Fugas - hotéis

  • Nelson Garrido
  • Quinta da Avele
    Quinta da Avele Nelson Garrido
  • Quinta de São Mateus
    Quinta de São Mateus Adriano Miranda
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    Quinta de la Rosa Carla Carvalho Tomás

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O despertar da Primavera é o despertar das vinhas

Quando a EN1 era a via principal em Portugal, a região da Bairrada era uma das paragens obrigatórias para refeições — leitão, de preferência com o seu acompanhamento “natural”, o espumante da região. Agora que o trânsito se faz maioritariamente pela A1 há quem faça questão de sair nesta zona que se estende de Coimbra até Águeda para repetir o ritual, embora a azáfama de algumas décadas atrás se tenha perdido. Até nas vinhas, onde a mão-de-obra se tornou escassa, sem que isso impedisse, porém, o reforço da qualidade dos vinhos de uma região que tem tradição de produção desde o século X e que viu no século XIX a sua persistência recompensada com a fama a chegar. Na verdade, os últimos anos têm sido de recuperação do selo de qualidade dos vinhos desta região demarcada onde a casta Baga é rainha, mas recentemente divide protagonismo com outras castas nacionais e até internacionais. Com vinhas de pequena e média dimensão, a Bairrada vinhateira pode descobrir-se pelas suas estradas a atravessar os vinhedos que preenchem os espaços em branco entre as povoações. E onde alguns projectos abrem a porta a visitantes. Na Curia, a antiga estação ferroviária é a sede da Rota da Bairrada e, então, a poucos quilómetros daí, São Lourenço do Bairro tem duas novíssimas adegas, a Quinta do Encontro e a Campolargo.

Onde comer

Quinta do Encontro, 3780-907 São Lourenço do Bairro, Aveiro. Tel.: 231 527 155
www.quintadoencontro.pt

Onde dormir

Casa de Mogofores, Rua Nossa Senhora Auxiliadora, 18. 3780-453 Mogofores. Tel.: 231 512 448. www.casademogofores.com

Silgueiros, Dão

Diz-se que as caravelas que partiram à conquista de Ceuta, dando início aos Descobrimentos portugueses, levavam no seu porão vinho do Dão. E vinho do Dão é o vinho que nasce das vinhas plantadas num círculo limitado por serras, a Nave, a norte, Buçaco, a sul, Estrela a este e Caramulo a oeste. Partindo de Viseu, o epicentro desta região, a caminho da serra da Estrela é fácil ter uma imagem destas paisagens acidentadas onde os vinhedos raramente são a perder de vista, antes se aninham em vales amenos, deixam-se rodear de pinhais e assombrar por laivos rochosos. É assim a Região do Dão, feita de minifúndios e em luta com a natureza de tal forma que ela quase eclipsa os vinhedos — aliás, basta ver os números para perceber esta luta desigual em terrenos agrestes: são 376 mil hectares para a região demarcada, com apenas 20 mil destes ocupados por vinhas.

Silgueiros é uma paragem emblemática desta região que foi demarcada em 1908 e foi o berço da celebrada Touriga Nacional. Na verdade, Silgueiros é uma sub-região e encontra-se na órbita de influência do rio Dão, que, juntamente com o Mondego, rompe o granito, por vezes xisto, que são o substrato, duro, destas paragens. Curiosamente, entre várias vinhas “características”, ou seja, curtas de dimensão, muitas vezes de agricultores que produzem para adegas cooperativas, outras vezes inseridas em quintas com marca própria, em Silgueiros encontram-se também algumas das excepções que fazem a regra, com vinhedos mais extensos. No conjunto fazem uma manta de retalhos, onde o clima se confunde — o Verão pode aparecer no Inverno e o Inverno perturbar o Verão — mas não ilude a vocação vinícola do Dão.

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