E assim, é verdade, a relva não é original, porém há alguns inéditos. Entre os quais aquele que fez as parangonas dos jornais da especialidade mesmo antes de o navio ter sido lançado ao mar: o chuveiro, uma excentricidade no seu sentido mais literal - uma cabina toda ela de vidro acoplada e suspensa no deck 14, na suite Reflection. O chuveiro é o único do género a sulcar os mares; a suite é a maior de qualquer navio Celebrity. Já lá iremos.
Por estes dias, o Celebrity Reflection já anda a cruzar o Mediterrâneo e daqui a um mês navegará os mares das Caraíbas. Nós tivemos o Mar de Norte como via para a estreia deste navio - a saída foi em Eemshaven; a chegada foi a Amesterdão, de madrugada, com uma navegação de rigorosa esquadria em canais impossivelmente estreitos para olhos leigos. Foi da capital holandesa que o Celebrity Reflection saiu para a sua viagem inaugural: nove dias até Barcelona. Nós passámos duas noites no navio, na apresentação a jornalistas e convidados - quase todos agentes de viagem. Na prática, entre as formalidades de embarque e a saída madrugadora, tivemos um dia inteiro para explorar o novo gigante dos mares. Manifestamente pouco para o ver de ponta a ponta, menos ainda para usufruir desta nova adição à frota da Celebrity Cruises, companhia de cruzeiros cinco âncoras (que é como quem diz, estrelas).
À primeira vista
Estamos nós a passar os trâmites de embarque e já se vêm passageiros nas varandas dos camarotes - e aqui está uma das coisas boas deste navio: 90 por cento dos camarotes têm vista de mar. Antes de chegarmos ao nosso, percebemos que a vida já começou no interior do Reflection: subimos num dos elevadores panorâmicos do átrio central e vemos como as multidões já se instalaram nos espaços públicos em redor do Grand Foyer, que se sucedem à laia de mezzanines nos vários andares. De um andar para outro vemos sucederem-se bares com diferentes matizes, lounges com ambientes vários, uma impressionante biblioteca duplex. Ficamos pelo décimo andar, onde o nosso camarote nos espera a bombordo (do lado esquerdo) e a caminho da popa (as traseiras) e quando aí entramos levamos connosco o primeiro relance do chamado "ar de família" destes navios Solstice: um design e decoração de moderna sobriedade - nas nossas andanças veremos o equilíbrio com que estes elementos se ligam para criar atmosferas distintas à medida de cada espaço.
O nosso camarote é uma síntese perfeita. O horizonte mira-nos para lá da porta-janela, para lá do varandim transparente; cá dentro o espaço não é grande (destaca-se a casa-de-banho), mas o conforto impera, desde a cama ao sofá. Não é a suite Penthouse, por exemplo, onde da kitchenette ao walk in closet, do piano de cauda à casa de banho com banheira e chuveiro, nada parece ter sido esquecido, mas não precisamos de tanto. Aliás, não vamos sequer usufruir muito do camarote: temos uma minicidade inteiramente devotada ao lazer à espera de ser descoberta.