Fugas - viagens

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O wow factor do Celebrity Reflection

Por Andreia Marques Pereira

Já anda a sulcar o Mediterrâneo, o novo "Reflection", estrela da frota Celebrity. O último navio da classe Solstice apresentou-se na Holanda e a Fugas andou a desvendar-lhe os segredos. Do chuveiro suspenso só tivemos um relance, mas na famosa relva metemos os pés. E metemos o nariz em tudo o que duas noites a bordo permitiram.
É no relvado que descobrimos um passageiro inesperado: um pequeno pássaro saltitante no tapete onde repousam as esferas do bocce. Não sabemos se é o único, mas não podemos censurar a sua ousadia: estamos num jardim flutuante, 15 andares acima do nível do Mar do Norte. A relva é verdadeira e, se tal nos surpreende, rapidamente temos de embrulhar a nossa surpresa e relativizar; afinal, dizem-nos, a relva natural é um dos ícones dos navios de classe Solstice e este é já o quinto. E último: este Celebrity Reflection é o seu apogeu - porque se a matriz é a mesma, a evolução aqui não é uma teoria, é uma prática.  

E assim, é verdade, a relva não é original, porém há alguns inéditos. Entre os quais aquele que fez as parangonas dos jornais da especialidade mesmo antes de o navio ter sido lançado ao mar: o chuveiro, uma excentricidade no seu sentido mais literal - uma cabina toda ela de vidro acoplada e suspensa no deck 14, na suite Reflection. O chuveiro é o único do género a sulcar os mares; a suite é a maior de qualquer navio Celebrity. Já lá iremos.

Por estes dias, o Celebrity Reflection já anda a cruzar o Mediterrâneo e daqui a um mês navegará os mares das Caraíbas. Nós tivemos o Mar de Norte como via para a estreia deste navio - a saída foi em Eemshaven; a chegada foi a Amesterdão, de madrugada, com uma navegação de rigorosa esquadria em canais impossivelmente estreitos para olhos leigos. Foi da capital holandesa que o Celebrity Reflection saiu para a sua viagem inaugural: nove dias até Barcelona. Nós passámos duas noites no navio, na apresentação a jornalistas e convidados - quase todos agentes de viagem. Na prática, entre as formalidades de embarque e a saída madrugadora, tivemos um dia inteiro para explorar o novo gigante dos mares. Manifestamente pouco para o ver de ponta a ponta, menos ainda para usufruir desta nova adição à frota da Celebrity Cruises, companhia de cruzeiros cinco âncoras (que é como quem diz, estrelas).

À primeira vista

Estamos nós a passar os trâmites de embarque  e já se vêm passageiros nas varandas dos camarotes - e aqui está uma das coisas boas deste navio: 90 por cento dos camarotes têm vista de mar. Antes de chegarmos ao nosso, percebemos que a vida já começou no interior do Reflection: subimos num dos elevadores panorâmicos do átrio central e vemos como as multidões já se instalaram nos espaços públicos em redor do Grand Foyer, que se sucedem à laia de mezzanines nos vários andares. De um andar para outro vemos sucederem-se bares com diferentes matizes, lounges com ambientes vários, uma impressionante biblioteca duplex. Ficamos pelo décimo andar, onde o nosso camarote nos espera a bombordo (do lado esquerdo) e a caminho da popa (as traseiras) e quando aí entramos levamos connosco o primeiro relance do chamado "ar de família" destes navios Solstice: um design e decoração de moderna sobriedade - nas nossas andanças veremos o equilíbrio com que estes elementos se ligam para criar atmosferas distintas à medida de cada espaço.

O nosso camarote é uma síntese perfeita. O horizonte mira-nos para lá da porta-janela, para lá do varandim transparente; cá dentro o espaço não é grande (destaca-se a casa-de-banho), mas o conforto impera, desde a cama ao sofá. Não é a suite Penthouse, por exemplo, onde da kitchenette ao walk in closet, do piano de cauda à casa de banho com banheira e chuveiro, nada parece ter sido esquecido, mas não precisamos de tanto. Aliás, não vamos sequer usufruir muito do camarote: temos uma minicidade inteiramente devotada ao lazer à espera de ser descoberta.

Relva e Apple

Há algo de estranhamente reconfortante em estar num convés de navio envolto em mantas que nos protegem do frio que corta dias ensolarados. São centenas, cuidadosamente empilhadas, as que encontramos em vários pontos do deck 15 do Celebrity Reflection. Gostaríamos de nos embrulhar numa, sentarmo-nos numa das centenas de espreguiçadeiras que por aqui se espalham; ou então assentar arraiais numa das "alcovas" que, ao estilo de pequenas cabanas de madeira e lona (com direito a refeição saída de cesto de piquenique), estão viradas ao relvado central. Estamos em território do The Lawn Club, a fingir country club, e já falámos do nosso fascínio por este pedaço de relva natural que viaja pelo mar e que aqui se prolonga pelas laterais do navio em campos de jogos - críquete, bocce, por exemplo - para terminar no Sunset Bar, decoração oriental com cores quentes e tecidos brilhantes e a melhor vista possível.

Ainda com os pés na relva, voltamos ao centro que é a encruzilhada desta área do navio: alberga uma cadeira em tamanho gigantesco que certamente será cenário de muitos postais do navio - há fila para fotografias... -, nas suas margens o Lawn Club Grill, um dos mais originais restaurantes da frota Celebrity, já que permite fazer o nosso próprio churrasco, devidamente assistido por um dos chefs. As mãos na massa são também um requerimento no vizinho Art Studio, e as artes culinárias também entram - aqui, há aulas de cozinha e de mixologia, de pintura e desenho, por exemplo, sempre acompanhadas por peritos.

As mãos também são necessárias para voar em teclados ou deslizar em monitores no iLounge, mas aí já estamos nas entranhas do Reflection. O universo Apple vive neste canto, onde se pode navegar na Internet e experimentar produtos com a presença tutelar de um especialista - além de comprá-los, no que é o primeiro revendedor autorizado em alto mar.

Da solidão à multidão

É feito de pormenores, este navio, em que num momento estamos no meio de festa e no outro isolados do mundo. E nem precisamos de subir ao último convés, ao 16 (na verdade é o 15 - o 13 "não" existe, é o deck do azar), que só existe numa pequena porção e como um ninho de águia permite algum recato a pairar sobre todo o navio. Ninho mais literal encontramos no The Hideaway, interior, onde casulos de vime devidamente acolchoados proporcionam refúgio, quase como se estivéssemos numa casa de árvore. E árvore é o que se encontra no pé direito do Grand Foyer:  sobe até ao topo do navio, está suspensa num "vaso" tentacular, que sob ele faz nascer a sua réplica.

Sabemos como funcionam os cruzeiros e, por isso, sabemos que, dependendo das horas, os sítios mais improváveis poderão proporcionar atmosfera de mais recolhimento. Contudo, não temos ilusões: diversão e socialização são quem mais ordena e qualquer hora é boa para o fazer. A piscina é o centro nevrálgico de tudo durante o dia - desta vez, ganha o solário mas por evidentes limitações climatéricas. No entanto, não faltam esforços para animar a zona que tem não uma, mas duas piscinas e jacuzzis de cada lado: o embarque ainda não terminou e já há uma banda a tocar, com meia dúzia de pessoas a dançar em frente - são todos membros da tripulação, que os passageiros preferem sentar-se nos bares com vista para o cenário.

No solário, então, entre piscina, cascatas, paredes de plantas, recantos e filas de espreguiçadeiras. Num dos jacuzzis, Jacky Aldred e Amy Nuttal, há 20 minutos a usufruir das benesses da água quente. São agentes de viagens, vêm de Inglaterra e não são novatas nos cruzeiros. Neste, destacam a "atenção aos detalhes" e "the wow factor". Como? "Everywhere you go, it's like ‘wow'". Daí a pouco vão explorar o spa, aqui na órbita do solário, e anseiam, sobretudo, pelo Persian Garden, que não é novidade, mas aqui surge em versão mais alargada (ver caixa). Estão aqui para ser mimadas, claro. E há quem esteja aqui sem dispensar o exercício diário. No ginásio, vasto espaço onde o cheiro a novo ainda é forte, vêem-se alguns utentes - um corre virado ao mar; outra pedala e outra ergue pesos, cada um no seu universo fechado por auscultadores (há salas pequenas, com equipamento estranho, e anunciam-se seminários: Detox for energy, Health & weight loss...); no campo de basquetebol há quem se dedique a jogos mais ou menos aguerridos.

 

Diversão para todos
Se o cheiro a novo ainda está entranhado um pouco por todo o navio, não há locais onde o está mais do que nos dedicados às crianças. Como neste cruzeiro não vieram crianças, a Fun Factory está imaculada, um cenário montado à espera dos actores. Percorremo-la, por isso, em silêncio, entre vários espaços bem demarcados, como se de um labirinto se tratasse, entre consolas, jogos de mesa, matraquilhos e muito espaço para actividades em grupo acompanhadas por monitores. Os adolescentes não são esquecidos, mas aí as exigências são outras: a Arcade já está iluminada, com todas as máquinas ligadas, mas o ruído característico dos jogos ainda não a enche; e o XClub está, por enquanto, transformado em sala de jornalistas, mas na "vida real" é uma discoteca e um café para menores de 18 anos.

Para maiores de 18 anos, a discoteca é no Sky Lounge - de dia, é bar panorâmico, um vasto oásis de tranquilidade inundado de luz; à noite, a música não se cansa de acompanhar o ritmo de luzes multicoloridas. Mas o lazer aqui pode ser infindável: o casino é literalmente inescapável, para quem percorre o deck 4 uma vez que ele ocupa porção substancial da zona entre a proa - onde está o teatro, por exemplo - e a popa, onde está a sala de refeições principal; os bares sucedem-se; os restaurantes permitem uma viagem de sabores bem mais vasta do que a literal. Aqui, sublinhe-se algo que as brochuras dos cruzeiros nunca deixam de assinalar: todos os consumos nestes bares e restaurantes não estão incluídos no preço do cruzeiro - são pagos à parte. Incluídas estão as refeições na sala de jantar principal e no Ocean View Café, onde, entre decoração leve e colorida, diversas ilhas oferecem um buffett permanente que pode incluir de sushi a pizzas e pastas, carnes diversas e algum peixe e tudo o mais pelo meio.

Aos restaurantes, portanto: nós experimentamos o Blu, o restaurante exclusivo dos viajantes em Aqua Class e que oferece o que aqui designam de "cozinha limpa", um menu de influências mediterrânicas e tentações saudáveis, onde a dourada surge lado a lado com o mais suculento bife; ficaram inúmeros de fora, desde o elegante Murano  ao Qsine, apresentado como o mais singular de todos (desde os menus, que chegam em iPad com descrições exaustivas, aos pratos em si, oriundos de várias tradições gastronómicas mas apresentados em abordagens inesperadas). Se os restaurantes são eclécticos, os bares surpreendem nos contrastes que oferecem entre eles - por exemplo, no deck 4 temos de um lado o Martini Bar em visual futurista "gelado", com um canto reservado ao Crush, que, com uma mesa apenas, se dedica à melhor vodka e caviar; e do outro o Cellar Masters, que nos transporta para um universo tradicional de pedra e madeira onde o vinho é santo-e-senha; no Michael's Club viaja-se pelas cervejas artesanais e no Pool & Mast Bars dá-se a volta aos cocktails; no Ensemble Lounge ouve-se jazz ao vivo, no Sunset Bar pop e folk.

 

É uma pré-inaguração, sim. E também o fim de uma era - a da classe Solstice, tão marcante que há quem fala da "solsticização" da frota Celebrity. Mas este é ainda o princípio. Há muito mar pela frente deste Reflection.

As novidades do Celebrity Reflection

O último navio Solstice introduz originalidades na classe e melhora aspectos dos predecessores, sobretudo do anterior, Silhouette, que apresentou inovações marcantes. Começamos pelo novo - que aqui é também significado de luxuoso. Sobretudo porque as novidades mais distintas são as três novas categorias de suites - vimos todas, em procissão com dezenas de outras pessoas. Se as AquaClass Suites, criadas para responder às exigências dos passageiros mais orientados para actividades no spa, se apresentam aos nossos olhos enormes, nos seus 90 metros quadrados (mais 25 de varanda), é porque não imaginamos o que vem a seguir. Para acedermos às restante novidades, entramos numa área reservada, na proa do deck 14. Aqui alinham-se cinco Signature Suites e no final abre-se a Reflection Suite. As primeiras apresentam-se com sala e quarto separados (podem acomodar quatro pessoas), sob altos tectos e acompanhadas por uma larga varanda com jacuzzi; a segunda é como um apartamento (pode albergar seis pessoas) com dois quartos, no que representa uma singularidade em toda a frota Celebrity, e varanda que acompanha todo o exterior: tem kitchenette e salão; a casa de banho principal tem um chuveiro-estrela, ou não estivesse suspenso do navio em cabine transparente, que assegura visibilidade total de dentro e invisibilidade total de fora. Todas estas suites partilham alguns mimos, como um mordomo 24 horas por dia.

 

As outras novidades encontram-se no Aqua Spa (by Elemis) que foi redesenhado para proporcionar uma experiência mais fluída e viu o seu Persian Garden crescer; no novo centro de conferências - com lotação maior e localização diferente dos anteriores; e na sala de jogos, onde mesas de ecrãs interactivos permitem diversões que estimulam a memória e a atenção.

  

Factos rápidos

Decks: 15
Comprimento: 319 metros
Largura: 37 metros
Velocidade: 24 nós (44 km/h)
Capacidade: 3046 passageiros
Restaurantes: 11 (entre eles, cinco restaurantes de especialidade, uma sala de jantar, buffett, crepes, hambúrgueres, saladas)
Bares/cafés: 9
Casino, discoteca, salão de videojogos
Piscinas: 3 (um interior); jacuzzis: 6
Ginásio, spa, persian garden, cabeleireiro
Biblioteca, sala de jogos, teatro
Dois espaços para crianças e adolescentes
Wi-fi e lounge de computadores

Preço
A partir de Dezembro, e até Abril de 2013, altura em que voltará ao Mediterrâneo, estará nas Caraíbas a fazer cruzeiros de sete noites, com partida e chegada a Miami. O primeiro começa no dia 8 de Dezembro, tem passagem pelas ilhas de Porto Rico, St. Maarten e St. Kitts e preços, por pessoa em camarote duplo, desde 634€ (interior); 717€ (exterior); 753€ (varanda); 1371€ (suite).

A Fugas viajou a convite da Celebrity Cruises e da TAP

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