Fugas - hotéis

  • Nelson Garrido
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Uma suite sobre Copacabana

No entanto, para esse período, o hotel já está totalmente vendido, conta Gefferson. Trata-se de uma parceria com a marca de cerveja Budweiser, que vai tornar o Pestana, temporariamente, um “Hotel Budweiser” para os convidados da marca, com festas temáticas na cobertura e uma decoração especial.

Quanto ao restaurante, tem uma cozinha internacional, mediterrânica, com alguns toques portugueses. Uma opção que Gefferson justifica por se tratar de um hotel que recebe hóspedes de todo o mundo. Entre o mercado europeu, que representa boa parte desses visitantes, destacam-se, claro, os portugueses. Mas o hotel tem duas épocas bastante distintas: “Em Dezembro, Janeiro, Fevereiro [período de férias no Brasil e também do Carnaval] vêm muitas famílias de férias. Depois do Carnaval, os clientes passam a ser mais pessoas em viagens de negócios e aos fins-de-semana há muito público brasileiro, vindo de São Paulo e do Nordeste.”

Não podemos ficar para jantar no Pestana porque já temos outros planos. Mas saímos para a rua e percorremos a pé os desenhos ondulantes da calçada portuguesa até ao Leblon. A noite vai caindo, mas a temperatura continua quente. Há figuras de areia esculpidas à beira da praia para os turistas tirarem fotografias, há vendedores ambulantes oferecendo maçarocas de milho quentinhas, há rapazes musculados a jogar à bola e meninas empenhadas nos seus abdominais, como se a praia fosse um enorme ginásio. Há pessoal a fazer equilíbrio em cima de elásticos. E crianças a gozar o chuveirinho gratuito que sai dos painéis publicitários. Há torneios a decorrer e muita gente sentada nas esplanadas a comer pastelinhos de carne com queijo catupiry e a beber cerveja gelada.

E pensar que só no início do século XX é que os cariocas descobriram Copacabana — e a seguir, quando esta ficou demasiado lotada, começaram a espalhar-se para as então ainda pouco exploradas praias de Ipanema e do Leblon. Até essa altura, a vida fazia-se no Centro do Rio, muito em torno da célebre Rua do Ouvidor. A descoberta da praia foi tardia, mas nunca mais ela deixou de fazer parte de quem vive ou passa pelo Rio. Os hotéis foram crescendo ao longo da Avenida Atlântica — o Copacabana Palace começou a receber estrelas de cinema e todo o tipo de individualidades a partir da sua abertura em 1923 — e o bairro tornou-se o maior símbolo de status da cidade. 

Ainda hoje, o mapa que nos dão no hotel mostra apenas esta orla das praias: Copacabana, Ipanema, Leblon. Mas o Rio é tão mais do que isso e os turistas já o sabem. É pena que os mapas insistam em ignorá-lo. 

Regressamos quando a noite já caiu totalmente sobre a cidade. Apesar disso, o calor mantém-se e o movimento não desapareceu do calçadão. Quando entro no quarto, volto a dirigir-me a varanda, sem sequer abrir a luz, e fico a ver a praia iluminada e a noite sobre Copacabana. No dia seguinte, quando acordo, a primeira coisa que faço é abrir as cortinas, deixando o sol invadir tudo. Os morros à esquerda desenham a mais bela linha de horizonte, na meia-lua perfeita da areia já há pessoas, pequenas como formigas, e na avenida os carros aceleram levando quem vai trabalhar a caminho dos empregos. 

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