O negócio dos 50 melhores
Atenta à realidade brasileira, a Viniportugal, associação de promoção do vinho português em mercados prioritários, fez no Brasil o que tem vindo a fazer em Inglaterra: convidou dois jornalistas, o inglês Charles Metcalfe e o brasileiro Marcelo Coppelo, para que escolhessem os 50 melhores vinhos portugueses provados em 2010. Os jornalistas estiveram várias vezes em Portugal, com tudo pago, e apresentaram o ranking em São Paulo e no Rio de Janeiro. A iniciativa é louvável e teve o seu impacto, mas, desta vez, não saiu de graça aos produtores eleitos, que tiveram de pagar 760 euros mais IVA por cada um dos vinhos escolhidos ao jornalista brasileiro. O pretexto invocado pela Viniportugal para pedir o dinheiro aos produtores foi o lançamento no Brasil de uma brochura com os 50 vinhos escolhidos. Alguns produtores, poucos, recusaramse a pagar. Um deles foi Luís Pato, vice-presidente da própria Viniportugal. O que saiu não foi nenhuma brochura, mas sim uma revista que marca a estreia de um novo projecto editorial do jornalista brasileiro. Quem pagou teve direito a duas páginas, quem não pagou teve direito a meia página. Luís Pato prescindiu de qualquer espaço.
A revolução dos brancos
Nos últimos anos, a ideia de que Portugal é um país de vinho tinto tem vindo a desvanecerse.
O crescimento em volume, e, acima de tudo, em qualidade dos vinhos brancos nacionais é uma das boas notícias do sector.
Em 2010, chegaram ao mercado grandes vinhos brancos de quase todas as regiões. A Bairrada (Luís Pato, Bágeiras, Quinta do Encontro, Campolargo) confi rmou o seu grande potencial para a produção de brancos distintos e personalizados, o Alentejo continua a fazer vinhos muito bem adaptados ao mercado, as Beiras e Lisboa começam a explorar o trunfo da frescura e o Douro mostrou que também pode fazer brancos ao nível dos seus tintos.
Mas quem mais se distinguiu foram o Dão (Álvaro de Castro, Quinta dos Roques, Paço dos Cunhas de Santar, Cabriz, Quinta das Marias, Quinta dos Carvalhais) e os Vinhos Verdes (Soalheiro, Anselmo Mendes, Ameal, Casa de Cello, Afros). A primeira graças, sobretudo, ao Encruzado e a segunda ao Alvarinho e ao Loureiro. Três castas de qualidade mundial.
Conferência Internacional sobre os vinhos portugueses
No passado mês de Dezembro, a Viniportugal trouxe ao Porto alguns dos principais críticos e importadores de vinhos do mundo, a pretexto da primeira Wines Of Portugal International Conference.
Durante três dias, centenas de convidados, a maioria dos quais estrangeiros, puderam conhecer melhor o panorama actual dos vinhos nacionais. Uma grande acção de promoção e uma boa forma de terminar o ano.
O mito da Touriga Nacional
A ideia de concentrar grande parte da Wines Of Portugal International Conference na promoção da Touriga Nacional como casta bandeira do país poderá não ter dado os resultados esperados.
Da escolha do Top 10 de Touriga Nacional, salvo um ou outro vinho, resultou uma lista que não teria lugar num ranking dos 40 ou 50 melhores vinhos portugueses.