Fugas - dicas dos leitores

Nuremberga tão presente no seu passado

Por Graça Ribeiro

Tínhamos lido o artigo sobre Nuremberga, publicado na revista Fugas, e ficámos convencidos. Esta seria a nossa próxima viagem. Uma descoberta do "passado que não podemos nem devemos esquecer".

Já no aeroporto de Nuremberga, começámos por apanhar o metro com algum receio, por não compreendermos a língua alemã. Mas tudo correu facilmente, pois o rigor alemão faz com que tudo funcione de uma forma previsível.

Depois de instalados no nosso hotel, partimos ávidos de conhecer o centro histórico da cidade. A sua beleza medieval logo nos deixou rendidos. O seu centro histórico aparece-nos salpicado de edifícios de construção moderna, mas que se integram harmoniosamente com os edifícios antigos.

Começámos pela visita ao Castelo Imperial, que foi em tempos residência dos Imperadores do Sacro Império Romano. Talvez por isso, Hitler tenha dado tanta importância à cidade. Da torre mais alta do castelo podemos observar o extenso casario da cidade, vendo como foi possível fazer renascer das cinzas dos bombardeamentos, ocorridos durante a Segunda Grande Guerra, uma nova cidade, com a mesma traça medieval, o mesmo rigor arquitectónico. Rigor associado a beleza. Tudo é cuidado ao mínimo dos pormenores. As fachadas das casas, o pavimento do chão limpíssimo, as flores coloridas nas janelas, tudo conjugado harmoniosamente.

A casa do Pintor Albrecht Durer, pintor importante da corte da Baviera, situada perto do castelo, salvou-se dos bombardeamentos. Ali permanece, imponente com a sua aura medieval. Ao entrarmos na casa, entramos no mundo de Durer. A exposição é audiovisual e somos guiados por uma voz feminina que se apresenta como sendo Agnes Durer, a mulher do pintor. À medida que vamos percorrendo as divisões da casa, Agnes vai-nos contando o dia-a-dia, aspectos da vida íntima do casal e pormenores do trabalho do pintor.

Chegamos ao sótão da casa e entramos na sua oficina de trabalho. Aí tomamos contacto com os materiais e utensílios com os quais o pintor fabricava as suas tintas de diversas cores e ainda os  utensílios que usava nas suas pinturas e gravações.

A viagem ao mundo da pintura não fica por aí. Temos o Museu Nacional Germânico, um dos maiores museus de arte e cultura da Alemanha, onde percorremos numerosas salas, apreciando obras dos melhores da pintura. Embebidos daquele ambiente cultural, sentamo-nos numa das muitas esplanadas de cafés e restaurantes onde podemos saborear as famosas linguiças acompanhadas de uma boa cerveja alemã, servida por um empregado que enverga um traje típico da Baviera.

Mas a cidade carrega um passado histórico impressionante. Durante o Terceiro Reich, Hitler declarou Nuremberga sede oficial dos Comícios do Partido Nazi, aí ocorrendo as célebres reuniões de Nuremberga. Visitando o Centro de Documentação situado no edifício que restou desse complexo gigantesco, arquitectado por Albert Speer, uma das pessoas mais próximas de Hitler, apreciamos com sentimento de angústia a exposição Fascinação e Terror, vendo com clareza e minúcia a ascensão e queda do nazismo.

Imperdível é a visita ao Tribunal de Nuremberga. Aí deparamo-nos com a sala de audiências onde foram julgados os responsáveis nazis pelos crimes cometidos contra a Humanidade. Entrando na sala de audiências onde decorreram as várias sessões desse julgamento, sentamo-nos nas cadeiras e a nossa imaginação vagueia, ao mesmo tempo que vamos escutando, em som de fundo, os depoimentos dos arguidos. Ao ouvir o depoimento do Marechal Goering estremeci… O passado aqui tão perto e tão real.

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