São três, são paradisíacas, são americanas e chamam-lhes virgens. Sensivelmente a meio do canal de ilhas que forma as Caraíbas, um pouco antes do ponto onde as Antilhas parecem virar para Sul e a cerca de 60 quilómetros de Porto Rico, há um território composto por três ilhas e inúmeros ilhéus e ilhotas. Há quem diga que é ali que se pode realizar o "sonho americano", outros destacam um dos "locais mais bonitos do mundo".
Aproveitamos a boleia dos elogios e fomos tentar perceber o que valem as Ilhas Virgens Americanas, descritas por Cristóvão Colombo nos seus diários como "ilhas maravilhosas" e casa de uma das 10 praias mais bonitas do mundo, segundo a revista da National Geographic. Em Saint Thomas, a ilha principal, encontrámos um pedaço de terra com uma vegetação luxuriante e descobrimos que ainda há segredos bem guardados.
Ao contrário de Cuba, República Dominicana, Bahamas ou Jamaica, ilhas exploradas ao milímetro todos os anos por largos milhares de portugueses e locais já contaminados pelos vícios dos turistas, ainda há paraísos nas Caraíbas que por cá poucos ouviram falar. E depois, quando lá chegamos, abrimos a boca de espanto e, admitindo a nossa ignorância, mesmo quando a geografia é uma das nossas matérias preferidas, há um pensamento inevitável: "Como é que eu ainda não conhecia isto?" Verde, mais verde, mais verde.
E azul-turquesa. Sim, elas, as ilhas, são americanas desde 1917, mas estes americanos não são loucos e souberam preservar bem este pequeno paraíso tropical de águas quentes e cristalinas que compraram à Finlândia por ser um local estratégico para defender o canal do Panamá. As Ilhas Virgens Americanas têm tudo o que se pode esperar de uma ilha das Caraíbas: calor, muito sol, águas quentes, boa comida, rum e história.
Mas ainda há um bónus que nem sempre está à nossa disposição neste cantinho do planeta. A fazer lembrar algumas regiões ainda bem preservadas de África, como São Tomé e Príncipe, em Saint Thomas, Saint John e Saint Croix - as três principais ilhas das Virgens Americanas -, o verde não se resume às palmeiras e coqueiros.
A vegetação densa, luxuriante e exótica é a imagem de marca e a beleza das ilhas levou os norte-americanos a transformarem as Virgens num paraíso ecológico tutelado pela rigorosa lei ambiental dos Estados Unidos. Não terá sido por mero acaso que Cristóvão Colombo, Abraham Lincoln, Jefferson Davis ou Eleanor Roosevelt deixaram-se encantar por estas pequenas ilhas das Caraíbas, um paraíso para quem gosta de ecoturismo.
O primeiro prémio
A mais cosmopolita e procurada das três ilhas é Saint Thomas, que diariamente recebe a visita de alguns milhares de turistas que ali são descarregados pelos navios de cruzeiro que atracam no porto de Charlotte Amelie, a capital das Ilhas Virgens Americanas.
Com apenas 57 quilómetros quadrados, Saint Thomas atrai os turistas pelas compras a preços atractivos nas lojas de artesanato, nas superfícies de grandes marcas internacionais e nas joalharias, mas também por ali se encontrarem algumas das mais fantásticas praias do mundo.
A mais conhecida e popular é Megan's Bay, considerada pela National Geographic como uma das 10 mais bonitas do planeta. Situada numa baía a norte da ilha, rodeada por vegetação densa e com um areal de aproximadamente 1,5 quilómetros, a praia de Megan's Bay é a única das Ilhas Virgens Americanas onde é obrigatório pagar para entrar (cerca de 3,30 euros por pessoa) e a totalidade da receita serve para manter as infra-estruturas de apoio e a qualidade da praia. O desenho da praia, um "U" perfeito, impede a existência de ondulação forte e correntes perigosas. Por isso, Megan's Bay acaba por ser uma praia ideal para famílias.
Concorrida q.b., é excelente para relaxar e a sombra fornecida pelas palmeiras e coqueiros existentes ao longo de todo o areal são uma ajuda preciosa para quem necessitar de fugir ao sol abrasivo das Caraíbas. A beleza natural, a água quente (a média ronda os 25.º graus) e as boas infra-estruturas de apoio (bares e restaurantes) fazem de Megan's Bay uma praia agradável e sedutora. No entanto, a inexistência de corais torna-a uma desilusão para os amantes do mergulho.
Para quem procura outro tipo de aventuras, gosta de actividades aquáticas e quer fugir à pacatez de Megan's Bay, o melhor é procurar Sapphire Beach. Menos conhecida e mais pequena, esta praia não é a mais popular e não está no top das preferências dos turistas em Saint Thomas. E ainda bem, dizemos nós. Resguardada, tranquila e, na opinião da Fugas, com mais encantos do que Megan's Bay, esta praia consegue arrancar um "uau!" ao visitante mais exigente.
Situada na costa oriental das Virgens, com vista privilegia para Saint John, Sapphire Beach é um santuário ecológico. Para além da beleza natural estonteante e das areias brancas e finais, a praia impressiona pela enorme diversidade de fauna animal terrestre e aquática.
Ao chegarmos a Sapphire Beach a primeira surpresa, e sinal de exotismo, é perceber que a beleza da praia não atrai apenas os humanos. Impávidas e descontraídas, simpáticas iguanas com mais de 30 centímetros passeiam pachorrentamente pelas areias escaldantes. Fazem pose para as fotografias, descansam na sombra das cadeiras dos turistas e, acima de tudo, não incomodam ninguém.
Se na areia os répteis andam à vista de todos, por debaixo do azul-turquesa do mar encontram-se muitos segredos por desvendar e para quem quiser descobri-los existe equipamento de mergulho que é disponibilizado na praia. Antes de nos fazermos à aventura, enquanto levantamos o tubo e as barbatanas, chegam as primeiras dicas: "Do lado direito há muitos corais e é o melhor sítio para ver peixes de todas as cores e feitios. Do lado esquerdo costumam andar tartarugas." Tartarugas? Selvagens? Ali tão perto? Não terei o privilégio de um encontro desses, penso eu na altura...
Com ou sem tartarugas, os primeiros instantes dentro de água confirmam que Sapphire Beach é um santuário para a vida animal. São peixes exóticos e chocos coloridos por todo o lado que rapidamente nos aparecem no campo de visão que, com aquelas águas cristalinas, é de muitos metros. Depois, surge a primeira surpresa quando no fundo aparece uma imponente raia. E logo outra a seguir. Tudo isto a pouco mais de duas dezenas de metros da areia.
Os olhos, no entanto, continuavam à procura do primeiro prémio: a tartaruga. E não demorou muito. No sítio indicado, lá andava ela. Com cerca de meio metro, a comer vegetação no fundo do mar, nada incomodada com o ser estranho que por cima dela boiava, espantado, com tamanha beleza.
Quando a tartaruga subiu à tona da água para respirar surgiu o grande dilema: tocar-lhe ou não? O braço ficou esticado e a mão a meia dúzia de centímetros da carapaça do animal. A tartaruga deve ter-se cansado com tanta hesitação e, aborrecida, voltou a descer ao fim de uns minutos, que para nós pareceram uma eternidade. Fica para a próxima. Afinal, ela anda sempre por ali...
Como ir
Não há voos directos de Portugal para as Ilhas Virgens Americanas. Para chegar a um dos dois aeroportos destas ilhas das Caraíbas (em Saint Thomas e em Saint Croix), o mais indicado é procurar um voo para Porto Rico ou para os Estados Unidos (Miami é uma das possibilidades) e, a partir daí, arranjar um voo de ligação para as Virgens.
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