Fugas - hotéis

  • Nelson Garrido
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Um pedaço de Provença no coração do Alto Minho

Vamos, então, à prova dos nove. O tecto é de lona – confere. Talvez por isso seja tenda. Mas as paredes são de madeira e vidro, por isso também podia ser um bungalow.  Na verdade, o nome que damos ao espaço até pouco importa, sendo que o que interessa é o que sentimos lá dentro. E aí, a resposta só pode ser uma: conforto. A atmosfera é romântica — não há outro nome a dar ao dossel branco que pende sobre a cama, nem àquela banheira estrategicamente colocada no quarto a convidar a um banho de imersão e de estrelas (pelo menos um banho à luz delas já que está colocada junto à panorâmica parede, toda em vidro, e o facto de estar ali ao lado um telescópio só provar que vale a pena, sempre, olhar para o firmamento). Tem uns apontamentos de África (nas tapeçarias, por exemplo) e impera o tom dourado. Se isto é uma tenda, quem se importaria de acampar todos os dias?

Para já, são apenas dois destes quartos, mas as proprietárias, Maria d’Carmo e Raquel d’Carmo, mãe e filha, já estão a pensar em mais. “A curto prazo queremos construir mais uma tenda suite, entre dois carvalhos e junto à vinha de loureiro”, avisa, referindo-se à  vinha que lhes permite produzir em método artesanal o “Bica Aberta”, um agradável vinho branco, servido no restaurante, em provas e em degustações. Para além do branco também fazem o “Remontagem”, com uvas tintas da casta Vinhão. No total são duas mil garrafas produzidas por ano, e em Outubro é provável que os hóspedes possam participar na vindima.

Raquel continua a falar dos projectos e da piscina na varanda que vai ter a próxima tenda, que estará pensada para um casal com dois filhos. “Também vamos construir uma casa de bonecas, não para crianças, mas para adultos-crianças, a criança que um dia alguns de nós gostam de recordar, e que vai  ser edificada junto ao picadeiro dos cavalos”, conta Raquel d’Carmo. Raquel fala compulsivamente, com o mesmo entusiasmo com que abraçou, em 2010, aquele que ainda era, na altura, o admirável mundo desconhecido da hotelaria.

É desta conversa com Raquel que conseguimos perceber que tudo faz sentido, e como é que surgiu cada um dos detalhes de que é feita a história do Carmo’s Boutique Hotel. Aquelas tendas, por exemplo, surgiram porque os hóspedes sempre gostaram de relaxar nas camas panorâmicas que se encontravam naquele local.  “Então pensámos não em construir mais cimento, mas em harmonizar o estilo Carmo´s com as vinhas e a paisagem minhota e dando ao mesmo tempo um aroma de África que já foi nossa”, explica.

E já que falamos em inspiração, Raquel confessa onde foi buscar a sua quando pensou em abraçar a vida de hoteleira.  Este projecto é o “resultado de um acumulado de viagens pelo mundo e de um carinho muito grande pela Provença e pelo gosto de bem servir”. Juntou-se a este prazer, a oportunidade de poder oferecer esse bem servir numa região tão rica quanto o Alto  Minho. “ Tivemos sempre como objectivo conciliar a oferta de um luxo emocional com o mundo  rural, nada de rústico. Não temos a notoriedade da Provença, não podemos usar os preços da Provença, mas somos um Alto Minho por descobrir e rico em humanidade e tradição”, sublinha Raquel. E com uma centralidade única, com quatro regiões Património da Humanidade a menos de hora e meia (Porto, Guimarães, Douro, Santiago de Compostela).

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