Paris é talvez a mais atraente e charmosa capital europeia. Tudo começou pelas grandes transformações feitas no início do século XVII por Henrique IV, continuadas pelos seus filho e neto, Luís XIII e Luís XIV. Até essa altura, a capital de França era um burgo de traça medieval sem grandes motivos de atracção para forasteiros.
Mas as grandes transformações foram feitas na segunda metade do século XIX por Luís Napoleão, mais conhecido por Napoleão III. Contratou arquitectos que traçaram grandes avenidas, erigiram edifícios e palácios sumptuosos e tornaram Paris a meca dos que gostam de conhecer grandes metrópoles.
No fim do século XIX e grande parte do século XX Paris tornou-se o destino favorito das classes endinheiradas que aí se deslocavam para conviver ou comprar artigos da moda, dos noivos em lua-de-mel ou até de intelectuais e artistas.
Não gosto de Paris no Verão. Tem muitas coisas fechadas, uma boa parte dos parisienses ausentes de férias e pelas ruas vagueiam bandos de turistas. Durante o ano, sobretudo em ruas emblemáticas como os Campos Elíseos, a vida é fremente. Por isso decidimos rever os pontos principais de Paris começando pelo Arco do Triunfo, monumento que encabeça essa longa avenida e que glorifica os triunfos de Napoleão sobre os austríacos.
Mais abaixo encontramos dois exuberantes palácios, Grand Palais e Petit Palais, dedicados às Belas Artes e no caso do primeiro também à Ciência Aplicada, construídos para a Exposição Universal de 1900. Estes dois palácios parecem fazer guarda de honra à mais elegante e bonita ponte de Paris, a Alexandre III, que celebra a aliança franco-russa. A Praça da Concórdia que fica mais abaixo, seguindo o percurso inicial, é uma praça dedicada à navegação. Aqui existe ainda um obelisco trazido do Egipto e a inevitável roda gigante que agora está presente em muitas grandes cidades europeias.
Passando o Jardim das Tulherias, chegamos ao Louvre. Já o visitei três ou quatro vezes, mas não o aconselho para quem vai em viagem curta ou não tem um plano definido de visita. O museu alberga uma imensa colecção de pintura antiga, muitas esculturas e até uma bem recheada secção egípcia. Mas, a menos que queira dizer que viu a Vénus de Milo ou a Mona Lisa, não aconselho a visita. Poderá ser cansativo e frustrante.
Aconselho em alternativa o Museu D’Orsay, dedicado ao impressionismo e outras escolas artísticas relacionadas. Os três níveis desta antiga estação ferroviária em estilo Arte Nova albergam uma grande colecção de quadros de Manet, Monet, Renoir, Matisse, Gaugin, Degas...
O neoclassicismo existe por todo o lado em Paris. Os exemplos mais marcantes são a elegante igreja de La Madelleine e o Panteão Nacional, este bem perto dos afamados e aprazíveis Jardins do Luxemburgo.
Fomos ver a Torre Eiffel por insistência da minha companhia. Com tantas coisas bonitas em Paris não compreendo as multidões de turistas que se acotovelam nas escadarias do elegante Palácio Chaillot para fotografar a torre. O projecto foi feito para a Exposição Universal de Barcelona de 1888, mas foi recusado por não se lhe reconhecer dignidade suficiente. Acabou aceite no ano seguinte para a Exposição Universal de Paris e ainda lá está junto ao Sena.
Na ilha da Cidade é inevitável a visita à Notre Dame. Está ainda de pé devido aos esforços de Victor Hugo e outros intelectuais do século XIX para que fosse restaurada quando estava em ruína completa. Os portais e o seu interior merecem visita atenta. E a subida à torre compensa o cansaço de 260 degraus, pela vista abrangente da cidade. Bem perto dali, e acoplada ao impressionante edifício da Conciergerie, está uma pequena capela medieval, a Sainte Chapelle. O seu interior e sobretudo os vitrais são de variedade e riqueza impressionantes.
As vistas da cidade podem ser admiradas de vários locais. Um deles é do alto da colina de Montmartre onde está erigida a neobizantina basílica do Sacré Coeur. Montmartre é uma zona há longos anos frequentada por artistas e por todos aqueles que buscam os prazeres da noite boémia.
Antigamente, as meninas, para terem boa educação, deveriam tocar piano e falar francês. Agora quase ninguém toca piano e poucos falam francês. Mas Paris está sempre na moda e a moda está sempre em Paris.