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À descoberta da Gràcia de Barcelona

Por Sara, Fátima e Alberto

Como dizia o escritor Carlos Ruiz Zafón, “esta cidade é feiticeira. Mete-se-nos na pele e rouba-nos a alma sem nos darmos conta”. E foi o que aconteceu. Fomos num Verão quente a Barcelona, uma cidade cosmopolita por natureza que fervilha de vida, de cumplicidades, de sorrisos e de alma.

Barcelona já só cresce na vertical. No entanto, a sua dimensão média ajuda a torná-la uma cidade acolhedora e fácil de visitar. O Tibidabo, a norte, é o ponto mais elevado e um excelente miradouro sobre a cidade, que desce suavemente até ao mar e nós descemos sorridentes, mas ao aeroporto El Prat.

Com o seu carácter aberto e tranquilo e o seu clima privilegiado, esta cidade mediterrânica oferece, ao mesmo tempo, recantos sossegados, ruas e praias animadas e uma intensa vida noturna. A arquitectura é uma das suas principais atrações. O legado modernista do genial Gaudí e de outros arquitetos deste movimento cultural fez dela um eterno centro turístico, num dos locais de eleição para qualquer visitante.

Numa de muitas manhãs que lá “habitámos”, optámos por atravessar a avenida Diagonal com a praça Jon Carles I, subimos o famoso Passeio de Gràcia, enorme, mas aos poucos parecia uma modesta avenida arborizada. À esquerda, quase imediatamente, observámos a Casa Bonaventura Ferrer, um edifício modernista de Pere Falqués i Urpi, com a alvenaria esculpida num turbilhão de folhas e uma fachada finalizada com uma coroa em ferro. A uma curta distância, a rua torna-se mais estreita para rodear outro edifício modernista, embora de inspiração neogótica. A Última obra do arquitecto Lluis Domènech i Montaner, a Casa Fuster foi convertida num hotel de luxo.

Alguns passos depois pela rua que sucede naturalmente ao Passeio de Gràcia, mergulhamos num labirinto de ruas, ruelas, lugarejos sinuosos, pequenas praças e jardins do bairro Gràcia. Enfiámo-nos na carrer Gràcia, à esquerda e logo a seguir à direita pela carrer Domènech. Esquerda outra vez, subimos a carrer de Francisco Giner que nos levou à praça de Rius i Taulet, sentámo-nos para respirar o ambiente, um espaço acolhedor, onde um relógio numa torre de 33 metros de altura é observado pela fachada azul da sede do governo local.

É fácil ter a impressão de que deixamos a cidade para trás e entrámos numa pequena aldeia onde as pessoas sorriem e trocam olhares cúmplices. Apesar, da junção de Gràcia a Barcelona em 1897, esta nunca perdera o seu sentido de independência. Durante o dia, parece distante do ritmo da vida metropolitana moderna que se encontra a alguns quarteirões de distância, mas à noite há uma certa agitação, pois as suas lojas exóticas e vida noturna atraem multidões.

Continuámos, atravessamos a praça, abandonando-a pela carrer Mariana Pineda, daqui seguimos pela travessa de Gràcia, uma das principais ruas comerciais do distrito, e caminhámos pela carrer Xiquets de Valls, que tem nome de uma equipa de castellers de renome. Passámos pela praça del Sol, demasiado silenciosa para estas horas da manhã, pois é conhecida como a praça dels Encants, por ser um foco de vida nocturna. Apesar de existirem monumentos para serem vistos ao longo do caminho, as principais atracções são o ambiente das áreas, lojas invulgares, cafés com carácter e arquitectura singular.

Virámos à esquerda e saímos pela carrer Maspons. Em frente, do outro lado da carrer del Torrent l’Olla, entrámos numa outra praça sonolenta e herbosa, a praça Revolució de Setembre de 1868. O nome comemora o golpe de estado dirigido pelo general Prim, que destronou a dinastia Bourbon, tão antagonistas com os catalães que conduziram ao primeiro governo republicano da história de Espanha. A poucos dias realizavam-se as grandes festas de Gràcia nestas paragens, pois o pessoal do bairro estava a preparar os festejos e estavam num frenesim constante. Uma proeza nestas festas é a participação dos castellers da Catalunha, equipas de ginastas amadores que podem ser vistos frequentemente a construir torres humanas, com alturas que podem atingir as oito pessoas.

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