Semana Santa em Braga
Não há cidade portuguesa onde a Páscoa se viva tão intensamente como em Braga. A cidade dos arcebispos dá sinal da sua vocação pascal logo na Quarta-Feira de Cinzas, quando as ruas do centro histórico se vestem de lençóis roxos. O roxo torna-se, aliás, na cor da cidade e o espanhol uma das línguas francas, tal o número de visitantes do país vizinho que ajudam a fazer de Braga uma meca do turismo religioso durante a Semana Santa. É nesta derradeira semana da quaresma que se concentram as principais celebrações religiosas de uma tradição secular que é sempre acompanhada por eventos culturais — juntos compõem o principal cartaz turístico da cidade.
Depois da preparação pascal, a Semana Santa começou sábado com a Trasladação do Senhor dos Passos e Via Sacra, uma vigília penitencial com uma procissão seguida de Via Sacra, ao som dos “Martírios”, que percorre as estações de Cristo a caminho para o calvário. Durante a semana, os pontos altos acontecem com as procissões da Burrinha (na quarta-feira), de Ecce Homo (quinta-feira), com o famoso Farricoco, tornado ícone de merchandising, e do Enterro do Senhor (sexta-feira), e com a vigília pascal, na Sé, na noite de sábado, que termina com a Procissão da Ressurreição, característica do rito bracarense, nas naves da catedral.
Paralelamente, várias iniciativas culturais assinalam a festa religiosa, as mais abundantes exposições de pintura e de fotografia que se sucedem em vários pontos da cidade. No dia 19 há uma visita guiada a igrejas decoradas com azulejos (São Victor, Penha, Terceiros, São Vicente, Pópulo, São Geraldo e São Sebastião das Carvalheiras) e durante esta semana podem ouvir-se o Coro e Orquestra Académica da Universidade do Minho (segunda-feira, na igreja de Santa Cruz) a interpretar o Stabat Mater de Rossini, e o Coro da Sé Catedral do Porto (terça-feira, na sé catedral), com orquestra e solistas, a apresentar a oratória A Criação, de Haydn.
Seguindo o trilho religioso, que, aliás, desenha muita da geografia bracarense, são incontornáveis o Mosteiro de Tibães e os santuários do Bom Jesus e do Sameiro, entre os muitos templos que se desvendam na cidade — na zona histórica convivendo com lojas conceptuais, bares e restaurantes modernos. Modernos ou não, os restaurantes de Braga têm com certeza um menu mais condizente com a época: apostamos que não faltará o cabrito. [Andreia Marques Pereira]
Vinho e pão no Douro
No Douro há duas coisas inescapáveis: o rio e o vinho. Na Páscoa isso não muda, ainda que a experiência possa ser ampliada para quem não quiser passar ao lado da quadra religiosa. Em Lamego, por exemplo, as tradições da época mantêm-se de boa saúde, com a Procissão do Senhor dos Passos e o compasso pascal a saírem religiosamente — o Hotel Lamego brinda os hóspedes com pão-de-ló e vinho do Porto no quarto, além de buffet para crianças.
Mas voltamos aos dois vértices durienses. Alguma vez pensou em criar o seu próprio vinho? Não, não necessita de tirar um curso de enologia, apenas de participar no programa “Enólogo por um dia”. Promovida pelo hotel Aquapura Douro Valley, em conjunto com a Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo, esta proposta pretende aprofundar a experiência dos amantes do vinho para além da degustação e visita a terroirs e adegas. O visitante tem oportunidade de compor o seu vinho, participar no blend e depois no engarrafamento, rolhagem e rotulagem — no final, é livre de levar a garrafa para a degustar calmamente e mostrar por que é que aquele é o “seu” vinho.