Os fiordes, estes canais que entram terra a dentro e que geralmente são ladeados por altas escarpas e montanhas, tornaram-se numa das marcas registadas da Noruega. E o Preikestolen fica no topo de uma dessas montanhas.
Mas tudo começou em Oslo, quando conversava com uma italiana, estudante de Erasmus. Se vais a Stavanger, tens de ir a Preikestolen. E o mote estava lançado. Saí de Stavanger ainda cedo para apanhar o ferry que me levaria a Tau, na outra costa. Depois ainda tive de apanhar o autocarro e por último um táxi até ao início do trilho que me levaria ao Preikestolen.
Andei cerca de hora e meia sem me cruzar com vivalma, apenas tendo como companhia os marcos do caminho assinalados a vermelho. De repente, contorno uma rocha e deparo-me com uma paisagem extasiante. Estava no topo de uma montanha granítica com mais de seiscentos metros caindo a pique sobre um braço de mar. Vinte e cinco metros quadrados quase planos. Ei-la, a “Rocha Púlpito”.
O vento beijava-me a cara enquanto um cenário arrebatador entrava-me pelos olhos adentro, deixando-me estarrecido. Lá no fundo um paquete ia dividindo as águas tons de verde. Lembro-me do obturador da máquina não sossegar, tentando transformar em pixels a plenitude do momento. Encontro um casal alemão. Finalmente, ou talvez não, encontro alguém. Tenho de partilhar a rocha. Antes do regresso, lanço um último olhar para me certificar que não deixo pormenor sem gravação na minha memória.
Um dos textos vencedores do passatempo Fuga Divinal, promovido pela Fugas e pela editora Lua de Papel O leitor foi premiado com um exemplar do novo livro de Eric Weiner, "Uma Viagem pelo Mundo à Procura de Deus".