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Nuremberga, bem-vindos à Francónia

Por Patrícia Carvalho

Adolf Hitler andou por aqui. A herança é pesada, mas a cidade da Baviera alemã — mais concretamente da Francónia, que aqui conhaque é conhaque (ou será cerveja é cerveja?) —, soube capitalizar o que fi cou da Segunda Guerra Mundial.

Nuremberga. Não há assim tantas cidades no mundo cujo nome se associa, imediatamente, a um acontecimento específico da História. Nuremberga. Julgamentos de Nuremberga. Segunda Guerra Mundial. A cidade sabe que o peso da História permanece sobre os seus ombros e os seus habitantes não parecem particularmente confortáveis em falar sobre esse período do seu passado. Mas não o varreram para debaixo do tapete. E o Centro de Documentação, que exibe em permanência, a exposição Fascinação e Terror, sobre a ascensão de Hitler ao poder e a sua relação com Nuremberga, é um dos melhores exemplos disso. “Sentimo-nos responsáveis, por isso o Centro de Documentação é tão importante”, diz Wolfram Zilk, director de Relações Públicas do Turismo da cidade.

Wolfram está sentado no Passeio dos Artesãos, um espaço de restaurantes e lojas que abriu nas muralhas de Nuremberga, em 1971, com a intenção de se manter apenas durante um ano. Hoje ainda lá está e entre brinquedos, o tradicional pão de mel e as bolachas de gengibre, também é possível comer as típicas linguiças da cidade. São pequenas e assemelham-se a dedos longos. Pedimos seis, porque é o número mínimo vendido pelo restaurante. “Não, vão ser precisas oito”, diz, confiante, Wolfram — e tem razão.

O Passeio dos Artesãos encontra-se numa das portas da antiga muralha, a Porta das Mulheres, e de uma das torres redondas que ainda permanecem de pé. Dali sai a König Strasse, o caminho favorito para ficar a conhecer o centro histórico em pouco tempo. Ou o que resta dele.

Hitler escolheu Nuremberga como a Cidade dos Congressos do Partido Nacional-Socialista e sonhou construir ali um imenso complexo de edifícios que albergasse esse evento anual, servindo, ao mesmo tempo, como testemunho da supremacia do seu regime. Albert Speer foi o responsável pelo desenho do complexo global, que incluía a tribuna do Parque Zeppelin, a Grande Estrada, com 60 metros de largura e dois quilómetros de comprimento, e que está alinhada com o castelo de Nuremberga, o estádio municipal, o Estádio Alemão (um edifício monstruoso que poderia sentar 400 mil espectadores, mas cuja construção nunca passou das fundações) e, entre outros espaços, o Centro de Congressos, que não foi concluído e onde está hoje instalado o Centro de Documentação. Nuremberga recebeu Hitler de braços abertos e pagou cara essa amizade. O centro da cidade foi intensamente bombardeado em 1945 e cerca de 90% dos seus edifícios foram destruídos.

No pós-guerra chegou a considerar-se a hipótese de não reconstruir a cidade, deixando-a como uma memória do horror da guerra. Nuremberga, contudo, haveria de ser reconstruída, embora se tenha optado por reabilitar apenas os edifícios mais emblemáticos. Seguindo pela Königstrasse, por exemplo, encontra-se a monumental Igreja de São Lourenço, cuja construção se iniciou em 1250. Fotografias a preto e branco do tempo do centro histórico do pós-guerra mostram que da enorme estrutura apenas sobreviveu a fachada gótica com as suas duas torres.

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