadores lalvadores e o Hospital de Viana do Castelo).

Num par de dias fizemos a prova dos nove. Está frio e escuro lá fora. Há um hotel radicalmente confortável cá dentro, um spa com amplas braçadas, vista panorâmica muito nórdica e massagens looooongas. Amanhece com borrasca lá fora. Tomamos um longo pequeno-almoço cá dentro, sentados nas cadeiras Acapulco verde água a olhar para os pinheiros e a linha de mar. “Cavalgamos” uma Big Jon (“fat bikes” que não conhecem nem terrenos nem estações impossíveis) pela areia da praia até ao Castelo do Neiva. Pedalamos mar adentro com água pelos joelhos. Está sol lá fora. #nowindnoproblem. Abraçamos uma SUP, subimos o rio, descemos o rio, contrariamos a corrente. Equilibramo-nos numa prancha de surf. Sorvemos um Poderoso Açaí (e um hambúrguer de novilho da serra D’Arga) lá dentro. Chegou o vento! Festa lá fora! Asas no ar. José Sampaio a deslizar — um olho no mar, o outro na estrutura de apoio, um satélite que está a ser construído na praia.

O FeelViana é feito de pequenos detalhes. Tem um leque de instrutores (reforçado nos meses mais quentes por uma equipa de especialistas estrangeiros). Tem uma professora de ioga e de pilates (também fisioterapeuta). Tem bicicletas de estrada, remos de carbono, desconto do aluguer numa possível compra de equipamento e cacifos para ventilação de fatos isotérmicos. Quer ampliar a carta do restaurante e quer ter uma nutricionista na equipa.

Viana ainda é o que era? Subimos o monte de Santa Luzia para olhar para o Cabedelo. Descemos o rio Lima e chegamos ao Cabedelo. Atravessamos a Ponte Eiffel e damos com o Cabedelo. Bolas de Berlim no Cabedelo? Isso ainda é segredo.

Duas cozinhas gulosas

Nome
FeelViana
Local
Viana do Castelo, Viana do Castelo, Rua Brás de Abreu Soares, 222. Praia do Cabedelo
Telefone
258 330330
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