O nome é difícil Jericoacoara por isso, lá, toda a gente diz Jeri. E o nome tem, como muitos da região do Ceará, origem na herança índia do local. Jericoacoara vem dos índios tupi. Mas quase ninguém se dá ao trabalho de usar o nome todo.
Jericoacoara está a cerca de 300 quilómetros de Fortaleza, uma viagem que pode ser feita em algumas horas, um dia, ou mesmo dois dias de viagem: dois dias é o mais aconselhado para ir de jipe pela costa, muitas vezes mesmo à beira do mar, passando por lagoas, por cursos de água onde pode ser preciso passar em balsas, alguns restaurantes à beira da praia. E depois chegar a Jeri, onde a vida é fácil, tão fácil como o nome abreviado.
Quem não quiser usar o jipe, pode optar por uma viagem mais rápida mas muito menos interessante, indo de autocarro até um certo ponto; depois troca-se o conforto do ar condicionado do autocarro pelos solavancos de uma mais pitoresca jardineira, uma espécie de camioneta com bancos corridos (originalmente bancos de jardim, daí o nome), onde se passarão os últimos quinze quilómetros: tem de ser assim porque não há estrada, já que se entra numa área protegida.
No percurso pode-se parar em vários restaurantes se se optar pela camioneta, ela parará provavelmente na Taverna do Paulo, onde uma faixa informa orgulhosamente: "Não fechamos mais às segundas-feiras por respeito aos nossos fregueses e amigos". Ainda bem, dizemos nós, porque a comida vale a pena.
Águas azuis, paradisíacas
Jeri é sobretudo uma rua de areia mais duas ou três paralelas, onde se cruzam depois mais umas perpendiculares com lojas, restaurantes, stands de aluguer de buggies (lá diz-se "bugui", como boogie em inglês). E tudo desemboca na praia.
A praia é muito bonita em 2004, Jericoacoara foi classificada como a melhor praia do mundo pelo Lonely Planet mas o melhor do local são mesmo as lagoas e as dunas do parque natural de Jeri.
Assim, os buggies são essenciais. Não só pelos passeios nas dunas (com e sem emoção, conforme o espírito de aventura), mas sobretudo porque são necessários para visitas às lagoas em volta e ao parque natural. Na época alta (de Junho a Janeiro) há cerca de 150 buggies a fazer os percursos pelas dunas; custam cerca de 220 reais (à volta de 91 reais) por seis horas de passeio por buggy (e condutor). Na época baixa já é mais barato alugar o buggy durante algumas horas.
A lagoa Azul e a lagoa do Paraíso são claramente divididas mas fazem parte da mesma lagoa, a Jijoca de Jericoacoara. Ambas têm águas límpidas e uma gradação de cor que vai do verde-claro da margem para um verde mais profundo e por fim azul. Mas vamos por partes.
A lagoa Azul é mais simples há um pequeno bar que vende cocos gelados, refrescos ou petiscos, uma espécie de pranchas/bancos de madeira que podem servir para saltar para a água ou apanhar sol, e ainda algumas cadeiras de plástico que podem estar dentro ou fora de água. É isto. Por seu turno, a lagoa do Paraíso é mais upscale. É preciso apanhar um barco que nos leva da margem para uma língua de areia com palmeiras, cadeiras e redes mesmo em cima da água (algumas feitas para que o corpo deitado fique meio dentro da água quente).