Fugas - vinhos

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Carlos Dias e os vinhos e azeites Proudly Produced in Portugal

Por Pedro Garcias

Carlos Dias, o português que criou a empresa de relógios Roger Dubuis e, em 2008, se tornou milionário com a sua venda ao Richemont Group, quer repetir o sucesso obtido na alta relojoaria também nos vinhos e nos azeites. A ambição é fazer o melhor do mundo para vender em todo o mundo com a marca Proudly Produced in Portugal.

Carlos Dias, um bairradino radicado a viver actualmente no Mónaco, ergueu em apenas uma década uma das mais conceituadas manufacturas de alta relojoaria na Suíça, a Roger Dubuis. Em 2008 vendeu a empresa ao Richemont Group por, diz-se, 850 milhões de euros. Milionário, decidiu investir uma parte da fortuna em Portugal.

Começou pela região de origem, onde, em 2009, comprou a companhia de vinhos Colinas de São Lourenço, em Anadia. Viu depressa que se tinha metido num "grande buraco", mas, entre desistir e vender a empresa ou comprar mais quintas e adegas para criar escala, optou pela segunda hipótese. Da Bairrada estendeu-se ao Minho. Comprou o Paço de Palmeira, em Braga, ao BCP, e a Quinta da Pedra, em Monção, à Unicer. Do Minho passou para o Dão, onde comprou a Quinta Dão Bela Encosta.

Sem paciência nem feitio para esperar, quis logo fazer vinhos, azeites e destilados para se baterem com os "melhores do mundo" e vender em todo o mundo. Contratou especialistas renomados para cada uma das áreas e criou marcas e embalagens modernas, recorrendo muitas vezes a ícones pátrios (azulejos, lenços dos namorados, quinas da bandeira nacional, ourivesaria minhota). Para chegar mais depressa ao mercado, terá até já comprado uma parte do capital de uma das maiores distribuidoras chinesas de vinhos

Carlos Dias diz gostar de "andar depressa sem levantar muita poeira". É verdade que raramente dá entrevistas, mas nas poucas vezes que aparece para mostrar as suas criações percebe-se que o seu ego é proporcional ao seu génio. O ego e a forma muitas vezes altiva e intimidante como fala com alguns colaboradores. Ancorado no poder do dinheiro, tem dificuldade em lidar com a burocracia e as amarras da lei e contrata e despede colaboradores, sobretudo na área dos vinhos, com a mesma velocidade com que idealiza novos produtos e investimentos.

Mas, critique-se ou não a sua forma de estar nos negócios, é impossível ficar indiferente ao que tem vindo a construir e à ambição que mostra em elevar a notoriedade mundial de Portugal através da criação de produtos de alta qualidade. Inspirado em Vasco da Gama, que cita com frequência, Carlos Dias diz que o país só será conhecido e respeitado no mundo quando tiver 100 produtos de qualidade universal.

Para os promover, o empresário criou a marca Proudly Produced in Portugal (Orgulhosamente Produzido em Portugal). A chancela já aparece em todos os produtos que comercializa, cujo portefólio, rico e diversificado, foi apresentado recentemente em Coimbra, onde Carlos Dias construiu um hospital de raiz e possui (na belíssima Quinta do Seminário, que também adquiriu) a sede do seu grupo empresarial em Portugal (Ideal Tower). O grupo tem como participadas as empresas Idealmed (que engloba o hospital e uma rede de clínicas que o empresário tem vindo a comprar no centro do país) e a Idealdrinks (vinhos, destilados e azeites), cujo CEO é Carlos Lucas, antigo administrador da Global Wines, proprietária da Dão Sul.

Na apresentação que fez em Coimbra e na qual Carlos Dias deu a entender que se prepara para comprar um conhecido château em Bordéus, o empresário juntou os especialistas que trabalham para a Idealdrinks: o português José Gouveia nos azeites, o francês Pascal Chatonnet nos vinhos e o italiano Gianni Capovilla nos destilados (de vinho e de frutas).

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