Fugas - dicas dos leitores

  • Praça Virreina
    Praça Virreina
  • O descanso e três peros amarelos
    O descanso e três peros amarelos

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À descoberta da Gràcia de Barcelona

Daqui, entrámos na carrer de Verdi, esta uma rua movimentada mas agradável com as suas lojas modernas e chamativas para uma olhadela discreta. Ao passarmos pelo cinema Verdi, virámos à direita e descemos a carrer de l’Or. Depressa chegámos a uma das praças mais agradáveis de Gràcia, a praça Virreina, onde a fechada da igreja de Sant Joan está virada para dois edifícios: uma residência com uma torre e uma casa modernista com a fachada em tons de vermelho e creme com varandas em ferro forjado.

Aqui, as esplanadas estavam completamente cheias de gente, onde crianças brincavam, tendo de soslaio os olhos dos pais, namorados trocavam gestos suaves, os mais velhos sentiam uma pequena brisa que beijava os seus rostos. Ficámos num banco a apreciar a praça arejada, com sombras dos prédios que a circulavam e das árvores com as suas copas altas que davam uma aragem agradável, pois o calor já se sentia há muito.

A custo, deixámos Virreina pela arborizada carrer de Astúries e seguimos pelo topo da praça Diamant, onde foi descoberto um abrigo antiaéreo da guerra civil que está agora aberto ao público, não entrámos, pois tinha que ser através de marcação. Virámos à direita para a Torrent l’Olla, depois à esquerda para descermos para Santa Ágata.

Ao atravessarmos a Gran de Gràcia, em direção à carrer de les Carolines, no fundo desta rua admirámos uma das primeiras obras de Gaudí, a Casa Vicens, construída entre 1883 e 1888 em estilo mudéjar. Embora propriedade privada, vale a pena contemplar o seu exterior. Comissionada como uma casa de Verão por um fabricante de tijolos e azulejos, levou ao inexperiente Gaudí cinco anos a construi-la. Inspirada pela arquitectura mourisca, a casa foi uma corajosa quebra da tradição e do excessivo uso de cor e ornamentos, claramente indicando os interesses de Antoni Gaudí, onde dá um tratamento especial aos ângulos do edifício para evitar a rigidez. O exterior é um tabuleiro de xadrez em tons de verde e branco e outros mosaicos com motivos de malmequeres e acabamentos de ébano. O trabalho em ferro mostra espirais extravagantes e bestas intrigantes. Na porta principal é colocada uma grade de ferro, feita conforme o modelo das folhas de palmito que havia no local. Achámo-la um espanto, pelos contornos e parecendo ter peças de lego.

Voltámos de novo à Gran de Gràcia e descemos até à bonita praça Trilla. Aqui acabava o percurso. Sentámo-nos mais um pouco por entre as sombras das palmeiras, que as badaladas já soavam, não nas torres das igrejas, mas nos nossos estômagos...

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