Todos os vinhos passaram o teste da prova, com excepção do Ramos Pinto, que apareceu com um aroma estafado, com notas de bolor associadas aos panos molhados e uma prova de boca plana. Num segundo plano de qualidade, ficaram o Ferreira de 1887, que exibia um aroma muito atraente, de chá, couro e uma boca muito elegante, e o Real Companhia Vinícola do Norte de 1872, muito vigoroso na boca, com a fruta seca dos tawnies muito marcada e longa e aromas mentolados bastante atraentes. Depois, por exclusão de partes, houve quatro vinhos de excelência: o Noval, o Companhia das Vinhas, o J. Carvalho Macedo e o Graham's.
No primeiro caso, torna-se difícil de definir o aroma desse Noval. Muito dominado por aromas de farmácia, com alguma predominância de quinino, deixa contudo transparecer sensações de noz e amêndoa no final. É um vinho já com um corpo muito frágil e um aspecto translúcido, mas ainda vivo na boca, onde reproduz no palato boa parte das sensações olfactivas mas agora temperadas por uma deliciosa envolvência de aromas da garrafa. O Companhia da Agricultura de 1887 apresentou um perfil aromático mais clássico e deixou todo o seu poder de surpresa para a boca, onde mostrou uma complexidade e uma longevidade de prova extraordinárias. O J. Carvalho Macedo talvez tenha sido o vinho do Porto mais completo da prova: pela complexidade do seu aroma, com notas vagas de chocolate, algumas sensações químicas e sintomas do envelhecimento muito requintados e intensos, mas também pela elegância, frescura e sofisticação da sua boca. Último mas não o pior, o Graham's de 1895 apresentou um aroma algo escondido, menos óbvio, com nuances de especiaria e farmácia, mas uma prova de boca mais exuberante, com uma acidez fantástica e uma impressionante duração.
Sem que se pudessem esclarecer grandes mistérios (e ainda bem, porque é deles que os grandes vinhos se alimentam), a prova de Georges Dos Santos, reservada a 22 pessoas, a maioria dos quais franceses e suiços que vieram ao Porto de propósito, foi mais uma confirmação de que o vinho do Porto do século XIX ainda está vivo e, geralmente, de boa saúde. Nesse jantar provaram-se grandes vinhos (um Chateau d'Yquem de 1936, entre outros), mas quando em prova estão Portos afeiçoados pelo tempo, é muito difícil haver outro vinho que lhe faça frente.