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Apontamentos de um ano que superou as expectativas

Por Pedro Garcias

O ano que passou foi de crise, mas não para os vinhos portugueses, que estão cada vez melhores. Pedro Garcias deixa-lhe aqui o seu balanço de 2010, com o melhor e o pior.

A excelência do vinho do Porto

Embora com dificuldades, o vinho do Porto vai resistindo às crescentes ameaças que pairam sobre os vinhos mais alcoólicos e tem vindo a amealhar prémios só ao alcance dos melhores do mundo. No início de 2010, o Dow's Porto Vintage 2007, do grupo Symington, foi classificado com 100 pontos (o máximo possível) pela revista Wine Spectator, a mais influente do sector, a par da Wine Advocate, de Robert Parker, o guru do sector. Nunca nenhum champanhe atingiu tal classificação.

Já no final do ano, o tawny Taylor's Scion, um vinho do Porto com 155 anos que é vendido a 2500 euros a garrafa, foi também pontuado com 100 pontos por Neil Martin, o provador de vinho do Porto para Robert Parker.

Sobretudo para as categorias especiais, 2010 revelou-se um grande ano. Para o vinho do Porto corrente, foi um ano de estagnação.

Podia ser pior.

Prémios e exportações em alta

O ano de 2010 foi muito bom para os vinhos de mesa portugueses.

Em termos de exportações, foi mesmo um dos melhores de sempre. O sector mostrou um grande dinamismo, apesar da crise financeira e económica mundial.

É verdade que o preço médio por litro ainda é relativamente baixo, mas a qualidade geral tem vindo a aumentar de forma significativa, o que explica as inúmeras distinções internacionais conseguidas em 2010. Dezenas de vinhos nacionais obtiveram mais de 90 pontos nas avaliações das principais revistas do sector: Wine Spectator, Wine Advocate, Decanter, Wine Enthusiast e Wine & Spirits. Mais uma vez, a região do Douro voltou a ser a mais premiada, com os vinhos dos Douro Boys (Crasto, Niepoort, Vallado e Vale Meão) à cabeça.

Mas os maiores elogios vão para o espumante Vértice Gouveio Bruto 2004, que obteve 90 pontos da Wine Avocate (uma das maiores pontuações de sempre atribuídas a um espumante português), e para o tinto CARM Reserva 2007, que foi eleito o 9º melhor vinho de 2010 pela Wine Spectator.

Wines of Portugal, umbrela contra o desconhecimento

Mais vale tarde do que nunca. O lançamento, a meio do ano passado, da marca Wines Of Portugal-A world of difference foi uma boa notícia e pode ajudar a melhorar a notoriedade do país. Apesar de ser o berço do vinho do Porto e do Madeira, dois dos melhores vinhos do mundo, Portugal continua a ser "desconhecido" como produtor de vinhos de qualidade. Associar o país a uma cultura vinícola secular e à diversidade de castas, vinhos e paisagens vitícolas é a aposta certa.

Num tempo em que começa a ser tudo igual, vender a diferença e a originalidade pode ser um grande trunfo.

O motor do Brasil

O Brasil, que em poucos anos pode transformar-se na quinta potência económica mundial, está a tornar-se num grande mercado para os vinhos portugueses. Apesar das elevadas taxas alfandegárias, as vendas de vinho, de mesa e do Porto, aumentaram de forma acentuada em 2010. A classe média brasileira não pára de crescer e os brasileiros ricos são mesmo muito ricos e não se importam de pagar fortunas por grandes vinhos. A ligação afectiva a Portugal também ajuda.

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