A melhor hora para vir é a partir das seis da tarde, quando abre o bar. É também a ‘Hora do Vinho’, por isso vale a pena começar pela Tasca das Camellas, no pátio do hotel, para beber o copo de vinho que o hotel oferece às seis em ponto. Quem sabe encontra por lá outras estrelas, do mundo da arte e do espectáculo, tantas são as que por lá passam.
“(...) A Tasca das Camelas / Para mim era um sonho, o céu cheio de estrelas: / Nossa Senhora a dar de cear aos estudantes / Por 6 e 5! Mas ah! foi-se a Virgem dantes / Tia Camela... só ficou a camelice.”
Sim, a rua tem tradição de tasca. Antes do Pratas já por ali existira a tasca assim cantada pelo poeta António Nobre, em Só (“o livro mais triste que há em Portugal”, publicado em Paris, em 1892). Eça de Queiroz e Antero de Quental, e outros da Geração de 70, comeram e beberam na Tasca das Camelas, na Alta coimbrã.
Carlos Fiolhais conta a estória: “A tasca era assim chamada por ser de três irmãs todas elas Camelas e todas elas com o nome da Virgem. As Memórias contam que os estudantes perguntavam a uma qualquer das Marias Camelas: ‘Ó tia Maria, quanto devo aí?’ E a resposta era sempre generosa: ‘Filho, tu é que sabes; eu sei lá quanto comeste, nem quanto gastaste?’”.
Da camelice ficou o conceito sunset “Hora do Vinho”, a convidar para uma paragem ao fim da tarde debaixo da frondosa e centenária nogueira, de cujas nozes se farão a sobremesa da casa, a Sapientia, a não perder. Prolongue-se o sunset, pois já não apetece sair dali, e peça-se a imponente tábua Sapientia. Degustem-se os queijos, o presunto, as empadas de cabrito, o humus de grão, os frutos secos, o bacalhau com grão.
Um dia poderemos escolher o vinho na garrafeira subterrânea, dentro da cisterna do século XVI que, nas escavações, aterrou entre a recepção e o pátio, obrigando a uma intervenção arquitectónica inesperada que a Depa Architects transformou num resultado surpreendente: a passagem faz-se em vidro por cima da cisterna, iluminada desde metade dos seus seis metros de profundidade, para realçar a pétrea estrutura.
Quartos personalizados
Apetece ficar? A escolha dos aposentos é uma ida à biblioteca. São 22 unidades de alojamento de elevada qualidade — seis quartos, 16 apartamentos, suítes e lofts e quatro superior one bedroom apt —, cada uma inspirada num escritor português com ligações a Coimbra. E Fernando Pessoa, claro, cuja primeira edição da Mensagem está na Biblioteca Joanina. Os quartos são personalizados de acordo com o autor que lhe dá o nome, mas também têm uma personalidade própria em termos de arquitectura e decoração.
Ficamos no invulgar Ramalho Ortigão superior one bedroom apt: uma unidade generosa em espaço, (60 m2), as Farpas por cima da cama king size, seis janelas altas, os tectos trabalhados, o clássico a fluir para o contemporâneo e uma solução surpreendente — a box de microcimento, um paralelipípedo preto onde se encaixa o wc de um lado e a kitchenette do outro. Perfeito para uma família, ou para uma estada mais prolongada, pois dispõe de mesa de trabalho, dois televisores e cozinha equipada para quatro pessoas.
- Nome
- Sapientia Boutique Hotel
- Local
- Coimbra, Sé Nova, Largo Augusto Hilário, 9
- Telefone
- 239 15 18 03