Fugas - motores

  • Enric Vives-Rubio
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Opel Ampera, o eléctrico estradista

Por João Palma

O Opel Ampera é uma espécie de ovo de Colombo em termos de mobilidade: 100% eléctrico no dia-a-dia, não tem restrições de autonomia em viagens longas. E a sua estética futurista até agrada, o pior é o seu preço...

O Opel Ampera, tal como o seu irmão gémeo Chevrolet Volt, é a proposta da General Motors para a mobilidade eléctrica, sem as restrições de outros carros eléctricos quando é preciso fazer viagens mais longas, graças a um motor a gasolina que funciona como gerador/extensor da autonomia para alimentar os motores eléctricos que fornecem a tracção às rodas dianteiras. Esta polivalência foi recentemente reconhecida, com a candidatura conjunta Ampera/Volt a vencer o título de Carro do Ano internacional 2012.

Gastando em modo eléctrico entre 1€ e 1,50€ para fazer 100 km, o único óbice é o seu preço: 44.500€. A carga de bateria dá para fazer 40 a 80 km, dependendo do modo de condução, mas o motor a gasolina aumenta-lhe a autonomia para mais de 500 km e, mesmo com a autonomia esgotada, para seguir viagem basta abastecer na bomba como um vulgar carro com motor de combustão interna. Em Portugal, ao contrário da maioria dos países europeus, tanto o Ampera como o Volt não beneficiaram das subvenções estatais e do regime fiscal especial concedido aos outros veículos eléctricos.

O autor deste teste não tem garagem, um factor (quase) essencial para poder carregar a bateria do carro, mas como mora num rés-do-chão nunca sentiu dificuldades para efectuar o carregamento à noite. Bastou-lhe encostar o carro a uma janela e ligá-lo a uma vulgar ficha doméstica: pode-se escolher a intensidade da carga entre 6A, 8A, 10A e 16A (variando o tempo de carregamento). Quando está em carga, acende-se uma luz verde na parte superior do tablier que começa a piscar quando a bateria está cheia.

O Ampera é bonito, as suas linhas chamam a atenção, e está bem equipado, tanto em conforto e vida a bordo como em segurança, capítulo em que obteve o máximo de 5 estrelas em testes recentes do Euro NCAP. Em modo 100% eléctrico, o seu funcionamento é tão suave e silencioso que tem uma buzina especial para avisar os peões da sua aproximação. Mas, por ser tão silencioso nestas circunstâncias, acentua-se a percepção do ruido quando o motor de combustão interna entra em funcionamento. Este barulho é mais notório em situações de pára-arranca.

Com a bateria em carga total, conseguimos percorrer cerca de 60 km em média, o que, no dia-a-dia, será suficiente para muitos utilizadores. O sistema Voltec, comum ao Ampera e ao Volt, é composto por dois motores eléctricos, um de tracção e outro gerador e auxiliar da tracção e um terceiro, a gasolina, que serve para alimentar o gerador.

Em viagens mais longas, com a bateria descarregada e o extensor de autonomia a funcionar para alimentar os motores eléctricos, a média de consumos ronda 6 l/100 km, valor que poderá aumentar, por exemplo, num longo período em auto-estrada a velocidade máxima.

Como é óbvio, fazendo as contas apenas à fatia de quilómetros percorridos só com recurso à carga da bateria, os custos de utilização do Ampera são imbatíveis: cerca de 1€ a 1,50€ para 8€/100 km, a gasóleo, ou 10€, a gasolina. O pior é mesmo a diferença no custo de aquisição - entre 10.000€ a 15.000€ mais do que um carro de motor de combustão interna com as dimensões, potência e nível de equipamento equivalente (segmento D), sendo preciso fazer perto de 150.000 km para anular esse diferencial.

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