Fugas - dicas dos leitores

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De mochila às costas do outro lado do mundo

E, tal como suspeitava, sabe a óleo usado e a quantidade de açúcar que se sente na língua é capaz de provocar coma hiperglicémico a um diabético. Dizemos que não queremos e seguimos, mas a exaustão da viagem e dos muitos voos que me trouxeram até aqui desde Lisboa começam a fazer-se notar no corpo e eu preciso de dormir. Vamos cá ficar três noites, por isso, há tempo para ver tudo.

No dia seguinte partimos à descoberta da cidade. Visitamos a prisão Hoa Lo, que nos mostra sobretudo a história da luta dos vietnamitas pela independência da França, Quan Su Pagoda, que é um templo que apenas aparece no mapa que nos foi dado no hostel, passamos pelo Museu das Mulheres e almoçamos algures numa rua onde estejam a servir o pessoal de cá. De tarde, aproveitamos a free walking tour do hostel e as explicações dadas por um dos funcionários empolgado em contar um pouco da história da sua cidade.

Paramos numa gelataria, Trang Tien, que o guia diz ser a mais antiga a fazer gelados artesanais. Diz à entrada que existe desde 1958 e, quando pedimos uma bola de gelado num cone de bolacha que custa 12.000 dong, as mulheres que os servem não percebem, apontam para os sabores e voltam a repetir o valor a pagar. Acabo por pedir o de baunilha porque é fácil de ser percebido em inglês. Também sabe a leite de coco quando tento perceber se é tão bom quanto a publicidade que foi feita. Infelizmente, desilude, mas como o calor é muito, acaba por saber bem o fresco que se derrete na boca.

Reservamos o Mercado Dong Xuan para a noite porque nos disseram que a melhor hora para lá ir seria a partir das sete da tarde. Depois, percebemos que não é mais do que uma feira gigante onde se volta a vender de tudo um pouco. O Pho Bo, uma especialidade de comida vietnamita, e que são noodles com carne de vaca, fica para o jantar. Escolhemos comer onde nos aconselharam, mas quando o prato chega à mesa o cheiro não convence o nariz. Esprememos sumo de lima e um pouco de picante, mas o sabor continua a não ser apelativo às papilas gustativas. Já comi comida vietnamita muito mais saborosa e em lugares cuja qualidade era duvidosa, mas, como quando se visitam novos países é imperativo provar o que é típico, esta foi mais uma experiência cumprida e que, no meu caso, não cumpriu com as expectativas.

Guardamos o Templo da Literatura, o Mausoléu de Ho Chi Minh (de onde também se vê o Palácio Presidencial), a Catedral de São José e um espectáculo de marionetas dentro de água para os dois dias seguintes. Este último é uma arte com pelo menos 1000 anos de existência. Nasceu no Norte do Vietname pelas pessoas que trabalhavam nos campos agrícolas inundados no delta do rio vermelho. Alguns dizem que os homens viram na água um potencial palco dinâmico, outros dizem que eles adaptaram o espectáculo de marionetas convencional durante uma época de cheias massivas. Seja qual for a verdade por detrás da origem desta tradição, vale a pena ir ver. Custa 100.000 (equivalente a cerca de 4 euros) e é uma hora que passamos entretidos a ouvir histórias com os olhos, já que a língua falada durante o espectáculo é a própria do país, mas, no fim, deitamos umas gargalhadas cá para fora e sabemos que o dinheiro foi bem empregue.

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