Segundo o produtor, de cinco pipas de 600 litros desse vinho só sobreviveram duas. O resto evaporou-se. O Vallado comprou os dois cascos e engarrafou 1300 garrafas de 75 cl. O preço a que comprou o vinho não é conhecido, mas sabe-se que, se vender as 1300 garrafas, o lucro rondará os 2 milhões de euros.
É um negócio fabuloso, mas também é verdade que só uma casa com o nome, a história e a notoriedade nacional e internacional do Vallado pode ter a ousadia de lançar um vinho destes a quase 3000 euros a garrafa. Comparando com o preço de muitos vinhos franceses, mais novos e mais caros, o valor do Adelaide Tributa até nem é nenhuma extravagância.
Afinal de contas, estamos a falar de um vinho com mais de 100 anos (o produtor suspeita que seja de 1866), engarrafado num decanter de cristal e embalado numa caixa de madeira inspirada na nova sala de barricas da quinta. E o vinho é mesmo extraordinário.
Talvez não atinja o nível do Scion — a verdadeira quintessência de um Tawny velho. De qualquer modo, comparar os dois vinhos é o mesmo que colocar Messi em comparação com Cristiano Ronaldo. São ambos muitos bons. O Adelaide Tributa é um vinho admirável, viscoso e amplo de sabor e com um final picante e arrebatadoramente fresco. Ressuma a iodo, torrefacção, charuto, frutos secos, especiarias, e quando se leva à boca é pura volúpia que se sente. O palato entra num enorme alvoroço sensorial, esmagado pela combinação de doçura, perfume e frescura, e assim permanece durante muito tempo.
Vale os 2950 euros que custa? Um vinho vale o que um consumidor estiver disposto a pagar por ele. Pelos vistos, não faltam clientes para o Adelaide Tributa. Em apenas uma semana, o Vallado já tinha vendido 31 garrafas no mercado nacional e está prestes a assinar um contrato de venda de mais 500 garrafas para o mercado asiático.