Fugas - hotéis

  • Nelson Garrido
  • Quinta da Avele
    Quinta da Avele Nelson Garrido
  • Quinta de São Mateus
    Quinta de São Mateus Adriano Miranda
  • Adriano Miranda
  • Quinta de la Rosa
    Quinta de la Rosa Carla Carvalho Tomás

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O despertar da Primavera é o despertar das vinhas

Onde comer

Cozinha da Terra, Largo da Herdade, 8. 4580-582 Louredo. Tel.: 255 780 900.  www.cozinhadaterra.com

Casa Valxisto, Rua Padres da Agostinha, 233. 4560-195 – Lagares, Penafiel. Tel.: 255 752 251/ 936 473 986. www.valxisto.pt

Vale do Inferno, Douro

Se o Douro é território de “nove meses de Inverno e três de inferno”, há um cantinho onde o inferno dura o ano todo. E que “inferno” este, onde em 1999 se produziram uvas que deram origem a um single vintage e que dá o nome a um vinho excepcional — de tal forma que só é produzido em anos verdadeiramente excepcionais. Estamos ao lado do Pinhão com o Douro aos pés, na Quinta de La Rosa. Aqui há 11 vinhas, mas a Vale do Inferno, a oeste, é verdadeiramente especial: para quem a vê do rio, numa curva, para quem a pisa. Chamam-lhe vale, mas é mais uma garganta profunda (como se se tivesse retirado uma fatia da encosta), com uma inclinação quase impossível, que é cortada por socalcos de construção centenária.

Numa paisagem conhecida pelo dramatismo majestoso conseguido à custa do trabalho do homem, esculpindo socalcos que abraçam montes, o Vale do Inferno é o paradigma perfeito. Foi pouco antes da I Guerra Mundial que o bisavô dos actuais proprietários decidiu mandar plantar aquela que é a vinha mais antiga da quinta. Para tal, trabalhadores galegos foram convocados para construírem os muros mais altos do Douro: alguns atingem os cinco metros de altura, em xisto, a suportar os degraus onde as videiras crescem. Este era o processo de construção na mais antiga região vinícola demarcada do mundo, que nos anos 1980 começou a ser substituído pelos patamares cortados na encosta por terraplanagem, pelos seus custos mais baixos, e, mais recentemente, pelo plantio vertical, onde as vinhas deixam de contornar a paisagem.

Neste Vale do Inferno, ao contrário dessas vinhas antigas, construíram-se também rampas, ao invés de escadas, ligando os diferentes socalcos para que os animais conseguissem lavrar toda a vinha. As ironias do progresso fazem com que actualmente todos os trabalhos na vinha tenham de ser feitos à mão, uma vez que os tractores não entram.

Numa paisagem consagrada como Património da Humanidade, de onde sai o nosso vinho mais famoso e alguns dos nossos vinhos de mesa mais desafiantes, este Vale do Inferno recorda, à beira-rio, como tudo começou e de certa forma homenageia gerações que moldaram a região.

Onde comer

Restaurante DOP. Estrada N.º 222. Folgosa do Douro. Tel.: 254858123.www.ruipaula.com


Onde dormir

Pousada Barão de Forrester, Rua Comendador José Rufino. Alijó. Tel.: 259 959304
www.pousadas.pt

São Lourenço do Bairro, Bairrada

Nos últimos anos dois ovnis pousaram na paisagem levemente ondulada entre Mogofores e Vilarinho do Bairro (Anadia), onde os vinhedos preenchem a paisagem, aqui e ali pontuados por pequenos bosques. A estrada que serpenteia até entrarmos em São Lourenço do Bairro está marginada de vinhas que se perdem de vista para lá de colinas suaves, interrompida apenas por um lugar de meia dúzias de casas, algumas em ruínas. Durante décadas foi assim, intocado, este troço, até que há poucos anos o cultivo das vinhas deu frutos excêntricos — duas adegas que surgiram como testemunho da qualidade dos vinhos que aqui se produzem e da chegada do enoturismo numa região onde a vinha sempre foi um modo de vida. Se calhar, agora é menos modo de vida, mas o que se perdeu em pequenos agricultores que abandonaram as vinhas, ganhou-se em dedicação para extrair o melhor néctar possível dos solos que oscilam entre o arenoso e o argiloso — barrento, e daqui houve nome Bairrada.

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