Fugas - hotéis

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White, um retrato a branco e azul

Por Francisca Gorjão Henriques

Poucos quartos, muito espaço e mar, muito mar. No hotel White, na ilha de São Miguel, nos Açores, cada um é aquilo que quiser ser.

Não foi bem trocar um escritório por uma horta, mas deixaram para trás a agitação de Lisboa pela tranquilidade açoriana. João e Catarina Reis dedicam-se à hotelaria, na ilha de São Miguel, e trazem para os seus espaços uma parte do que conquistaram aqui: tempo. No White, o hotel que acabam de abrir na Atalhada (Lagoa, no sul da ilha), para-se o relógio e põe-se a vida a andar mais devagar. Ou por outra, põe-se a vida a andar à velocidade que se quiser, porque o principal objectivo é este: cada um faz o que lhe apetece, quando lhe apetece. Uma boa opção também é não fazer absolutamente nada.

O hotel, situado numa falésia, parece pairar acima do mar, a 15 metros de distância. Trata-se de uma casa senhorial do século XVIII, de veraneio, e onde se fazia cultura vínica. As paredes de algumas das suétes mantêm as pedras originais da adega. João e Catarina Reis recuperaram a casa com a preocupação “de manter a sua forte identidade”. “Cada detalhe foi pensado para não desmontar o conceito da casa, mas dar-lhe sofisticação e conforto.” E cada objecto, do funcional ao decorativo, foi escolhido por eles.

Todos os quartos se debruçam sobre o oceano, com janelas ou varandas. Têm nove suétes e uma villa, entre os 27 e os 42 metros quadrados (e todas com pequenas kitchenettes), porque era fundamental garantir espaços amplos, ao mesmo tempo que se mantém um número reduzido de clientes. “Se não é exclusivo, deixa de ser a nossa casa.”

“Factores para ter sucesso numa unidade hoteleira? Localização, localização e localização. E não estragar.” Aqui tratava-se de aproveitar a curtíssima distância do mar e aquilo que valia a pena resgatar restava do edificado – uma grande parte estava em ruínas.

Para Catarina Reis, este foi um regresso às raízes. É da ilha de São Miguel, como toda a sua família. Mas foi o marido, que no continente trabalhava na área das telecomunicações, quem lhe comunicou que tinham de se mudar para os Açores. “Vinha de férias desde pequeno e sempre disse que um dia viria para cá viver. O meu pai disse-me: ‘Tens sorte, percebeste aos 25 o que eu só percebi aos 45: fazer mais do mesmo não é forma de estar na vida.”

A tentativa de fazer diferente começa na empresa de construção que João Reis formou aqui, “que não trabalha com as soluções tradicionais”, e é transposta para o hotel, na medida em que cada hóspede terá um programa feito totalmente à sua medida. No fundo, o White “é o sítio onde nós gostamos de ir passar férias – único, especial e onde tudo é possível”. Por exemplo, ir de barco à pesca ou fazer snorkeling, andar de moto 4, fazer massagens a ouvir as ondas a bater nas rochas ou uma aula de ioga logo pela manhã, com o cheiro a maresia (e algum incenso), entrar na lancha para assistir ao festival de jazz em Santa Maria... Tudo coisas que saberão melhor se não forem feitas “em manada”, dizem. João Almeida, um dos três guest relations, está lá para ajudar a delinear os planos – decidimos descer à lagoa do Fogo, com sanduíches de queijo e tomate na mochila, passando antes pelos campos de tabaco na Caloura, e pela fábrica de chá Gorreana.

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